Em prosseguimento na marcha insensata para a relativização do mérito na
sociedade brasileira, o governo, depois de acelerar a entrada em vigor da lei de
cotas raciais nas universidades públicas, pode estender a regra cartorial
racialista para o preenchimento de vagas no funcionalismo público.
A ideia da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir),
o ministério de políticas racialistas, está em avaliação na Casa Civil, revelou
o jornal “Folha de S.Paulo”. Se a proposta for aprovada, 30% das vagas nas áreas
de educação, cultura - comunicação e trabalho passarão a ser destinadas ao grupo
“negro, pardo, índio”.
Pensa-se, ainda, em benefícios fiscais a empresas privadas que adiram à política.
Radicaliza-se a inoculação na sociedade da perigosa ideia de classificação
dos brasileiros pela cor da pele. O irônico é que as propostas significam um
reconhecimento implícito de que as cotas raciais aplicadas na educação serão
incapazes de qualificar os beneficiários para, sem anabolizantes, disputar
espaço no mercado de trabalho público e privado.
A implementação de cotas raciais ganhou respaldo legal com a sua aprovação no
Supremo, por unanimidade, em abril, no julgamento de um processo referente à
Universidade de Brasília, ação relatada pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Durante o julgamento, foi dito por ministros que a Suprema Corte americana
havia aprovado a adoção de cotas raciais no país.
Enganaram-se. Num julgamento, em 2003, de uma reclamação contra o uso da cor
no processo de seleção da Faculdade de Direito da Universidade de Michigan, a
juíza da Suprema Corte Sandra O’Coonor deu o quinto voto, o de desempate do
julgamento, favorável à consideração da raça dentro de ações afirmativas, mas
contrário à cota racial quantitativa, como o Brasil passou a adotar.
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