Comumente não nos dirigimos a uma pessoa idosa utilizando o
pronome “você”. De igual modo, não tratamos um adolescente por “senhor”. Via de
regra, o respeito, a idade ou o cargo que exerce o nosso interlocutor é quem define
a expressão pronominal mais adequada na construção do diálogo entre as pessoas
e autoridades.
No dia a dia, no trato com as pessoas, costumeiramente
utilizamos o pronome de tratamento “você”. Mas, em algumas situações, urge, por
questões vernaculares, a necessidade de adoção de tratamentos formais como é o
caso dos pronomes de reverência: Excelência (altas autoridades); Eminência
(Cardeais); Magnificência (Reitores) e Revendissima (Sacerdotes) dentre tantos
outros.
A regra gramatical nos impõe ainda, no tangente ao uso dos
pronomes, a precedência do termo “Vossa”, porém, ao usarmos o pronome como
vocativo (para chamar, avisar, interpelar) dispensa-se a utilização do pronome
possessivo “vossa”, “sua”, “nosso ...”
Além do nosso vernáculo, a polidez no convívio com as pessoas
deve ser regra cogente a ser observada por todo cidadão, seja ele um homem do
povo ou uma autoridade constituída.
Entrementes, tenho identificado com muita frequência no
parlamento brasileiro senão uma impropriedade linguística, uma inadequação
sonora e contrastante no emprego dos pronomes em nossas Casas
Legislativas. Recentemente, assistindo
uma dessas tantas sessões plenárias me ocorreu a observância de um parlamentar,
que no afã de sua fala e entusiasmo de seu discurso, se dirigiu a um colega de
parlamento proferindo a assertiva: “Vossa Excelência é um ladrão!”.
Ora, Excelência é pronome de reverência, como regra, é
utilizado como qualidade de excelente e tratamento de pessoas de alta
hierarquia social, indica superioridade e dignidade de primaz.
Por outro lado, o termo ladrão é empregado associativamente àquele
que comete fraude, apropriação indébita, que tira algo de alguém, pessoa sem
consciência social, aquele que rouba ou furta, de personalidade frágil.
De certo, a inapropriedade dos termos (excelência/ladrão) nos
parece por demais evidente. O que talvez ainda salve a expressão tão comum no
nosso parlamento hoje ante a explosão de sucessivos escândalos com o dinheiro
público, seja a cruel compreensão de que as Excelências são, de fato,
excelentes ladrões!
Teófilo Júnior
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