Não disse que
Reinaldo foi um dos maiores centroavantes do mundo de todos os tempos, como
estava na chamada do "Bola da Vez", da ESPN Brasil, com o craque.
Escrevi, várias vezes, que Reinaldo, se tivesse tido uma carreira longa, sem
graves contusões, teria chance, pelos momentos espetaculares que teve no
Atlético-MG e também na seleção, de se tornar um dos maiores centroavantes da
história. Não chegou a ser.
A cada ano, o futebol
evolui nos detalhes. O que era esporádico e usado por pouquíssimas grandes
equipes, como marcar por pressão, de forma agressiva e organizada, com muitos
jogadores na saída de bola do goleiro, tornou-se frequente, em 2016, mesmo em
times pequenos. Muitos gols têm saído na recuperação da bola, próximo à área. O
Barcelona, acostumado a trocar passes desde a defesa, tem tido muitas
dificuldades.
Foi surpresa, mas nem
tanto, o susto que o Kashima Antlers deu no Real Madrid. O time japonês sempre
joga bem, detém o conhecimento tático e estratégico, mas perde para as grandes
equipes. Falta mais talento individual e vivacidade.
Zidane brilhou ao
recuar Casemiro para ser um terceiro zagueiro, já que os dois velozes e hábeis
atacantes japoneses davam sufoco nos zagueiros espanhóis. Zidane colocou os
laterais à frente, e Marcelo deitou e rolou pela esquerda.
Cristiano Ronaldo
merece o título de melhor do ano, mas discordo de que quem ganhou mais títulos
tem de ser sempre o melhor. Futebol é coletivo, e o craque depende do momento
do time.
Os grandes momentos
do Barcelona são muito mais encantadores que os do Real, mas o time de Madri é
hoje mais sólido, com mais chance de ganhar títulos. Isso ocorre por seus
reservas serem muito superiores aos do Barcelona, por fazer também muitos gols
de jogadas aéreas e por marcar melhor no meio-campo, com quatro jogadores:
Casemiro, Kroos, Mödric e Gareth Bale ou Lucas Vázquez. O Barcelona marca no
meio com três jogadores. Quando o Real recupera a bola, Bale ou Lucas Vázquez
se tornam atacantes.
No domingo, enquanto
Ronaldo fazia três gols decisivos, Messi executava uma jogada magistral,
driblando cinco jogadores em um pequeno espaço. Ele finalizou, e Suárez, no
rebote do goleiro, fez o gol. Cristiano Ronaldo e Messi se completam. Pelé era
a síntese dos dois. Gostaria de ver um jogo festivo com Messi e Cristiano
Ronaldo do mesmo lado.
Messi é genial,
polivalente, fenomenal armador e artilheiro. Cristiano Ronaldo é especialista,
o mais completo finalizador do mundo. Messi é um artista, Ronaldo, uma
supermáquina. Messi é natureza, Ronaldo é ciência física. Messi é fantasista,
Ronaldo, operatório. Messi é uma mistura, em proporções iguais, de habilidade,
técnica e inventividade. Ronaldo é técnica quase pura. Messi é mais solidário,
Ronaldo é mais fominha. Messi é reservado, reprimido. Ronaldo é narcisista,
exibicionista. Messi é pequeno, frágil. Ronaldo é alto, uma fortaleza. Messi é
vaidoso para dentro. Ronaldo é vaidoso para fora. Os dois são ambiciosos,
perfeccionistas. Messi me encanta mais.
Quando Messi e
Cristiano Ronaldo estiverem mais velhos, jogando peladas de domingo, ficará
mais clara a diferença entre os dois. Messi vai dar um show de habilidade.
Cristiano Ronaldo vai ser um comum e tradicional centroavante de pelada, que
fica parado, geralmente impedido, esperando a bola para empurrá-la para as
redes.
Tostão
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/tostao/2016/12/1843293-messi-e-cristiano-ronaldo-possuem-estilos-e-talentos-que-se-completam.shtml.
Acesso em: 10 janeiro 2017.)
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