Este é um bom livro de crônicas sobre
futebol e boxe — muito mais sobre futebol –, misturados com música e
cerveja. Na verdade, Saretta nem fala muito de cerveja, mas dá vontade
de ler O louco no espelho bebendo geladas num bar e, bem, eu li
o livro dentro de um avião. Pena, porque tudo parece uma longa e
agradável conversa. O cronista deriva de um assunto para outro até
dentro de um mesmo texto, o que reforça o tom de conversação. As
crônicas não estão ordenadas por temas nem cronologicamente, outro
mérito do livro.
Saretta parece saber tudo de futebol,
podendo escrever tanto sobre o artilheiro do Vasco da Gama nos anos 20
quanto sobre fatos mais recentes como a sequência de técnicos gaúchos na
Seleção Brasileira. Para quem gosta do esporte e até para quem não
gosta, vale muito a pena a leitura. Um fato que chama atenção no livro é
o de o autor apresentar vários argumentos contrários ao boxe como
esporte, mas sucumbir cabalmente ao fascínio daquele espetáculo. “Meu
trabalho é machucar as pessoas”, diz o grande Sugar Ray Robinson, citado
por Saretta.
O autor fala dos grandes, mas seus
melhores textos são sobre os fracassados, viciados, bêbados, esquecidos,
doentes ou azarados. A maioria dos textos são sobre coisas que não
funcionaram. Heleno de Freitas, Jake LaMotta e Syd Barrett surgem como
as grandes figuras que efetivamente foram nos textos de O louco no espelho.
Apesar da última observação, trata-se de um livro extremamente agradável e fluido, ideal para as férias. Eu curti e recomendo.
Do blog do Milton Ribeiro
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