sábado, 20 de março de 2010

Retratos na parede

Um dos grandes avanços desse novo século é, indubitavelmente, a facilidade e a velocidade com que se propaga imagens e informações. Mas nem sempre as coisas aconteceram assim. No início dos anos 70 as notícias, as imagens e os grandes sucessos musicais andaram a passos curtos por esses rincões de meu Deus. Quase sempre era o rádio quem primeiro trazia o informe, seguido pelas revistas, jornais e algumas poucas televisões existentes em contadas casas das velhas e esquecidas cidades do interior da Paraíba.

Na terra de Maringá (Pombal) obviamente as coisas não eram diferentes de outras pequenas comunas e apesar das parcas redes de comunicação tínhamos a visualização de nossos ídolos estampados como colcha de retalhos em paredes de nossos quartos. Fotografias recortadas das revistas Manchete, Contigo, Amiga, Ilusão, dentre outras que a memória me subtraí, que além de exibir em suas páginas as famosas fotonovelas, ainda traziam foto e pôsteres coloridos e em preto e branco de uma plêiade de cantores, atores, desportistas e outras personalidades do mundo inteiro.

Talvez impulsionados pela distância dos acontecimentos e pela deficitária rede de comunicação entre o público e seus ídolos, adolescentes e jovens da época colecionavam os mais variados retratos de seus admiradores e cuidadosamente afixávamos as figuras nas paredes do quarto, nas portas dos guarda-roupas e principalmente na parede do quarto que se posicionava em direção a cabeceira da cama para que ali, bem próximos de nós, pudéssemos anoitecer e amanhecer muito perto de todos aqueles retratos, quase numa rogativa de estar ligado mais intimamente com os nossos ídolos, que iam de Paulo Sérgio a Roberto e Erasmo Carlos, Sidney Magal, Evaldo Braga, Wanderleia, The Fiveres, Rivelino, Zico, Mendonça, Elaine Cristina, Eva Wilma, Carlos Zara, Merylin Monroe e tantos outros cantores, astros e estrelas que povoavam os céus da época de 1970.

Vez ou outra, havia ainda, um pouco mais discreto, a afixação na parte interna de uma das portas do guarda-roupa, de um desses calendários gigantes da Esso ou da Texaco onde se podia ver belas senhoritas nuas e em posses quase irresistíveis a nossa puberdade.

E assim, passamos os idos de 70. De certo modo, um pouco mais próximos de nossos pôsteres, de nossos ídolos. Coisas hoje sem muita importância evidentemente. Coisas de quem vive com os olhos voltados para as paredes do passado, nada mais.


Teófilo Júnior


2 comentários:

Unknown disse...

É sempre muito bom ler os seus textos. isso dá mais originalidade a sua página e apesar de você sempre escolher na web ótimas matérias (o que deve continuar fazendo),acho que você deveria escrever muito mais. Eu achei a foto simplesmente ilária ! ah,ah,ah... Paulo Sergio; e Roberto Carlos no estilo Black Power ! ah,ah,ah...gostei tambem da palavra "senhoritas" no penúltimo parágrafo. ah,ah,ah! Me lembrei agora quando Sidney Magal foi cantar no Pombal Ideal Club...ah,ah,ah...foi um verdadeiro frisson...é a cigana sandra rosa madalena...(tava lotado) eh,eh,eh...Neste universo da comunicação do passado, vou te lançar um desafio: Duvido que hoje você fotografe uma caixa de tv daquelas que eram colocadas nas praças para a maioria da população assistir televisão, eh,eh,eh...ainda tem uma dessas lá na região de São Braz e Varzea comprida: mas parece que tv não tem mais. eh,eh,eh. Carlos Alexandre era outro que lotou os circos de Pombal. O que o futuro trará só o tempo dirá. (Bye) :)

França disse...

Júnior, que legal! nesse texto vc retrata parte de minha juventude em Pombal, na casa de nossos avós: Lembro que passei meses pedindo permissão a (Madrinha), assim eu chamava nosso vó Maria Minervina, para que ela deixasse colar na parede do quarto fotos de personagens das fotonovelas da época. Fiz um painel na parede inteira. Saudades!!!