Da arte de ser bom
Sê bom. Mas ao coração
Prudência e cautela ajunta.
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão.
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da arte de ser bom. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 38.)
Da calúnia
Sorri com tranquilidade
Quando alguém te calunia.
Quem sabe o que não seria
Se ele dissesse a verdade...
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da calúnia. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 57.)
Da discreta alegria
Longe do mundo vão, goza o feliz minuto
Que arrebataste às horas distraídas.
Maior prazer não é roubar um fruto
Mas sim ir saboreá-lo às escondidas.
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da discreta alegria. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 30.)
Da discrição
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo de teu amigo
Possui amigos também...
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da discrição. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 50.)
Da experiência
A experiência de nada serve à gente.
É um médico tardio, distraído:
Põe-se a forjar receitas quando o doente
Já está perdido...
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da experiência. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 57.)
Da felicidade
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da felicidade. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 47.)
Da indiscrição
Passível é de judicial sentença
O que na casa alheia se intromete.
Só nos falta é uma lei que aos importunos vete
A entrada em nossas almas, sem licença...
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da indiscrição. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 50.)
Da interminável despedida
Ó Mocidade, adeus! Já vai chegar a hora!
Adeus, adeus... Oh! essa longa despedida...
E sem notar que há muito ela se foi embora,
Ficamos a acenar-lhe toda a vida...
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da interminável despedida. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 44.)
Da moderação
Cuidado! Muito cuidado...
Mesmo no bom caminho urge medida e jeito.
Pois ninguém se parece tanto a um celerado
Como um santo perfeito...
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da moderação. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 52.)
Da morte
Um dia... pronto!... me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer que me importa?... O diabo
É deixar de viver!
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da morte. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 61.)
Da observação
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da observação. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 56.)
Da perfeição da vida
Por que prender a vida em conceitos e normas?
O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer...
Tudo, afinal, são formas
E não degraus do Ser!
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da perfeição da vida. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 36.)
Da sabedoria dos livros
Não penses compreender a vida nos autores.
Nenhum disto é capaz.
Mas, à medida que vivendo fores,
Melhor os compreenderás.
Mário Quintana (“Espelho mágico”)
(QUINTANA, Mário. Da sabedoria dos livros. In: _____. Espelho mágico. São Paulo: Globo, 1. ed., 2005, p. 39.)
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