O que será o homem do século 21? Refiro-me a gênero, e não à espécie. Mais especificamente ao homem heterossexual. Aquele que as mulheres procuram, mas não acham mais à mão. O homem heterossexual é capaz de vida inteligente? Ou só pensa em comer a mulherada?
Minha hipótese é que,
à medida que ele ficar mais "inteligente", menos ele se interessará
em comer a mulherada. Mais ele ficará interessado em si mesmo. Mesmo porque a
mulherada está bem fácil de comer. Mais ele se perguntará, de fato: "O que
eu quero pra minha vida?". Isso em vários momentos da vida.
Essa pergunta
masculina terá um efeito tão violento na cultura quanto a emancipação feminina.
Casamentos acabarão. Filhos desaparecerão. O mercado de trabalho sofrerá com
decisões masculinas que afastarão os homens de carreiras corporativas e os
aproximarão de trabalhos com mais sentido e menos estresse.
A
"opressão" sobre o homem heterossexual vai acabar e, quando isso
acontecer, as meninas ficarão bem perdidas em suas certezas desde os anos 1960
do século 20.
Essa pergunta
masculina acerca do que ele de fato quer na vida empurrará as meninas para a
experimentação lésbica por puro desespero. A conta afetiva do sofrimento
masculino com a emancipação feminina finalmente chegou. E será cara. Quem
continuar a encher o saco achando que tudo é "culpa do
patriarcalismo" será identificada em locais públicos como responsável pelo
fracasso da reprodução da espécie.
Eu sei que existe
aquela piada sobre como é impossível satisfazer uma mulher e como é simples
satisfazer um homem. Basta trazer uma cerveja e vir pelada. Lamento dizer, mas
isso nunca foi verdade. Melhor se ela vier vestida de executiva de sucesso com
saia justa. Ou vier vestida de enfermeira ou comissária de bordo. Ou, no
mínimo, de calcinha e salto alto. Um batom vermelho na boca para ser borrado.
Sim, vai ficar
difícil entender nós outros. Difícil também porque o feminismo histérico
(aquele que entra embaixo dos lençóis) fez da histeria laço social. E muitos
psicanalistas tontos olham e não sabem mais reconhecer a histeria quando a ela
diz "bom dia, estou aqui na sua cara!".
A emancipação
feminina e a histeria (que não são necessariamente a mesma coisa) como laço social
obrigaram ao homem a se "mexer". Ele agora é obrigado a assumir
vocabulários subjetivos (em homenagem a moçada que curte o Richard Rorty),
antes privilégio (ou maldição) do mundo feminino. O homem evoluiu (sim, sou
darwinista) num ambiente mais objetivo de caça, mais violento, com menos
possibilidade de conversa.
Daí ele ser, na
maioria dos casos, mais silencioso e travado.
As meninas terão que
se esforçar um pouco mais para conseguir um espécime que ache que elas valem
algum investimento. Afora aqueles que simplesmente ficarão meio
"frouxinhos", sem saber se aderem ou não à moda trans, querendo ser
mais feministas do que a pior das feministas (não tem coisa mais chata do que
homem feminista...), incapazes de tomar alguma atitude, inseguros, que tremem
diante da possibilidade de que alguém os chame de "machistas", tem
também os babacas de sempre que ainda não entenderam que as meninas estão mais
bravas hoje em dia.
Na "ponta das
meninas", o fato é que elas estão meio fálicas. E não existe coisa mais
chata do que uma mina fálica. A espécie seguramente acabará pelas mãos de um
"casal" em que ele será um feminista e ela uma fálica. Deus dirá:
"De fato devo sair do mercado criativo, deu errado meu projeto, talvez
investir de novo nos dinossauros?".
Existe também a
possibilidade (e muitos têm feito isso no Ocidente) de buscar opções mais ao
leste da Europa. Uma mina de minas mais doces, carinhosas (além de
maravilhosamente lindas), afetivas e atenciosas, ainda não estragadas pelo
capitalismo e sua histeria fálica.
A mulher do século 21
que quiser um homem inteligente para ela terá que reaprender a relaxá-lo, ao
invés de simplesmente acusá-lo de ser "opressor". Menos histeria e
mais generosidade. Menos cobrança e mais cuidado. A mulher livre exige respeito,
o homem livre exigirá doçura.
Luiz Felipe Pondé
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2017/01/1852234-a-conta-do-sofrimento-masculino-com-a-emancipacao-feminina-chegou.shtml.
Acesso em: 24 janeiro 2017.)
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