A Gazeta mostrou ontem como autores à direita (liberais ou conservadores) têm pouco espaço nas cinco principais universidades brasileiras. Nas
bibliotecas da Unicamp, por exemplo, há 7700 obras de Marx, Lenin,
Gramsci, Sartre e Paulo Freire, e só 712 de Adam Smith, Edmund Burke,
Ludwig Von Mises, Roger Scruton e Thomas Sowell.
Na mesma linha, uma pesquisa da Universidade da Califórnia mostrou
que os acadêmicos das principais universidades americanas estão cada vez
à esquerda. Em 2008, 56% deles se identificavam como de esquerda ou de extrema-esquerda – em 2011, a parcela subiu para 63%.
E a economista Amy Liu, entrevistando estudantes de 148 universidades
americanas, descobriu que a chance de formandos se declararem de
esquerda é 32% maior que a dos calouros. Os anos de faculdade os tornam mais favoráveis à legalização da maconha e do aborto e à criação de impostos sobre fortunas.
Acadêmicos dizem que isso acontece porque a universidade amplia a
visão de mundo e a sensibilidade a temas sociais. Já a direita culpa a
doutrinação marxista dos professores. O psicólogo Richard Nisbett, ele próprio simpático a causas de esquerda, acredita numa explicação mais abrangente. Para ele, a origem da tendência à esquerda é o “efeito maria-vai-com-as-outras”: os estudantes e professores se baseiam no comportamento dos colegas e se deixam influenciar por eles.
Professor da Universidade de Michigan, Nisbett é autor de um livro
excelente que acabou de sair, o “Mindware: tools for smart thinking”, um guia para escapar de falácias e erros sistemáticos de decisão. Um desses erros é se deixar levar pela influência social.
“Como psicólogo social e acadêmico, posso garantir que os
professores são em maioria de esquerda e não reconhecem a conformidade
social que influencia suas próprias opiniões”, diz ele. As pessoas custam a admitir que são influenciadas pelos outros, mas a verdade é que são muito mais do que podem perceber.
Essa a influência dos acadêmicos, afirma o psicólogo, se limitaria à própria comunidade universitária. “Estudantes
dessas faculdades de esquerda ingressarão num mundo de pessoas com um
amplo leque de visões – que começarão a influenciá-los numa direção em
média mais à direita.” Ou seja: as universidades podem estar cada vez mais à esquerda, mas isso não significa que a sociedade como um todo seguirá esse caminho.
GazetadoPovo
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