Romeu – Em tua boca me limpo dos pecados. (Beija-a.)
Julieta – Que passaram, assim, para meus lábios.
Romeu – Pecados meus? Oh! Quero-os retornados. Devolve-mos.
Julieta – Beijais tal qual os sábios.
WILLIAM SHAKESPEARE — Romeu e Julieta, ato I, cena V.
Estudo prova que o beijo na boca é usado em menos de metade das sociedades humanas.
A sugestão de que o beijo no lábios era
uma fonte de prazer universal para os humanos era recorrente. Afinal de
contas, os chimpanzés e os bonobos fazem-no, e até abrem a boca e usam a
língua. Mas não é verdade. Um estudo de William Jankowiak e Justin R.
Garcia, publicado em julho de 2015, mostra que esse gesto apenas se
encontra em menos de metade (46%) das 168 culturas estudadas pelos
autores. Pelo contrário, outros tipos de beijos são usados por 90% das
populações.
Parece haver alguns padrões para esta
diferença. Por exemplo, em sociedades com diferentes classes sociais o
beijo na boca costuma ser usado, mas em sociedades, como de caçadores,
com pouca ou nenhuma estratificação social, não é comum. Isso demonstra
que o beijo nos lábios é uma forma de demonstração de carinho muito
culturalmente variável.
Por outro lado, como as tribos de
caçadores costumam ser usadas como espelho das sociedades passadas,
parece ser razoável, defendem os autores, que o beijo “romântico” tenha
surgido numa altura relativamente recente da história humana. Uma
exceção a esta conclusão dos autores do estudo é que em nove das onze
comunidades do Círculo Polar Ártico as pessoas beijam-se.
A origem, ou origens, evolutivas dos
beijos são desconhecidas. Os autores falam tanto em teste de saúde de
potenciais parceiros através do paladar ou, simplesmente, para testar o
interesse romântico e compatibilidade sexual entre potenciais parceiros.
A referência mais antiga a um beijo na
boca é numa escritura em sânscrito com 3.500 anos chamada Vedas.
Jankowiak e Garcia descrevem, num artigo no portal Sapiens, que quando
as tribos Thonga da África do Sul ou os Mehinku na Amazônia viram pela
primeira vez europeus a beijarem-se, reagiram com repugnância perante
comportamento tão nojento.
Fonte: Blog do Milton Ribeiro
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