sexta-feira, 1 de julho de 2016

Sobre o ato de escrever II

►“[...] Em um de seus textos, Bakhtin [o filósofo russo Mikhail Bakhtin, 1895-1975] sugere que a voz do poema é sempre a voz do poeta; o poeta se confunde completamente com o verso que canta. E a voz do prosador é sempre a voz de uma outra pessoa; o prosador, covardemente, esconde-se na linguagem dos outros.” (TEZZA, Cristovão. O assassinato da poesia. In: ____. A máquina de caminhar; seleção e apresentação de Christian Schwartz. Rio de Janeiro: Record, 1. ed., 2016, p. 126.)

►“Os escritores, com certa pose, costumam citar os clássicos quando se referem às suas influências. Em geral, nas entrevistas, aprendemos a escrever com Balzac, com Flaubert, com Machado de Assis, e a fazer poemas com Eliot, Valéry, Drummond. Mas na verdade as influências mais intensas são as que ultrapassam os gêneros formais, as que nos tocam no modo de olhar para o mundo e criar um repertório de referências culturais. Pais nos influenciam; a- migos da vida inteira criam referências; ambientes duradouros deixam marcas; as profissões nos fazem, às vezes insidiosamente; uma rede invisível de contatos informais, da rua à escola, vai desenhando nossa cabeça.” (TEZZA, Cristovão. Millôr. In: ____. A máquina de caminhar; seleção e apresentação de Christian Schwartz. Rio de Janeiro: Record, 1. ed., 2016, p. 141.)

CRISTOVÃO TEZZA

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