quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A linguagem realista de Fiódor Dostoiévski

O escritor, filósofo e jornalista russo, é considerado um dos maiores romancistas da história e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos. Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura russa, tido como fundador do Realismo – uma corrente contrária ao idealismo da literatura romântica.

Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem e seu pai, o médico Mikhail Dostoievski, foi assassinato pelos próprios colonos de sua propriedade rural em Daravoi, que o julgavam autoritário. Esse fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivou o polêmico artigo de Freud: “Dostoiévski e o Parricídio”. Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético, teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado. Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac (Eugénie Grandet). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance, “Gente Pobre”, que foi bem recebido pelo público e pela crítica.

Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no livro “Recordações da Casa dos Mortos” e em “Memórias do Subsolo”.

Publicou também contos e novelas. Criou duas revistas literárias e ainda colaborou nos principais órgãos da imprensa russa. Seu reconhecimento definitivo como escritor universal surgiu somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: “O Idiota” e “Crime e Castigo”. Seu último romance, “Os Irmãos Karamazov”, é considerado por Freud como o maior romance já escrito.

Em suas obras tratou de temas como comportamentos patológicos, grandes tragédias humanas, situação social, pobreza e cotidiano da sociedade da segunda metade do século XIX. Segundo o escritor “Sofrer e chorar significa viver”. 


Primeiro romance de Dostoiévski, Gente pobre (1846) não é apenas um prenúncio do que o autor de Crime e castigo faria no futuro. Nele já se encontra um escritor com domínio pleno do seu ofício, a ponto de Bielínski, principal crítico da época, ver na obra “mistérios e caracteres da Rússia com os quais ninguém até então havia sequer sonhado” e “a primeira tentativa de se fazer um romance social” no país. Partindo das experiências de Púchkin, em “O chefe da estação”, e Gógol, em “O capote”, que deram ao homem comum uma nova roupagem literária, Dostoiévski criou uma narrativa epistolar que subverteu o gênero por completo e foi imediatamente aclamada pelo público, fazendo de seu autor, praticamente da noite para o dia, um escritor consagrado.


Colocado pela Crítica entre os romances mais notáveis de Dostoiévski, Humilhados e Ofendidos é um retrato contundente e profundo da vida nas grandes cidades. Escrito para ser publicado em jornal, sua narrativa ágil atrai o leitor do começo ao fim, envolvendo-o em uma atmosfera de grande tensão psicológica. A história, que tem como principais personagens uma família empobrecida, um príncipe e um escritor, mostra como a fortuna e o poder, aliados à argúcia, podem dominar completamente as relações humanas.


Escrito na cabeceira de morte de sua primeira mulher, numa situação de aguda necessidade financeira, Memórias do subsolo condensa um dos momentos mais importantes da literatura ocidental, reunindo vários temas que reaparecerão mais tarde nos últimos grandes romances do escritor russo. Aqui ressoa a voz do homem do subsolo, o personagem-narrador que, à força de paradoxos, investe ferozmente contra tudo e contra todos – contra a ciência e contra a superstição, contra o progresso e contra o atraso, contra a razão e a desrazão -; mas investe, acima de tudo, contra o solo da própria consciência, criando uma narrativa ímpar, de altíssima voltagem poética, que se afirma e se nega a si mesma sucessivamente. Não é por acaso que muitos acabaram vendo neste livro uma prefiguração das idéias de Freud acerca do inconsciente. O próprio Nietzsche, ao lê-lo pela primeira vez, escreveu a um amigo – “A voz do sangue (como denominá-lo de outro modo?) fez-se ouvir de imediato e minha alegria não teve limites”.


Publicado em 1860, ‘Crime e Castigo’ é a obra mais célebre de Dostoievski. Neste livro, Raskólnikov, um jovem estudante, pobre e desesperado, perambula pelas ruas de São Petersburgo até cometer um crime que tentará justificar por uma teoria – grandes homens, como César ou Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História. Este ato desencadeia uma narrativa labiríntica que arrasta o leitor por becos, tabernas e pequenos cômodos, povoados de personagens que lutam para preservar sua dignidade contra as várias formas da tirania.

O Jogador é uma narrativa de forte e avassaladora tensão, em que os desmandos da alma humana vêm retratados com espantosa profundidade psicológica. Dostoiévski conta a história atormentada de Aleksei Ivanovitch, um jovem que, atraído pelo jogo, arrisca o próprio destino, incapaz de resistir ao fascínio da roleta.



Esta obra prima de Dostoiévski narra o destino do príncipe Michkin – um homem destituído de qualquer maldade – que se vê atraído pela bela e contraditória Natascha Filipovna. Um dos grandes romances de todos os tempos, em que cada nuance do enredo parece espelhar o drama da condição humana, em dúvida entre o bem e o mal, o desejo e a renúncia, o altruísmo e o apego profundo de si.



Último romance de Fiódor Dostoiévski, ‘Os irmãos Karamázov’ representa uma síntese de toda sua produção e é tido por muitos como sua obra-prima. O livro chega agora ao público brasileiro em tradução direta do russo.

Fonte aqui

Nenhum comentário: