domingo, 9 de dezembro de 2012

Solidão amiga

 
(...) Aprenda isto: as coisas são os nomes que lhes damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

 
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba de mim!
 
(Rubem Alves citando Carlos Drummond de Andrade na crônica Solidão amiga. In: As melhores crônicas de Rubem Alves. Campinas, SP: Papirus, 2008 p. 106.)

 
 
*Sugestão de postagem do amigo Adauto Neto

Nenhum comentário: