Não basta o governo investir, tem que investir certo. “Construir pirâmides
não vai desenvolver o país”, diz Armínio Fraga. Trem-bala é pirâmide, na visão
dele. Aliás, de muita gente. O governo está neste momento com nostalgia do
modelo dos anos 1970. “Não sou pessimista com o Brasil a médio prazo, mas agora
o governo está olhando demais para um modelo que deu errado.”
No domingo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o economista
Edward Amadeo publicaram um artigo neste jornal se perguntando se não está
chegando ao fim a herança bendita. Foi sobre isso que conversei com Fraga no
programa da Globonews.
Por herança bendita, ele entende as reformas que o Brasil fez a partir da
década de 1990. Abertura da economia, estabilização, modernização do Estado e
inclusão dos mais pobres. Acha que esses bons passos foram dados por governos
diferentes, e não apenas o de Fernando Henrique, no qual trabalhou. Destaca
avanços importantes no governo Lula, principalmente o combate à pobreza:
— Mas, aos poucos, começou a mudar. Hoje, olhando para trás, dá para saber
que a guinada começou no segundo mandato do presidente Lula.
Ele contrapõe o modelo novo, em que houve muitas reformas, com o velho, dos
anos 50 a 70, em que houve pouca poupança, pouca ênfase na educação e na
produtividade:
— Temos que nos organizar para avançar. No novo modelo, o Estado continua
necessário — e nem seria diferente numa sociedade tão desigual quanto a nossa —
mas para concentrar-se no que é mais importante. Nos outros setores, tem que
atuar apenas como regulador. Hoje, o Estado está entrando cada vez mais na
produção e está correndo riscos.
Leia mais clicando aqui
Miriam Leitão, O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário