segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Brasil, um país independente?


Como professor de História, sou levado a questionar a celebração do Sete de Setembro. Não me acusem de ser antipatriota, pelo contrário, amo o meu País. Mas, não posso conceber que o Grito do Ipiranga promovido pelo príncipe regente de Portugal, D. Pedro, possa ter levado a total emancipação do Brasil.

O fato é que inúmeros fatores levaram ao lusitano a proclamar a nossa independência em 1822. Mas, nenhuma delas motivadas pelo sentimento nativista. D. Pedro era absolutista (perdoem-me os monarquistas de plantão), mesmo manifestando o desejo de convocar uma Assembléia Constituinte, ele mostrou que era autoritário ao impor a Carta de 1824 que criou o famigerado Poder Moderador, que rompia totalmente com os conceitos de Montesquieu e de outros pensadores iluministas.

Em segundo lugar, a Revolução Liberal do Porto em 1820 ameaçou a permanência dos Braganças no trono lusitano, tanto que D. João VI, ao embarcar de volta para Lisboa, orientou o filho para que promovesse o rompimento entre o Brasil e Portugal afim de que mantesse pelo menos um Bragança como soberano " É melhor que fiques com tu do que com eles".

Portugal já tinha perdido o controle sobre o Brasil desde a invasão napoleônica às terras lusitanas, quando a Inglaterra obrigou a D. João a escolher entre a obediência ao Bloqueio Continental, imposto pela França, ou ao apoio ao esforço britânico na luta contra Napoleão. Com a adesão feita por D. João, a Marinha Britânica garantiu a vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil com segurança, mas isso custou a abertura dos portos as nações amigas, leia-se Inglaterra, e consequente rompimento do Pacto Colonial.

Mudamos apenas de dono: sai Portugal, entra a Inglaterra. E hoje, são os Estados Unidos com a sua política neoliberal, que mantém a nossa dependência geoeconômica.


O fato é que ainda estamos lutando para sermos, verdadeiramente, uma nação livre. Para isso, temos que amadurecer as instituições democráticas, temos que valorizar o poder do voto consciente, temos fortalecer a nossa representação diplomática junto aos países e organizações multilaterais. Não podemos abaixar nossa cabeça diante dos interesses estrangeiros. Temos que defender, arduamente, os interesses nacionais.


Só assim seremos respeitados. Só assim seremos independentes. E aí sim, o 07 de Setembro fará sentido.


Márcio Vinícius Frazão


Fonte:

Um comentário:

Unknown disse...

A INDEPENDÊNCIA NÃO É UM QUADRO NA PAREDE OU UM GRITO DADO NO PASSADO. A INDEPENDÊNCIA NÃO É ALGO ACABADO... É ALGO QUE TEMOS QUE CONQUISTAR TODOS OS DIAS !!!