Cientistas ingleses afirmaram que já é possível fazer transplantes
de rosto.
É isso mesmo. Eu li a notícia numa dessas revistas de ciências, no consultório do meu médico A ideia dos cientistas é retirar a pele do semblante de um doador e reimplantá-la em outra pessoa. Afinal, eles dizem, a pele é apenas mais um órgão humano e, se já é possível fazer transplantes seguros até do coração, que é muito mais complicado, por que não da pele?
Eu fiquei abismado. Primeiro que eu nem sabia que a pele era considerada um órgão.Segundo que essa operação oferece possibilidades que beiram a ficção científica.
É, porque, embora os tais cientistas ingleses afirmem que a intenção deles é apenas recuperar pessoas desfiguradas por queimaduras, eu duvido muito que a coisa vá ficar por aí.
Você agora pode mudar de cara, entende? Quem sabe se, daqui alguns anos, a gente não vai poder escolher novas feições numa clínica ou até mesmo num supermercado ou num shopping?
A maioria das pessoas com quem comentei a notícia ficou entusiasmada. Afinal, quase ninguém é muito feliz com a cara que tem. Um reclama do nariz mais protuberante. A outra, de suas orelhas de abano. Um terceiro que tem muitas espinhas. Todo mundo quer mudar de cara.
Apenas um dos meus amigos não gostou muito da ideia. E com uma certa dose de razão.
— Eu é que não troco a minha cara. Apesar de feia, com essa pelo menos eu já estou acostumado.E, mesmo se fosse para trocar, eu ia querer a cara de quem? É uma pergunta interessante. A cara de quem você gostaria de ter? Do Silvester Stallone? Não. Acho que eu prefiro alguma coisa um pouco mais intelectual, Talvez do Woody Alien. Não, também não. Eu nunca fiquei bem de óculos. Do Tom Cruise? Não. As fãs não iam me deixar em paz. Do BilI Gates? Bem, só se, junto com a cara, viesse também seu saldo bancário. A verdade é que é muito difícil escolher uma nova cara.
— E tem outra— continuou meu amigo—, já imaginou ter a cara de outro homem ali, o tempo todo, encostadinha em você? Cai fora, sô...
Mas é claro que, apesar das dificuldades, muitas pessoas iam acabar aderindo aos transplantes de rosto. Umas por vaidade. Outras só porque é moda. E muitas por razões que a gente menos imagina.
— Mãe? Mas que cara é essa???
— Eu troquei de cara, filho.
— Mas... é a senhora mesmo?
— É claro que sou eu, meu filho.
— Mas essa cara, mãe, essa é a cara da... da...
— Joana Prado, filho, eu sei.
— Mas logo da Feiticeira, mãe! Não tinha outra cara pra você colocar?
— Pois é, filho. É que eu quis fazer uma surpresa pro seu pai. Pro meu pai?!
— É. Ele sempre vivia falando dessa Feiticeira pra cá, Feiticeira pra lá. E eu quis fazer uma surpresa pra ele e coloquei a cara dela.
— Puxa vida, mãe... Mas... e o pai gostou?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
É isso mesmo. Eu li a notícia numa dessas revistas de ciências, no consultório do meu médico A ideia dos cientistas é retirar a pele do semblante de um doador e reimplantá-la em outra pessoa. Afinal, eles dizem, a pele é apenas mais um órgão humano e, se já é possível fazer transplantes seguros até do coração, que é muito mais complicado, por que não da pele?
Eu fiquei abismado. Primeiro que eu nem sabia que a pele era considerada um órgão.Segundo que essa operação oferece possibilidades que beiram a ficção científica.
É, porque, embora os tais cientistas ingleses afirmem que a intenção deles é apenas recuperar pessoas desfiguradas por queimaduras, eu duvido muito que a coisa vá ficar por aí.
Você agora pode mudar de cara, entende? Quem sabe se, daqui alguns anos, a gente não vai poder escolher novas feições numa clínica ou até mesmo num supermercado ou num shopping?
A maioria das pessoas com quem comentei a notícia ficou entusiasmada. Afinal, quase ninguém é muito feliz com a cara que tem. Um reclama do nariz mais protuberante. A outra, de suas orelhas de abano. Um terceiro que tem muitas espinhas. Todo mundo quer mudar de cara.
Apenas um dos meus amigos não gostou muito da ideia. E com uma certa dose de razão.
— Eu é que não troco a minha cara. Apesar de feia, com essa pelo menos eu já estou acostumado.E, mesmo se fosse para trocar, eu ia querer a cara de quem? É uma pergunta interessante. A cara de quem você gostaria de ter? Do Silvester Stallone? Não. Acho que eu prefiro alguma coisa um pouco mais intelectual, Talvez do Woody Alien. Não, também não. Eu nunca fiquei bem de óculos. Do Tom Cruise? Não. As fãs não iam me deixar em paz. Do BilI Gates? Bem, só se, junto com a cara, viesse também seu saldo bancário. A verdade é que é muito difícil escolher uma nova cara.
— E tem outra— continuou meu amigo—, já imaginou ter a cara de outro homem ali, o tempo todo, encostadinha em você? Cai fora, sô...
Mas é claro que, apesar das dificuldades, muitas pessoas iam acabar aderindo aos transplantes de rosto. Umas por vaidade. Outras só porque é moda. E muitas por razões que a gente menos imagina.
— Mãe? Mas que cara é essa???
— Eu troquei de cara, filho.
— Mas... é a senhora mesmo?
— É claro que sou eu, meu filho.
— Mas essa cara, mãe, essa é a cara da... da...
— Joana Prado, filho, eu sei.
— Mas logo da Feiticeira, mãe! Não tinha outra cara pra você colocar?
— Pois é, filho. É que eu quis fazer uma surpresa pro seu pai. Pro meu pai?!
— É. Ele sempre vivia falando dessa Feiticeira pra cá, Feiticeira pra lá. E eu quis fazer uma surpresa pra ele e coloquei a cara dela.
— Puxa vida, mãe... Mas... e o pai gostou?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
Artur de Carvalho
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