quinta-feira, 3 de abril de 2014

O Meritíssimo

Vimos, a todo instante, a mídia nacional veicular os escândalos desta nossa imensa nação, inclusive na área judiciária.

Ficamos, então, a imaginar como ocorreu uma degeneração nos bons costumes e na moral do povo brasileiro, inclusive de alguns meritíssimos juízes.

A nossa geração aprendeu, desde cedo, o respeito e a veneração que deveríamos nutrir pela respeitável figura do Doutor Juiz de Direito.

Por sua vez, os magistrados do passado conheciam a seriedade da sua toga e também zelavam pelo bom nome do seu importante cargo.

Esta engraçada história é daquele tempo.

O juiz de uma determinada cidade do Seridó gostava de tomar uma cachacinha.

Porém, como um homem que detinha uma função de tão grande envergadura poderia frequentar um bar qualquer daquela cidade?

Expor-se? Jamais. Então, o que ele fazia quando estava a fim de derrubar uma meiota?

Chamava a sua empregada doméstica, fornecia-lhe o dinheiro e dava o seguinte recado:

– Vá à bodega, compre uma garrafa de cachaça e mande embrulhar bem.

E sempre tinha o cuidado de acrescentar:

– Se, porventura, alguém perguntar para quem é a encomenda, em hipótese alguma diga que é para mim.

E aquela rotina era sempre assim, invariavelmente, todo final de semana, até que um dia a coisa mudou.

O Doutor Juiz, talvez cheio de problemas forenses, encheu a cara, bebendo todo o conteúdo da primeira garrafa.

Embriagado, chamou novamente a mocinha e mandou comprar outra garrafa, mas mudando o teor do recado:

– Mariazinha, vá à bodega novamente e compre agora duas garrafas de cachaça. Não precisa mandar enrolá-las.

E acrescentou ao novo recado:

E venha batendo uma garrafa na outra e gritando: 'esta cachaça é para o Doutor Juiz de Direito desta comarca'.
 
 

Ciduca Barros

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