O rico gasta o que quer; o pobre gasta o que pode; o sábio gasta o que precisa.
Quem disse isto foi o Budista Tibetano, entre uma baforada e outra de seu narguilê árabe (e não me perguntem o porquê desta salada étnica: são os mistérios do Oriente).
Um grande erro que cometemos é julgar que mais dinheiro é sempre uma coisa positiva. Dinheiro só resolve alguns tipos específicos de problemas, e os efeitos colaterais que muitas vezes traz consigo não valem a pena.
Dinheiro em excesso é como açúcar em excesso, antibiótico em excesso. Tudo demais é veneno, já dizia minha mãe, que entendia dessas coisas melhor do que o Oriente inteiro.
Tem gente que, mal começa a ganhar dinheiro, joga seu patamar de gastos lá pra cima. Não é um patamar 50% maior não, é coisa de duas ou três vezes mais. Ocorre muito no meio artístico, no qual muitos anos de sofrida ralação sem resultado algum parecem de repente ser premiados com um sucesso estrondoso da-noite-para-o-dia.
O sujeito sente-se enfim recompensado de tantas noites passadas em claro, tantos chás-de-cadeira em salas-de-espera, tanta peregrinações pelas redações de jornal com duas fotos e um relise, tantos malabarismos para fazer no fim do mês o rodízio entre as contas que vão ser pagas e as que vão ser acumuladas.
Quando menos se espera, começa a entrar dinheiro a rodo! O trabalho decola, o cara não sabe mais onde botar tanta grana. Um cara me disse uma vez: “Abri contas em três bancos, velho, porque um banco só não comporta”.
O cara aluga outro apartamento no mesmo andar, para transferir seu escritório e seus cinco mil livros. Ou compra um carro para a mulher e dois para os filhos, no espaço de três meses. Conheço um que fez uma festa de aniversário e pagou passagem de avião e hospedagem para uns quarenta amigos de infância.
Uns continuam a ganhar dinheiro, outros não; estes regridem para o estágio anterior e mergulham em depressão. Acharam que as vacas gordas tinham vindo para sempre; quando se deram conta, estavam todas no Spa do Brejo.
E não tem coisa mais sofrida do que ter experimentado o gostinho do dinheiro e depois ficar sem ele. Me lembra a frase de Fellini, referindo-se à época em que A Doce Vida (1960) estourou no mundo inteiro:
“Pensei que o sucesso tinha finalmente chegado, que dali para a frente minha vida seria outra. Mas nenhum filme meu voltou a dar tanto dinheiro, nenhum chegou nem perto. Eu pensava que aquilo era o começo do meu sucesso, e acabou sendo o ponto mais alto de minha vida”.
O alívio de quem começa a ganhar “um dinheiro legal” é tão grande que muitas vezes não lhe ocorre que aquilo seja passageiro, e que daí a alguns anos ele vai voltar para a boa e velha pindaíba. É o drama de quem toda vida foi proibido de gastar muito, e de repente sentiu-se na obrigação de gastar demais.
É como dizia o Budista Tibetano: “Não adianta dar um milhão de dólares, a um mendigo: um ano depois, ele vai estar te pedindo dinheiro pro cafezinho”.
Quem disse isto foi o Budista Tibetano, entre uma baforada e outra de seu narguilê árabe (e não me perguntem o porquê desta salada étnica: são os mistérios do Oriente).
Um grande erro que cometemos é julgar que mais dinheiro é sempre uma coisa positiva. Dinheiro só resolve alguns tipos específicos de problemas, e os efeitos colaterais que muitas vezes traz consigo não valem a pena.
Dinheiro em excesso é como açúcar em excesso, antibiótico em excesso. Tudo demais é veneno, já dizia minha mãe, que entendia dessas coisas melhor do que o Oriente inteiro.
Tem gente que, mal começa a ganhar dinheiro, joga seu patamar de gastos lá pra cima. Não é um patamar 50% maior não, é coisa de duas ou três vezes mais. Ocorre muito no meio artístico, no qual muitos anos de sofrida ralação sem resultado algum parecem de repente ser premiados com um sucesso estrondoso da-noite-para-o-dia.
O sujeito sente-se enfim recompensado de tantas noites passadas em claro, tantos chás-de-cadeira em salas-de-espera, tanta peregrinações pelas redações de jornal com duas fotos e um relise, tantos malabarismos para fazer no fim do mês o rodízio entre as contas que vão ser pagas e as que vão ser acumuladas.
Quando menos se espera, começa a entrar dinheiro a rodo! O trabalho decola, o cara não sabe mais onde botar tanta grana. Um cara me disse uma vez: “Abri contas em três bancos, velho, porque um banco só não comporta”.
O cara aluga outro apartamento no mesmo andar, para transferir seu escritório e seus cinco mil livros. Ou compra um carro para a mulher e dois para os filhos, no espaço de três meses. Conheço um que fez uma festa de aniversário e pagou passagem de avião e hospedagem para uns quarenta amigos de infância.
Uns continuam a ganhar dinheiro, outros não; estes regridem para o estágio anterior e mergulham em depressão. Acharam que as vacas gordas tinham vindo para sempre; quando se deram conta, estavam todas no Spa do Brejo.
E não tem coisa mais sofrida do que ter experimentado o gostinho do dinheiro e depois ficar sem ele. Me lembra a frase de Fellini, referindo-se à época em que A Doce Vida (1960) estourou no mundo inteiro:
“Pensei que o sucesso tinha finalmente chegado, que dali para a frente minha vida seria outra. Mas nenhum filme meu voltou a dar tanto dinheiro, nenhum chegou nem perto. Eu pensava que aquilo era o começo do meu sucesso, e acabou sendo o ponto mais alto de minha vida”.
O alívio de quem começa a ganhar “um dinheiro legal” é tão grande que muitas vezes não lhe ocorre que aquilo seja passageiro, e que daí a alguns anos ele vai voltar para a boa e velha pindaíba. É o drama de quem toda vida foi proibido de gastar muito, e de repente sentiu-se na obrigação de gastar demais.
É como dizia o Budista Tibetano: “Não adianta dar um milhão de dólares, a um mendigo: um ano depois, ele vai estar te pedindo dinheiro pro cafezinho”.
Bráulio Tavares
Mundo Fantasmo
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