segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Jobim descarta enviar tropas para proteger embaixada em Honduras


O ministro de Defesa, Nelson Jobim, descartou nesta segunda-feira a possibilidade de enviar força militar brasileira para defender a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, que está sob um forte cerco militar hondurenho há uma semana, devido ao abrigo dado para Manuel Zelaya, o presidente deposto de Honduras.

"Isso não é possível. Não podemos entrar com força em país estrangeiro. A não ser que declaremos guerra, o que é inviável. A solução é exclusivamente diplomática", disse, após participar da abertura da Conferência Internacional Nuclear no Rio de Janeiro.

De acordo com o ministro, a solução para o impasse criado pela presença de Zelaya no país --onde é considerado foragido da Justiça-- será negociada exclusivamente pelo Ministério de Relações Exteriores.

Jobim disse acreditar que o governo hondurenho não fará nenhum impedimento à saída de brasileiros do país. Segundo ele, os hondurenhos terão "a lucidez de determinar a saída de brasileiros" sem fazer uso de força.

"Não há nenhuma possibilidade de se pensar em movimentos armados. só damos proteção a embaixadas em dois lugares do mundo [Sudão e Congo], onde há autorização dos governos locais, em função da instabilidade política."

Zelaya foi deposto em um golpe de Estado orquestrado pelo Congresso, Suprema Corte e Exército e retornou ao país, em segredo, no último dia 21. Desde então, ele está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, sob forte cerco policial e pedidos reiterados para que se entregue à Justiça hondurenha para enfrentar acusações de violação à Constituição.

Na noite deste domingo (27), o governo interino hondurenho pediu ao Brasil que não permita que a embaixada seja usada para estimular uma insurreição e deu prazo de dez dias para o status de Zelaya ser definido. 'Senão, seremos obrigados a tomar medidas adicionais', disse o governo, em comunicado. O texto não afirma quais seriam essas medidas.

O ultimato pedia que o Brasil decidisse se daria asilo político a Zelaya; se abriria caminho para que ele deixasse o país; ou se o entregaria à Justiça hondurenha.

Em Isla Margarita (Venezuela), onde foi a uma reunião de cúpula de países sul-americanos e africanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não aceita "ultimato de um golpista" e que o país "não tem o que conversar com esses senhores que usurparam o poder". Zelaya, segundo repetiu Lula, é um 'hóspede' do Brasil, sem prazo para ir embora.

'Obviamente, se o Zelaya extrapolar, nós vamos falar a ele que não é politicamente correto ficar utilizando a embaixada para fazer incitação a qualquer coisa além do espaço democrático que estamos dando a ele', disse.


Fonte; folha on line

Nenhum comentário: