Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!
Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!
Oh! Pitágoras da última aritmética,
Continua a contar na paz ascética
Dos tábidos carneiros sepulcrais
Continua a contar na paz ascética
Dos tábidos carneiros sepulcrais
Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números
A tua conta não acaba mais!
Porque, infinita como os próprios números
A tua conta não acaba mais!
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz
do Espírito Santo, 20 de abril de 1884 — Leopoldina, 12 de novembro de
1914) - Foi poeta. Começou colaborando com o jornal O Comércio, onde
publicou seus primeiros poemas. Formou-se em Direito pela Faculdade de
Direito da Cidade do Recife. Publicou um único livro em vida, Eu, no ano
de 1912. Após sua morte, é publicado o livro Eu e Outras Poesias,
contendo alguns poemas inéditos. Considerado por muitos como um dos
grande poetas brasileiros.
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