terça-feira, 31 de maio de 2016

Melhores frases

Sou exatamente o menino que aos nove anos foi declamar um verso de Antero de Quental e se perdeu.
A Europa é uma burrice aparelhada de museus.


Positivamente, não posso ser apresentado a Satanás: como André Gide, sofro a tentação de entender as razões do adversário.


Tenho para mim que sei, como todos os brasileiros, os três primeiros minutos de qualquer assunto.


O único erro humano que merece a pena de morte é o de revisão.


Abraço e punhalada a gente só dá em quem está perto.


A tocaia é a grande contribuição de Minas à cultura universal.


O mineiro só é solidário no câncer.


Minas está onde sempre esteve. (Ao definir a posição do governador Magalhães Pinto, em 1961, na crise da renúncia de Jânio).


Para mim, domingo sem missa não é domingo.


O homem é um animal gratuito.


Não quero tripudiar sobre ninguém. Junto a isto um insanável sentimento de simpatia, que me domina, por todos os decaídos.


Quem me garante que Jesus Cristo não estaria hoje na estatística da mortalidade infantil?


Escrevemos, escrevemos, escrevemos. Clamamos no deserto. O clube do poder tem as portas lacradas e calafetadas.


Todo mundo que cruzou comigo, sem precisar parar, está incorporado ao meu destino.


Política é a arte de enfiar a mão na merda. Os delicados (vide Milton Campos) pedem desculpas, têm dor de cabeça e se retiram.


Intelectual na política é quase sempre errado. É sempre errado. A práxis não deixa espaço para pensar; pensar é muito sutil, enrascado, complexo, multiplica as alternativas.


Deus é humorista.


Há um lado pobre-diabo em mim. Os pobres-diabos logo farejam e se irmanizam, me perseguem, não me largam.


Sou jornalista, especialista em idéias gerais. Sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada.


Aproximei-me do espetáculo político pelo que há nele de fascínio humano. 


A política talvez seja uma forma de tentar driblar a morte.

A ação política é cruel, baseia-se numa competição animal, é preciso derrotar, esmagar, matar, aniquilar o inimigo.


Ultimamente, passaram-se muitos anos.


Devo ter sido o único mineiro que deixou de ser diretor de banco.


Sou um sobrevivente sob os escombros de valores mortos.


Devemos a Graham Bell o fato de estarmos em qualquer lugar do mundo e alguém poder nos chatear pelo telefone.


Texto de jornal é estação de trem depois que o trem passou. Deixou de ter interesse.


Chega de intermediários. Lincoln Gordon para presidente. (Em alusão à influência do embaixador dos Estados Unidos durante o governo Castello Branco).


É a morte que nos leva a desejar a imortalidade impossível. (Ao aceitar concorrer a uma vaga na ABL).

Patrão de esquerda só é bom até o dia do pagamento.


A morte é noturna. À noite, todos os doentes agonizam.


Hoje eu reúno duas condições que em princípio se excluem: sou careca e grisalho. (Ao fazer 60 anos).


Consegui ser avô de minha filha e pai de minha neta, eliminando a intermediação antipática do genro. (Por ocasião do nascimento da filha temporã, Heleninha).


Leio muito à noite. Só não sou inteiramente uma besta porque sofro de insônia.


Sou autor de muitos originais e de nenhuma originalidade.


Não sou alegre. Sou triste e sofro muito. Dentro de mim há um porão cheio de ratos, baratas, aranhas, morcegos, escuro, melancolia, solidão.


O humor é a grande expressão, o melhor canal para dar notícia da vida, da nossa tragédia interior e exterior.

O mineiro seria um cara que não dá passo em falso, é cauteloso. Em Minas Gerais não se diz cautela, se diz pré-cautela...


Eu escrevo todo dia, por compulsão. Mas agora, aos 70 anos, uma das perguntas que mais me intrigam é o que eu vou ser quando crescer.


Sou leitor atento da página fúnebre. Tem mais gente conhecida nossa do que a coluna social.

 
Há em mim um velho que não sou eu.


A morte é, de tudo na vida, a única coisa absolutamente insubornável.


Escrever é de amargar.


Otto Lara Resende 


As frases acima foram extraídas do livro "Otto Lara Resende: a poeira da Glória", de Benício Medeiros, editora RelumeDumará - Rio de Janeiro, 1998, pág. 137.

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