Luzes podem aliviar dores e inflamações? Sim e, por mais estranho que pareça em princípio, isso não tem nada de esotérico ou sobrenatural. Isso é Ciência avançada. Mais especificamente, Física Médica.
Essa é a especialidade do cearense Marcelo Sousa, físico formado pela Universidade Federal do Ceará. Durante seu período de graduação, concluído aos 20 anos, ele não sabia o que ia fazer com tanta teoria e pouca prática. Até que resolveu abandonar um posto de professor substituto naquela mesma universidade e seguir para o Mestrado na Universidade de São Paulo, porque viu na física aplicada à medicina um caminho fascinante para finalmente ver seus estudos de forma materializada. Foi também na USP onde o cientista iniciou seu Doutorado, onde parte dele foi cursada na prestigiada Universidade de Harvard, em Cambridge, Estados Unidos.
“Sou cearense e isso define muito minha vida. O local onde nasci e cresci tem uma influência muito forte na minha história.”
Mas como a luz pode aliviar a dor? O processo é complexo, mas o princípio é relativamente simples. Essas luzes especiais atravessam os tecidos biológicos até serem absorvidas no interior dos neurônios pelas mitocôndrias. Nesse local, a luz otimiza o Ciclo de Krebs, responsável pela nossa produção metabólica, o que acaba aumentando a produção de ATP (trifosfato de adenosina, ou seja, energia). Quanto maior a energia, maior será a facilidade da célula liberar anestésicos endógenos, tais como endorfina, serotonina e marcadores anti-inflamatórios. E isso tudo em qualquer efeito colateral. Para isso, os cientistas desenvolveram um aparelho chamado Light Aid.
Marcelo é um cientista como poucos, desses que vão além dos muros acadêmicos. Ele próprio é o responsável por tornar sua área de conhecimento uma fonte de renda de grande potencial. Ele fundou a Bright Photomedicine, uma startup que está lançando o Light Aid como peça principal para o desenvolvimento de seus negócios. Ainda em fase de testes, a atividade por enquanto consiste em oferecer o aparelho para aluguel, pelo valor de R$ 2.000,00, para médicos e terapeutas. Esse aparelho é controlado por um aplicativo de smartphone e a previsão é que ele seja lançado em larga escala no mercado em 2017 com preços mais acessíveis. Na última semana, Marcelo e seus sócios venceram um prêmio da StartupFarm, uma das principais aceleradoras de startups do país, além de estarem começando a trilhar conquistas internacionais.
O físico não pensa em parar por aí. Ele quer alçar voos mais altos. Seu maior sonho é fundar o Ceará Institute of Technology, um centro de referência mundial, uma espécie de MIT alencarino para aproveitar os inúmeros talentos que nascem em solo cearense e que acabam sendo aproveitados fora do estado. Alguém duvida?
Marcelo enfrentou muita resistência, inclusive do próprio colégio, quando optou pela Física, quando suas notas no vestibular certamente o colocariam dentro de cursos mais “tradicionais”, como Medicina, Direito ou Engenharia. Quem tem esse potencial, enfrenta essas barreiras desde novo e ainda por cima vê em suas raízes o objeto de seu foco no futuro, sem dúvida alguma alcançará esse sucesso. E o prêmio maior, com certeza, será para o Ceará.
Por Hugo Fernandes
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