Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais
pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na
janela:
Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que
murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e
bela:
Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o
mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:
Vê-la rendida
enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o
maior gosto que há no mundo.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
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