sábado, 14 de junho de 2014

É possível estabelecer relação entre a prática psicanalítica e o trabalho do detetive?

Os dois possuem como ponto de partida a recusa do dado, aquilo que se apresenta como verdadeiro porque tido como evidência sensível, como certeza. Mas o dado sensível é uma ilusão. Todo dado já é um constructo. Daí, toda certeza sensível ser ilusória.

O psicanalista e o detetive, e eu também incluiria aqui a figura do filósofo, empreendem a busca de uma verdade que está para além do dado imediato. São práticas da suspeita. Mas, enquanto os conceitos científicos são feitos de idéias claras e distintas, os signos psicanalíticos são compostos de obscuridade, ocultamento, tropeços, falhas, esquecimentos. A ciência trabalha na plena luz das suas ideias; a psicanálise, nas sombras e obscuridades do desejo.



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