quinta-feira, 25 de março de 2010

Professores não estão preparados para tratar de cidadania

Mais da metade dos professores - 59% - não se sente apta a trabalhar com educação sexual em suas turmas. E 53% avaliam que também não têm condições de falar sobre drogas com seus alunos. Os dados, apresentados pela pedagoga Tânia Zagury no 1º Encontro Internacional Pátio-ISME de Educação para a Cidadania, realizado na cidade de São Paulo, foram obtidos junto a dois mil professores dos ensinos fundamental e médio de todo o Brasil.

Diante desta realidade, Zagury avalia que é complicado cobrar de um professor resultados, se a maioria nem domina assuntos que surgiram em uma discussão em sala de aula. "Como exigir competências se não damos condições aos professores?", questiona.

Para a pedagoga, o despreparo dos educadores é resultado de um processo histórico que envolve diversos aspectos da sociedade. "Família e direção cobrando resultados, são dois dos elementos. Mas o principal é o professor ficar refém de um sistema educacional que muda sucessivamente, que delega mais tarefas do que ele tem tempo de fazer", explica.

Para Zagury, um dos exemplos da interferência maléfica das políticas educacionais é a progressão continuada. Na mesma pesquisa, a estudiosa identificou que 66% dos professores concordam que o método só poderia ser aplicado se o aluno tivesse alguma garantia de um ensino de qualidade. "Implantaram o sistema sem pedir a opinião daqueles que estão na frente de batalha. Assim, o professor enxerga-se apenas como executor de decisões de políticas partidárias", disse.

Mesmo assim, a pedagoga é otimista e acredita na ação dos professores como peça fundamental para a mudança. "Perguntados sobre a motivação para tratar de sexo e drogas, 67% e 76%, respectivamente, disseram que estavam com vontade de abordar os temas".

Sem discordar da difícil situação encontrada pelos professores, a diretora da Escola Brasileira de Professores (Ebrap), Guiomar de Mello, colocou que cidadania não se ensina diretamente e que basta os educadores exercerem sua função para que os estudantes formem-se como cidadãos. "Se o conhecimento do currículo for aproveitado pelos alunos como algo significativo para as suas ações no mundo, o professor já estará fazendo a sua parte", diz.

A partir dessa idéia, Mello coloca que a biologia pode influenciar os jovens nas decisões sobre os seus corpos, a história pode influenciar nos ideais políticos, assim por diante. "Com os conhecimentos contextualizados, os nossos alunos poderão agir mais ativamente e conscientemente na sociedade. O que é o esperado de um cidadão", acredita.


Alan Meguerditchian

Fonte: Uol

Um comentário:

Unknown disse...

Assuntos como sexualidade devem ser tratados na família; porém nem os próprios casais costumam a discutir sua própria sexualidade, onde por assim ser, se sentem despreparados de discutir esse assunto com os filhos; e sobrou para quem ??? isso mesmo !!! sobrou para o escravo do professor, que já tem inclusive jornada dupla, pois fora da escola ele continua trabalhando corrigindo provas e elaborando aulas. Talvez o amigo leitor não saiba; mas como professor que sou, posso dizer que também somos, psicólogos, pastores,padres,babás, etc, etc, etc...