O Partido dos Panteras Negras se referia a uma organização de cunho
socialista e revolucionário, que atuou nos Estados Unidos entre os anos
de 1966 e 1982.
O movimento nasceu da necessidade de dar proteção à população negra
que era tratada como de segunda classe e costumeiramente perseguida e
agredida pela parte branca da população estadunidense.
A atividade mais realizada pelo Partido dos Panteras, desde a criação
em 15 de outubro de 1966, era a patrulha de cidadãos armados para
monitorar o comportamento dos oficiais do Departamento de Polícia de
Oakland, Califórnia, de modo a desafiar sua brutalidade.
Em 1969, os Panteras Negras desenvolveram uma série de programas
comunitários e sociais, sendo estas atividades o objetivo maior do
partido.
1 CONTEXTO DOS PANTERAS NAS OLIMPÍADAS DE 1968
A década de 1960 foi um período de muita luta para a população negra dos Estados Unidos.
Buscando ideais de igualdade e justiça e lutando contra a segregação racial, somando com o assassinato de dois dos maiores ativistas políticos negros, Martin Luther King Jr. e Malcom X, a luta dos negros era contra o forte e segregacionista racismo do próprio governo americano.
Atingindo e amplificando suas vozes contra o racismo, essas vozes
ecoaram em 1968 no México, mais precisamente no pódio dos 200 metros
livres dos Jogos Olímpicos.
O objetivo dos atletas negros que faziam parte dos Panteras Negras era fazer um boicote geral aos jogos olímpicos do México.
Decidiram não o fazer mais, entretanto, foram os mentores no
desenvolvimento de uma associação que colocava à mostra estas questões
raciais, deixando bem transparente que os negros precisariam ter
direitos políticos atuantes e que ninguém poderia ser descriminado pela
sua cor da pele.
A associação ficou mais conhecida pela sigla OPHR, que são as iniciais (em inglês) de Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos.
2 O PROTESTO DOS PANTERAS NEGRAS NAS OLIMPÍADAS
No segundo dia da competição dos jogos olímpicos, na prova de
atletismo de 200 metros livres, o resultado não surpreendeu: dois
americanos negros no pódio, e entre eles, em segundo lugar, um
australiano.
No momento do hino de seus países, Tommie Smith, medalha de ouro, e John Carlos, de bronze, baixaram ligeiramente a cabeça e ergueram seus braços com a luva preta, na saudação consagrada pelos Panteras Negras, como forma de atestar que o racismo deveria ser combatido.
O corredor australiano, Peter Norman, que estava entre ambos os
esportistas saudosos dos Panteras, apoiou os rivais de pódio. Recebeu a
prata com um distintivo do OPHR na camiseta.
A imagem dos três no pódio é uma das cenas mais divulgadas e
interessantes de todas as Olimpíadas contemporâneas e com o tempo se
transformaria num símbolo de resiliência, ousadia e empoderamento, para
ressignificar o movimento de afirmação dos negros americanos.
3 CONSEQUÊNCIAS DO ATO DO PROTESTO DOS PANTERAS NEGRAS NAS OLIMPÍADAS DO MÉXICO, 1968
3.1 Tommie Smith e John Carlos, os Panteras Negras
O Comitê Olímpico Internacional condenou severamente o gesto,
afirmando que esporte e política são assuntos separados, não se devendo
confundir.
A mídia americana criticou intensamente Smith e Carlos. A revista Time sublinhou a “raiva e a feiura” do protesto. Até as medalhas deles foram ameaçadas de serem canceladas, mas isso não foi feito.
De volta aos Estados Unidos, Smith e Carlos acabaram relegados a um
virtual ostracismo pelas autoridades que comandavam o atletismo
americano — autoridades brancas, naturalmente.
Para o ato realizado no pódio de 1968 finalmente se transformar em um corajoso ato de resistência foi necessário bastante tempo.
3.2 Peter Normal, o branco no pódio
Menos sorte ainda teve o australiano solidário. Peter Norman passou a
ser completamente ignorado pelos chefes do atletismo australiano e pela
imprensa local.
O racismo estava presente também na Austrália — onde os aborígines, os primeiros habitantes do país, também eram tratados como cidadãos de segunda classe.
A carreira de Norman foi severamente atingida e isso afetou bastante a sua vida particular.
Mas o gesto de solidariedade e abraço da causa do Protesto dos
Panteras Negras nas olimpíadas do México de 1968 nunca será apagado nem
dos registros históricos nem de quem presenciou aquele momento.
Em seu funeral, em 2006, Tommie Smith e John Carlos
estavam presentes e carregaram o esquife do amigo branco que entrou
para a história da luta dos direitos civis dos negros americanos.
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