Recebo o recado de um amigo: "Você precisa
escrever mais sobre política". E acrescenta que eu ando muito
"alienado" ou "por fora", como se costuma dizer
agora." 1967, 19 de outubro, Rubem Braga publicou as frases acima, em
sua crônica no Diário de Notícias. Meus leitores poderiam tomar como minhas,
não fosse o "por fora" como expressão em "uso agora". Ela
tem exatos 50 anos. E o Braga continuava seu texto dizendo: "O amigo tem
razão, mas o diabo é que não gosto de forçar minha natureza, e confesso que mal
tenho lido as seções políticas dos jornais. O tédio me vence". Eu poderia
assinar essa parte da crônica hoje. Cinquenta anos depois. O Brasil é grande,
lento, provinciano, e tropicalmente corrupto. Avança, mas muito lentamente.
Esta croniquinha estava pronta há vinte dias. Ante
ontem recebo este comentário feito por Cassio Penteado: "Pessoalmente gostava mais de sua
versão "comentarista do dia a dia" expondo opinião sobre assuntos
quentes que provocavam os seus leitores. Vc mudou o foco para um passado
glorioso da crônica brasileira com três ou quatro vultos. São agora escritos
históricos apenas. Volte ao bom combate do dia a dia. Seja um renovado Jabor...
Esperei um texto sobre a morte do Ministro e tu vem com Rubem Braga que repousa
no panteão de uma era passada..."
E minha resposta ao meu leitor e primo é mais ou
menos a que o velho Rubem deu 50 anos atrás. Mas vou além, desde sempre minhas
abordagens foram sobre política, literatura, e memórias. Do dia a dia cuidam os
jornalistas, repórteres, e articulistas que tem por obrigação cobrir os
acontecimentos diários. Eu não. E se num passado recente falei quase todos os
dias contra o governo corrupto da Dilma, e do PT, foi por uma necessidade
cívica e patriótica. Hoje não há mais espaço para minha atuação. De quando em
quando saio em defesa do Temer, porque dele depende nossa sorte. De quando em
quando ataco ferozmente os apátridas que continuam bradando: "Fora
Temer", e combatendo os ingênuos, ou nem tanto, que preconizam:
"Diretas já". Quanto aos acidentes aéreos onde as falhas humanas, ou
razões estritamente meteorológicas são as causas, como foram nos casos do Eduardo
Campos e agora do Ministro Teori Zavascki, me nego entrar nessa
bobagem da Teoria Conspiratória que sempre, "os mesmos", levantam. De
resto temos que lamentar a fatalidade que certamente irá prejudicar muito a
Operação Lava jato, ou no mínimo retardar seu desfecho.
Eduardo P. Lunardelli
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