Nem os espelhos nos dão a certeza de que estamos ficando velhos. Nos acostumamos com nossas rugas, papadas, e cabelos brancos. O que nos alerta para o fato, irreversível, de que somos uns velhos, é o teor das conversas ao telefone. Antigamente me chamavam por telefone para falar sobre negócios, futebol, mulheres, carros, não necessariamente nessa ordem. Hoje só me ligam para perguntar o nome do meu médico, ou o do remédio que estou tomando. Os interlocutores são basicamente os mesmos. Mudou foi a faixa etária, e com ela os interesses. Mas o maior consolo é que ainda estamos recebendo e fazendo chamadas telefônicas. Muitos daqueles tempos, não estão mais entre nós.
Eduardo Lunardelli
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