“Pelo fato
de o inconsciente coletivo representar a fonte do crescimento psíquico,
Jung acreditava que um relacionamento funcional entre os níveis
consciente e inconsciente da existência fosse vital para a saúde
psíquica. Esse relacionamento funcional entre os níveis inconsciente e
consciente da existência foi também concebido e descrito por Jung como o
relacionamento entre o complexo individual do eu e o arquétipo do
Si-mesmo, um arquétipo de totalidade e inteireza, representado por
símbolos que Jung encontrava continuamente nos sonhos e fantasias dos
seus pacientes. Quando o consciente e o inconsciente, eu e Si-mesmo, têm
um relacionamento contínuo, Jung considerava que a pessoa poderia então
consolidar um senso de sua individualidade única, bem como de sua
conexão com uma experiência
circunstância mais ampla da existência humana, tornando-a capaz de viver de
um modo criativo, simbólico e individual.
“O processo de chegar a esse equilíbrio psíquico, Jung chama de individuação,
um princípio e um processo que ele entendia como subjacente a toda
atividade psíquica. A tendência da psique de mover-se para a totalidade e
o equilíbrio é um postulado fundamental da psicologia de Jung. Chamado
diferentemente de princípio teleológico, intencional, sintético,
construtivo ou finalista, esse princípio de que a psique tende para a
totalidade e o equilíbrio contém igualmente o postulado tipicamente
junguiano de que a verdadeira vida humana consiste de opostos que
precisam ser unidos dentro da alma humana. O processo e o resultado
dessa união de opostos é a habilidade de a pessoa formar para si uma
personalidade individual unificada, coerente e, apesar disso, singular
em profundi
dade e riqueza. A individuação, esse processo de tornar-se um indivíduo
autônomo, pode ser entendida a partir de sua etimologia, isto é, o
processo de tornar-se indivisível ou tornar-se um consigo mesmo.”
(HOPCKE, Robert H. Individuação. In: _____. Guia para a Obra Completa de C. G. Jung; tradução de Edgar Orth e Reinaldo Orth. Petrópolis, RJ: Vozes, 1. ed., 2011, cap. 13, pp. 75-6.)
Sugestão de postagem do amigo Adauto Neto
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