terça-feira, 20 de abril de 2010

O “cheiro do queijo”: Artifício da covardia e da falsidade

A mais sórdida e deplorável manifestação ignominiosa de um ser humano, se é que se pode chamar de tal, é colocar o famigerado “cheiro do queijo” em uma pessoa, pois quando isso acontece rompem-se laços de confiança, de contrato social indispensável à convivência harmônica em sociedade.

Não é à toa que a estratégia do “cheiro do queijo” é usualmente utilizada por pistoleiros ou por pessoas detestáveis que intuem vingança, tendo em vista que a premissa maior que move esse tipo de tática perniciosa exige que haja firmamento de laços de amizade entre as partes envolvidas, para depois serem lançadas as bases da traição, da infâmia ignominiosa e aviltante à dignidade humana.

Em minha família há caso de parente martirizado por “cheiro do queijo”, pois no dia quatro de setembro de 1977, primo de nome Marconi Cruz de Lacerda foi atraído por falsos “amigos” a uma tocaia em um açude em Patu (RN), sendo morto de forma covarde pelas pessoas nas quais tanto acreditava ser de confiança.

Quando não é utilizado com o intuito de matar, o “cheiro do queijo” tem o poder de minar psicologicamente a pessoa atingida, fragilizando-a de forma extraordinária, pois artifício e arma da mentira e da falsidade, essa estratégia de pessoas sem formação, dotadas de espíritos mesquinhos e baixos, desprovidas do mínimo essencial de uma necessária educação, tem profundo poder de transtornar, gerando ódio violento a quem é submetido a mais deplorável de todas as manifestações da mentira e da falsidade.

No filme “Fogo: O salário da Morte” (Pombal, 1970), Linduarte Noronha inseriu a covardia do “cheiro do queijo” através da traição patrocinada pelo contratador do pistoleiro interpretado por W. J. Solha, quando este é atraído para um encontro na calada da noite e lá se depara com uma tocaia formada por “colegas da profissão”.

O “cheiro do queijo” era uma técnica useira e vezeira das guerrilhas do cangaço, sendo profusamente utilizada por Lampião e seus sequazes para matar desafetos ou para atrair incautos soldados volantes que por inexperiência eram ludibriados pelos bandoleiros das caatingas. Ignácio Loyola de Medeiros, o famigerado soldado desertor da Polícia Militar do Estado da Paraíba, natural de Santa Luzia do Sabugy, conhecido no bando pela alcunha de “Jurema”, era especialista nisso, sendo o responsável por diversas mortes de volantes paraibanos no célebre combate de Serrote Preto, em Alagoas, no ano de 1925.

A quebra da confiança, da estima e do apreço é viabilizada pelo “cheiro do queijo”, pois nada mais ofensivo ao psicológico do ser humano se vivo ficar após ser submetido ao repugnante tratamento de choque promovido por pessoas que não evoluíram espiritualmente, pois cevar alguém para depois destilar ira e ódio, diversas vezes gratuitos, atesta manifestação irrefutável de desvio de conduta inaceitável e deprimente.

Em uma época não muito distante, era comum fazendeiros contratar humildes trabalhadores, retirantes das secas e sofredores de toda espécie para realizar determinadas tarefas temporárias. Depois, friamente, de forma covarde e calculista, atraíam para a morte essas pessoas, através do “cheiro do queijo”. A prática foi disseminada de forma escandalosa por todas as partes, pois a existência de covas secretas espalhadas pelo Brasil são registros abomináveis de execuções sumárias, devido negativa em pagar dívidas aos que derramavam suor para fazer produzir o chão que deveria ser de todos.

Imunda e escandalosa, a utilização do “cheiro do queijo” define a mais triste personalidade doentia dos covardes que acham normal que a falsidade seja apresentada como a coisa mais natural da face da terra.



José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor da UERN.

4 comentários:

Unknown disse...

AMIGO ROMERO: HOJE EU ENTENDO MELHOR AS RAÍZES DO SUBDESENVOLVIMENTO QUE NÃO É MATERIAL. É SOBRETUDO MORAL; E VOU AINDA MAIS LONGE : É ESPIRITUAL. (O CHEIRO CONTINUA NO AR E ESTÁ EM TODA PARTE...INFELISMENTE. (LEIA 2TIMÓTEO-CAP.3-BÍBLIA SAGRADA!)

Anônimo disse...

a expressão cheiro do queijo têm um nome qual é?
Sonicwings03@live.com

Anônimo disse...

foda.
conheço um rapaz que em 86 foi morto nesse chamado 'cheiro do queijo'
e o pior é que foi por pura inveja de algums 'amigos' dele
sem palaras.

skox disse...

Uma expressao correlata pode ser esta:

"um beijo e um queijo" ...

creio que deve ser de origem europeia medieval ...