domingo, 3 de maio de 2015

Aceitarás o amor como eu o encaro?

...Azul bem leve, um nimbo, suavemente 
Guarda-te a imagem, como um anteparo 
Contra estes móveis de banal presente. 
Tudo o que há de melhor e de mais raro 

Vive em teu corpo nu de adolescente, 
A perna assim jogada e o braço, o claro 
Olhar preso no meu, perdidamente. 

Não exijas mais nada. Não desejo 
Também mais nada, só te olhar, enquanto 
A realidade é simples, e isto apenas. 

Que grandeza... a evasão total do pejo 
Que nasce das imperfeições. O encanto 
Que nasce das adorações serenas.



Mário de Andrade

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