“Sergio, de uma vez por todas, o faroeste está morto ou não?. A essa
pergunta que há anos me fazem, eu costumo responder de uma forma não exatamente
pessimista, mas cética em relação a um eventual renascimento (nos gibis e na literatura, mas também, e sobretudo,
na tela grande) de um gênero narrativo que parece interessar cada vez menos aos
jovens. É verdade que a cada nova temporada sai ao menos um filme que deveria
reiniciar a partida: de Dança Com Lobos
a Os Imperdoáveis, de Gerônimo — Uma Lenda Americana a Pacto de Justiça, de Cold Mountain a O Álamo, vimos muitos anunciados renascimentos (todos pontualmente redimensionados pelo julgamento
do público e da crítica). Cá entre nós, eu acho que a saga da Conquista do
Oeste já esgotou seus argumentos, seja na versão tradicional do faroeste
clássico, seja naquela revisionista e politicamente mais correta oferecida pela
cinematografia recente. Como dizia o inesquecível desenhista e roteirista Gino
D’Antonio (a quem se deve a fundamental História
do Oeste em quadrinhos), provavelmente o único modo de voltar a propor
filmes ou gibis de faroeste seria o de defini-los sob um ponto de vista social,
de retrato de ambiente, enfocando o quotidiano das pessoas comuns que, com sua
pequenas vicissitudes (pequenas mas não menos trágicas), propiciou o nascimento
de um novo país. Mas eu devo dizer que, para nós, quadrinistas, seria muito
difícil suscitar o interesse do público por meio de fatos particulares ou minimalistas de comerciantes, camponeses
e professoras primárias.”
Sérgio Bonelli
(Fragmentos do artigo Sergio Bonelli conta... Uma vida pelo
faroeste, de Sergio Bonelli, O Cortador de Cabeças, série “TEX em
Cores”, São Paulo: Mythos Editora, 2015, n. 28, pp. 5-6.)
Enviada pelo amigo Adauto Neto
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