quarta-feira, 11 de junho de 2014

O país da "Sabidoria"

Quem reparou na palavra já entendeu. Tudo o que disser aqui, vocês já sabem. O título poderia ser "o país dos sabidos", a mesma coisa.

O sabido vê a vida como um jogo, com disputa, rivalidade e vantagens (e não vitórias). É esperto, sabe que existem caminhos informais e que eles são cheios de atalhos. Ele se dedica a tirar proveito, com requinte ou sem requinte, porque a sabidoria tem praticantes em todas as classes sociais.
 
 
Há sabidos sabidos, como os doleiros presos, e mais ainda os que estão soltos. E sabidos vulgares. Elegantes e toscos. Inteligentes e não. Mas todos têm algo em comum: a busca da oportunidade para levar a melhor.

Eu diria que hoje a porcentagem de sabidos na sociedade civil deve andar perto dos 50 %. Não sei o que acontecerá quando se superar essa barreira e a sabidagem for maioria em toda a população.
 
O sabido vive uma peculiar combinação de falta de fé e falta de escrúpulos. Alia a descrença na concórdia com o individualismo exarcerbado que hoje domina o mundo. Cria uma lei paralela e segue o que lhe for mais fácil.

Uma boa medida para estimar a proporção dos sabidos é observar o comportamento dos motoristas no trânsito. A consequência da sabidoria também é fácil de medir pelo espantoso número de pessoas que todos os anos morrem em acidentes de trânsito: Mais de cem a cada dia!

Os sabidos terão chefe, mas não governo, pois vicejam na anarquia; eles não são seres solidários: são individuais. Recentemente, com a própria explosão numérica dos sabidos ocorreu uma evolução nos modos, que permitiu o uso da desfaçatez em sua plenitude. Os superfaturamentos parecem flagrantes. Há sabidos por toda parte.

A burocracia está infiltradíssima de sabidos. E para cada um deles há um sabido privado, parceiro ou mandante. O perigo que vejo é que o homem normal está formando o pensamento de que as leis não contam, de que é cada um por si, de que vale tudo.

Onde quer que se vendam favores há compradoers. Que acontecerá quando os sabidos forem maioria? Indignai-vos! Entortai os caminhos!. O reino dos sabidos está por vir!


José Viegas, embaixador aposentado, é ex-ministro da Defesa

Um comentário:

Jairo Alves disse...

O problema dos "sabidos" e das Sabidorias" hoje, está no individualismo exacerbado, concordo sim. Porque as pessoas estão "aprontando" respostas e planejando "pensamentos" únicos que eles mesmos se perguntem e ao mesmo tempo responda sem necessitar do próximo. Isso faz com quer fiquemos mais egoístas, individualistas e oportunistas. Mas o que leva o homem moderno a ter esse ponto de linha? Na minha opinião estão encravadas duas modalidades: uma é a fonte destruidora do homem moderno: o capitalismo. A outra a inexistência, a falta do cumprir, " dever saber modificar", a incoerência aplicada na Lei, na Constituição dividindo Classes e Ministérios, imputando-nos, desde o agricultor aos Deputados,(hoje os piores bandidos que existem em massa em nosso País), e, que fazem por si suas "brechas", suas "ações as esquerdas", as escuras", em fim: todas as causas, negócios, projetos, benefícios e vários setores sociais, estamos aptos, de corretivo na mão para, se não for do jeito que queremos, só é passar o corretivo e deixar do jeito que eu quero. O lema do cidadão brasileiro para os anos vindouros é este: Eu mato, roubo, abuso,eu altero, eu burlo, eu modifico. Eu quem comando, o resto que me acompanhe. Não temos Lei. Não temos Ministério Publico para denunciar, não existe Governador eficiente, ninguém quer mais respeitar fulano, cicrano, a besta careta. Então, quem manda somos nós mesmo e acabou-se. Afinal de contas eu sou SADIBO, porque possuo SABIDURIA. Obrigado.