Quando é mais penoso compreender tudo,
tomar consciência de todas as impossibilidades, de todos os muros de
pedra; porém não se humilhar diante de nenhuma dessas impossibilidades,
diante de nenhuma dessas muralhas se isso te repugna, chegar, seguindo
as deduções lógicas mais inelutáveis, às conclusões mais desesperadoras,
no tocante a esse tema eterno de tua parte de responsabilidade nessa
muralha de pedra, se bem que esteja claro até a evidência que tu não
estás aqui para nada, e em consequência mergulhares silenciosamente, mas
rangendo deliciosamente os dentes, na tua inércia, pensando que não
podes mesmo te revoltar contra seja o que for, porque não há ninguém em
suma, porque isto não é senão uma farsa, senão uma falcatrua, porque é
uma trapalhada, não se sabe o quê nem se sabe quem, porém que, malgrado
todas essas velhacadas, malgrado essa ignorância, tu sofres, e tanto
mais quanto menos compreendes.
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