Em algumas sociedades mais exigentes, a descoberta de uma relação extraconjugal de detentor de cargo público eleito ou nomeado, resulta no repúdio do eleitorado, quando não, na renúncia ao mandato ou ao cargo. Outras mais tolerantes, tratam o assunto como privado, merecendo confidencialidade. A natureza machista do brasileiro, porém,
costuma colocar-se ao lado do homem, e tem até quem ache que a mulher
deveria pedir desculpas por ter sido traída...
Não
iniciei este assunto para emitir conceitos morais, mas para revelar
passagens da nossa história, envolvendo homens públicos que foram
líderes em sua época e deixaram famosas também as mulheres que passaram
por suas alcovas.
Dei uma rápida olhada no passado e encontrarei nosso Imperador
Pedro I concedendo títulos nobiliárquicos a Domitila de Castro Canto,
que terminou Marquesa de Santos, pelos relevantes serviços prestados à
recém nascida pátria brasileira, na intimidade do Império. Foi a mais
famosa das amantes nacionais, com direito até a registro nos livros
escolares. Pedro II não desmereceu o pai. Transformou Margarida Luisa de
Barros, preceptora de sua filha Isabel, em amante. Baiana
de Santo Amaro da Purificação, essa conterrânea de Caetano Veloso foi
feita Condessa de Barral e morreria em Paris sob as graças do Rei Luis
Felipe I.
Na
República os registros são mais discretos e foram tornados públicos
após a morte do personagem famoso. Uma ação da VAR-Palmares, organização
integrada pela atual presidente Dilma Rousseff (Estela) e seu
companheiro de então, resultou no “seqüestro” do cofre de Adhemar de
Barros, governador de São Paulo duas vezes e candidato eterno à
Presidência da República. O cofre, que rendeu mais
de dois milhões de dólares aos guerrilheiros de Lamarca, estava sob a
guarda da família de Ana Guimol, famosa amante de Adhemar, por este
chamada de Dr. Rui. “Pois não, dr. Rui...” -
era assim que ele atendia a seus telefonemas quando cercado por outras
pessoas. Era um segredo de polichinelo, pois somente dona Leonor, sua
esposa, não sabia.
Getúlio Vargas, quando se dizia “um homem no declínio da vida...banhado por um raio de sol”, estava rememorando os instantes passados nos braços de sua amada, para ele “um momento sentimental de transbordante alegria”. Passou a se chamar Aimée
Lopes, depois que casou com o oficial de gabinete do presidente, mas
desde o tempo de noivado, desfrutava as horas furtivas que Getúlio
conseguia, graças à ajuda de Iêdo Fiuza, então diretor do DNER e
ex-prefeito de Petrópolis, conhecedor de todas as garçonieres do Rio,
ainda não servido de motéis.
Reconhecido
nos serviços prestados à causa, Luiz Simões Lopes, o marido traído, foi
nomeado primeiro diretor do DASP, o embrião do Ministério da
Administração. Desfeito seu casamento, Aimée abandonou também o amante e
casou nos Estados Unidos, onde foi destacada por uma revista
especializada como uma das três mulheres mais belas e elegantes do
mundo. Foi o que Getúlio perdeu e, inconformado, confessa ao seu diário: “Vou
a uma visita galante. Saio um tanto decepcionado. Não tem o encanto das
anteriores. Foi-se o meu amor, nada se lhe pode aproximar&r dquo;. A Vedete do Brasil, Virginia Lane, que ganhou fama mostrando as belas pernas no palco, foi a sucessora de Aimée, sem, no entanto, acalmar o coração do gaúcho.
Um dos presidentes
mais queridos do Brasil, o construtor de Brasília, Juscelino
Kubitschek, quando vitimado por um acidente voltava de um encontro com a
amada Maria Lúcia Pedroso. Conhecido como um homem galanteador, famoso pé-de-valsa,
dele contavam muitas histórias. Atrizes de renome costumavam
acompanhá-lo em suas inspeções ao canteiro de obras de Brasília. O
“Catetinho” deve ter muita história para contar. Eu teria também muitas
outras, mas o espaço que me dão, é pequeno. Morram de curiosidade, mas
n&atil de;o contarei nada sobre aquele general presidente!
Ramalho Leite (do Blog do Tião)
(do livro
“Gente do Passado, Fatos do Presente”)
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