Existe quem diga que as lindas sereias
São fatos, são lendas que nunca existiram
Mas esses só dizem porque nunca viram
Morenas bonitas nas alvas areias
Maiôs sungadinhos, perninhas bem cheias
Que um frade de pedra não vê sem corar
As pontas agudas roliças de um par
De seios pulando num colo maciço
São pomos formados de puro feitiço
Quem é que resiste na beira do mar.
Dimas Batista
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Bebi muita água de pote
Aparada na biqueira
Envolta um pano molhado
Num gancho”véi”de aroeira
Era muito mais gostosa
Que água de geladeira.
Marcondes Tavares
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Assim que fecha a contagem
Tem candidato que diz:
– O filho de Zé Luiz
Não tá na minha listagem.
Como é que teve a coragem
De apertar minha mão,
Pedir chuteira e calção
E o voto não aparece.
Só comigo isso acontece
Quando acaba a apuração.
Tem candidato que diz:
– O filho de Zé Luiz
Não tá na minha listagem.
Como é que teve a coragem
De apertar minha mão,
Pedir chuteira e calção
E o voto não aparece.
Só comigo isso acontece
Quando acaba a apuração.
Aquele que se elegeu
Bota o som em toda altura
Abalando a estrutura
Daquele que não venceu.
E o infeliz que perdeu
Fica na decepção
Sofrendo do coração
Com cara de estressado.
E ainda fica quebrado
Quando acaba a apuração.
Bota o som em toda altura
Abalando a estrutura
Daquele que não venceu.
E o infeliz que perdeu
Fica na decepção
Sofrendo do coração
Com cara de estressado.
E ainda fica quebrado
Quando acaba a apuração.
O candidato arrasado
Um gozador lhe aborda
Vai logo falando em corda
Em casa de enforcado.
O infeliz derrotado
Com a listagem na mão
Soma seção por seção
Pra confirmar o tormento.
É esse o pior momento
Quando acaba a apuração.
Um gozador lhe aborda
Vai logo falando em corda
Em casa de enforcado.
O infeliz derrotado
Com a listagem na mão
Soma seção por seção
Pra confirmar o tormento.
É esse o pior momento
Quando acaba a apuração.
É o maior carnaval
Na casa do vencedor,
Na casa do perdedor
Uma tristeza total.
Chega um cabo eleitoral
Com uma conta na mão,
De bebida e refeição
Consumida pelo povo.
E não sobra nem um ovo
Quando acaba a apuração.
Na casa do vencedor,
Na casa do perdedor
Uma tristeza total.
Chega um cabo eleitoral
Com uma conta na mão,
De bebida e refeição
Consumida pelo povo.
E não sobra nem um ovo
Quando acaba a apuração.
Mundim do Vale
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Lourival Batista um
dos maiores repentistas da época, considerado o rei do trocadilho, cantava com
João Furiba em Afogados da Ingazeira/PE criticou Furiba porque se fazia
acompanhar de sua esposa, terminando uma estância:
“Não gosto do homem
que anda
Com a mulher por toda sua.”
A resposta do João
Mentira foi extraordinária, que eu
o coloco entre os gênios do repente.
“Pra não fazer como a
tua
Que fica em casa sozinha,
Entra homem pela sala,
Sai homem pela cozinha,
Eu como sou desconfiado
Pra onde vou, levo a minha.”
Ivanildo Vila Nova
herdara do pai José Faustino e era um verdadeiro assombro para os repentistas
da região. Seu verso, às vezes, era massacrante contra adversários. Enfrentando
João Furiba o desafiou:
“Já estou ficando
velho
De dar em cantor ruim.”
Furiba rápido como um
relâmpago, sapecou:
“Teu pai também era
assim
E se dizia professor,
Tudo que lia
decorava,
Usava anel de doutor,
Cantou trinta e cinco anos,
Morreu sem ser cantador.”
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