sexta-feira, 26 de junho de 2015

Dolorosas injeções de insulina podem se tornar uma coisa do passado para os milhões de pessoas que sofrem de diabetes, graças a uma invenção de pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (UNC, na sigla em inglês), que criaram um “dispositivo inteligente de insulina” que detecta o aumento nos níveis de açúcar no sangue e secreta doses de insulina na corrente sanguínea quando necessário.

O estudo, que está publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (Pnas), considerou que o dispositivo indolor reduziu a glicose no sangue de camundongos com diabetes tipo 1 por até nove horas. Testes em seres humanos serão necessários antes que o dispositivo possa ser administrado em doentes, mas a abordagem mostra uma grande promessa, segundo o pesquisador.


A novidade — um quadrado fino do tamanho de uma moeda de um centavo — é coberto com mais de cem agulhas minúsculas, cada uma do tamanho de um cílio. Estas microagulhas são cobertas com unidades microscópicas de insulina e enzimas com sensor de glicose que rapidamente liberam seu conteúdo quando os níveis de açúcar no sangue ficam muito altos.

— Nós projetamos um dispositivo para diabetes que trabalha rápido, é fácil de usar, e é feito de materiais biocompatíveis, não tóxicos — disse o coautor sênior Gu Zhen,professor do Departamento de Engenharia Biomédica da UNC. — Todo o sistema pode ser personalizado para dar conta do peso de um diabético e sua sensibilidade à insulina. Por isso, queremos deixar o dispositivo ainda mais inteligente.

Diabetes afeta mais de 387 milhões de pessoas em todo o mundo, e esse número deve crescer para 592 milhões até 2035. Os pacientes com diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2 avançado tentam manter os níveis de açúcar no sangue sob controle com frequentes picadas no dedo e repetidas injeções de insulina, um processo doloroso e impreciso.


— Injetar a quantidade errada de medicamentos pode levar a complicações significativas, como cegueira e amputações de membros, ou consequências ainda mais desastrosas: como comas diabéticos e morte — disse John Buse, diretor do Centro de Cuidados à Diabetes da UNC Diabetes.

Pesquisadores já tentaram remover a possibilidade de erro humano através da criação de “sistemas de circuito fechado” que ligam diretamente os dispositivos que controlam o açúcar no sangue e administram a insulina. No entanto, estas abordagens envolvem sensores e bombas mecânicas, com catéteres com ponta de agulha que têm que ser presos sob a pele e substituídos frequentemente.

Em vez de inventar outro sistema completamente sintético, Zhen e seus colegas escolheram emular geradores de insulina naturais do corpo conhecidos como células beta. Essas células versáteis atuam tanto como fábricas quanto como armazéns, fazem e armazenam a insulina em pequenos sacos chamados vesículas. Elas também detectam aumento nos níveis de açúcar no sangue e sinalizam a liberação de insulina na corrente sanguínea.

— Nós construímos vesículas artificiais para executar estas mesmas funções usando dois materiais que poderiam facilmente ser encontrados na natureza — disse Jiching Yu, estudante de doutorado no laboratório de Gu.

O primeiro equipamento foi o ácido hialurônico ou HA, substância natural que é um ingrediente de muitos cosméticos. A segunda foi o 2-nitroimidazol ou NI, um composto orgânico utilizado em diagnósticos. Os pesquisadores ligaram os dois para criar uma nova molécula, com uma extremidade que era hidrófila e outra que era hidrofóbica.



O Globo


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