Aqui é Bolsa Família. Na Inglaterra são os Food Banks, bancos de comida. A ideia é a mesma. Usar o orçamento público, dinheiro do governo, direta ou indiretamente, para dar de comer a quem tem fome.
Recentes estatísticas inglesas surpreenderam. No último ano cerca de 1 milhão de ingleses tiveram que procurar em algum momento o Food Bank para comer. Aumento de 163% comparado com o ano anterior.
Seiscentos líderes religiosos e comunitários se dirigem ao primeiro ministro David Cameron. Defendem que a política econômica do governo que provoca desemprego e fome é contra os direitos humanos.
Ou seja, fome não é problema de brasileiro ou africano. Nem o Bolsa Família uma extravagância. É política social compensatória, inclusive no mundo dos desenvolvidos. A causa é o desemprego.
Berlim passou lei recente. Imigrantes legais, se ficarem mais de seis meses desempregados, viram ilegais. São deportados. Exporta-se assim a violação dos direitos humanos.
Evidentemente que não se pode comparar o nível de pobreza entre ingleses e brasileiros. Um pobre inglês é quase classe média no Brasil. O salário desemprego lá é de quase mil reais.
A diferença é que no Brasil o Bolsa Família dá de comer a quem não comia. Na Inglaterra, o banco de comida faz o contrário. Mata a fome de quem já comia. Fica-se sem saber quem avança e quem retrocede.
Um dos índices para orientar a política econômica chama-se Misery Index, que em português seria índice de miséria. Integrado pelos índices de inflação e desemprego. Não vale um cair e outro subir. Ambos tem que cair para o índice de miséria melhorar.
Mas para isto seria necessário uma política econômica que não se satisfizesse com a fome e o desemprego, mesmo temporários. A fome causa danos psicológicos e físicos irreversíveis às vezes. Este ponto deveria ser o objetivo maior inclusive das análises e teorias econômicas.
Há um esforço mundial de colocar o emprego como principal objetivo da política econômica. O que acabaria com a fome. Mas não se sabe ainda como.
Joaquim Falcão
Do Blog do Noblat
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