Durante quatro meses, pessoas aparentemente normais dançaram até a morte
Quem curte sair à noite pode até ter tentado se acabar em uma pista,
dançando até o amanhecer. Mas, provavelmente, estas pessoas nunca
alcançarão o nível dos habitantes da cidade francesa de Estrasburgo, que
dançaram até a morte, no século 16 — note que “morte” aqui não é força
de expressão, as pessoas realmente morreram.
Um vídeo recente da BBC tenta explicar este que é um dos episódios mais estranhos e inexplicáveis da história: a epidemia de dança de 1518.
O caso começou quando a moradora Frau Troffea começou a dançar sozinha e
sem música no meio da rua. À princípio, ela foi encorajada por palmas e
gritos, mas não demorou muito para perceberem que havia alguma coisa
errada. Troffea não parava de dançar. E continuou com os movimentos ritimícos durante seis dias. Mas a coisa não parou por aí.
O comportamento bizarro começou
a se espalhar e, em uma semana, 34 pessoas estavam dançando também. Em
um mês, o número chegou a 400 pessoas. E nada fazia com que elas
parassem de dançar, nem mesmo a morte de alguns por exaustão ou ataques
do coração. Um jornal da época informou que 15 pessoas chegavam a morrer
por dia.
Os médicos e astrônomos (!) a época concluíram que a epidemia era uma doença natural, causada por “sangue quente”.
Os habitantes saudáveis construíram palcos e levaram músicos ao local,
pensando que a crise cessaria se fosse estimulada. A ideia se mostrou
uma tragédia quando perceberam que mais pessoas se sentiam convidadas a
se juntar aos dançarinos, aumentando a epidemia.
Depois de quatro meses
de dança ininterrupta e várias mortes, a epidemia parou de repente (da
mesma forma que começou). E as pessoas retornaram a sua vida normal.
Durante séculos, especialistas discutiram se a epidemia era uma doença real ou um fenômeno social. As evidências acabaram apontando que a epidemia era uma espécie de contágio cultural,
que atinge populações que passam por extrema dificuldade, fazendo com
que elas queiram dançar até perder a cabeça. O evento se repetiu em mais
algumas cidades ao longo dos anos, mas os estudiosos ainda não
conseguiram entender com toda a certeza o que de fato aconteceu.
Revista Galileu
Gravura de Henricus Hondius retratando três mulheres acometidas pela praga. (Foto: Henricus Hondius)
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