terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
Canção final
Oh! se te amei, e quanto!
Mas não foi tanto assim.
Até os deuses claudicam
em nugas de aritmética.
Meço o passado com régua
de exagerar as distâncias.
Tudo tão triste, e o mais triste
é não ter tristeza alguma.
É não venerar os códigos
de acasalar e sofrer.
É viver tempo de sobra
sem que me sobre miragem.
Agora vou-me. Ou me vão?
Ou é vão ir ou não ir?
Oh! se te amei, e quanto,
quer dizer, nem tanto assim.
Carlos Drummond
Mas não foi tanto assim.
Até os deuses claudicam
em nugas de aritmética.
Meço o passado com régua
de exagerar as distâncias.
Tudo tão triste, e o mais triste
é não ter tristeza alguma.
É não venerar os códigos
de acasalar e sofrer.
É viver tempo de sobra
sem que me sobre miragem.
Agora vou-me. Ou me vão?
Ou é vão ir ou não ir?
Oh! se te amei, e quanto,
quer dizer, nem tanto assim.
Carlos Drummond
O primo Basílio
... tinha suspirado, tinha beijado o
papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía
delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia
um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim
numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu
encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria
de um luxo radioso de sensações!
Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho.
Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho.
Lua adversa
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua…)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu…
Cecília Meireles
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua…)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu…
Cecília Meireles
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Mário Quintana
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Mário Quintana
Ambiciosa
Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O vôo dum gesto para os alcançar…
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O vôo dum gesto para os alcançar…
Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar…
– Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar!
Sobre um amor em sangue a palpitar…
– Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar!
Minha alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus!
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus!
O amor dum homem? – Terra tão pisada!
Gota de chuva ao vento baloiçada…
Um homem? – Quando eu sonho o amor dum deus!…
Gota de chuva ao vento baloiçada…
Um homem? – Quando eu sonho o amor dum deus!…
Florbela Espanca
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
Versículos do dia
Sirva pois a tua benignidade para me consolar, segundo a palavra que deste ao teu servo. Salmos 119:76
Mas
não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um
morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é
de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. Romanos 5:15
Pensamentos que reúnem um tema
Estou pensando nos que possuem a paz de não pensar,
Na tranqüilidade dos que esqueceram a memória
E nos que fortaleceram o espírito com um motivo de odiar.
Estou pensando nos que vivem a vida
Na previsão do impossível
E nos que esperam o céu
Quando suas almas habitam exiladas o vale intransponível.
Estou pensando nos pintores que já realizaram para as multidões
E nos poetas que correm indefinidamente
Em busca da lucidez dos que possam atingir
A festa dos sentidos nas simples emoções.
Estou pensando num olhar profundo
Que me revelou uma doce e estranha presença,
Estou pensando no pensamento das pedras das estradas sem fim
Pela qual pés de todas as raças, com todas as dores e alegrias
Não sentiram o seu mistério impenetrável,
Meu pensamento está nos corpos apodrecidos durante as batalhas
Sem a companhia de um silêncio e de uma oração,
Nas crianças abandonadas e cegas para a alegria de brincar,
Nas mulheres que correm mundo
Distribuindo o sexo desligadas do pensamento de amor,
Nos homens cujo sentimento de adeus
Se repete em todos os segundos de suas existências,
Nos que a velhice fez brotar em seus sentidos
A impiedade do raciocínio ou a inutilidade dos gestos.
Estou pensando um pensamento constante e doloroso
E uma lágrima de fogo desce pela minha face:
De que nada sou para o que fui criada
E como um número ficarei
Até que minha vida passe.
Adalgisa Nery
Na tranqüilidade dos que esqueceram a memória
E nos que fortaleceram o espírito com um motivo de odiar.
Estou pensando nos que vivem a vida
Na previsão do impossível
E nos que esperam o céu
Quando suas almas habitam exiladas o vale intransponível.
Estou pensando nos pintores que já realizaram para as multidões
E nos poetas que correm indefinidamente
Em busca da lucidez dos que possam atingir
A festa dos sentidos nas simples emoções.
Estou pensando num olhar profundo
Que me revelou uma doce e estranha presença,
Estou pensando no pensamento das pedras das estradas sem fim
Pela qual pés de todas as raças, com todas as dores e alegrias
Não sentiram o seu mistério impenetrável,
Meu pensamento está nos corpos apodrecidos durante as batalhas
Sem a companhia de um silêncio e de uma oração,
Nas crianças abandonadas e cegas para a alegria de brincar,
Nas mulheres que correm mundo
Distribuindo o sexo desligadas do pensamento de amor,
Nos homens cujo sentimento de adeus
Se repete em todos os segundos de suas existências,
Nos que a velhice fez brotar em seus sentidos
A impiedade do raciocínio ou a inutilidade dos gestos.
Estou pensando um pensamento constante e doloroso
E uma lágrima de fogo desce pela minha face:
De que nada sou para o que fui criada
E como um número ficarei
Até que minha vida passe.
Adalgisa Nery
Estudo revela o fantástico cérebro da mulher de 40 anos
Chega uma idade em que nosso relógio biológico nos alerta para que
cuidemos de nós mesmas quando nos complicamos e levamos ao extremo esse
crescimento que estamos propondo. Sylvia é uma mulher de 40 anos que se
levantou uma manhã e, muito decidida, disse a si mesma: “Acabou. Até
agora chegamos aqui. Quero o divórcio”. Estava convencida de que seu
marido pensava demais em si mesmo e que a relação não chegava a lugar
nenhum.
Ela
se deu conta de que havia passado grande parte da sua vida cuidando dos
outros e rodeando-se de pessoas que somente se preocupavam com si
mesmas. Foi quando na mente de Sylvia se desfez aquela neblina que lhe
impedia ver e pode compreender aquilo que antes não compreendia. De
alguma maneira havia algo trocado, algumas cordas do seu coração se
romperam e, paradoxalmente, Sylvia se convenceu de que tinha cuidar de
si mesma uma vez por todas. Ela queria ficar fora da vida, queria se
livrar daquilo que não mais funcionava, fazer uma limpeza em seu dia a
dia.
O cérebro da mulher depois dos 40 anos
O cérebro da mulher depois dos 40 é uma bomba que está empreendendo
sua última volta hormonal. Cada ano da vida passa por muitas águas que
apagam algumas de suas conexões neurais; como consequência disto, surgem
novos e melhores pensamentos, emoções e interesses.
Como sabemos,
no cérebro da mulher se sucedem alterações de maneira constante durante
toda sua vida. Sua realidade não é tão estável como a de um homem. De
fato, se diz que a realidade neurológica de um homem é como uma
montanha, pois as mudanças que acontecem em sua estrutura são quase
imperceptíveis.
Sem embargo, a realidade feminina é como o
‘clima’, sempre mudando e difícil de prever. Assim que, se o clima pode
mudar semanalmente, é possível supor uma vida repleta de montanhas
russas hormonais?
O maravilhoso dom de ser mulher depois dos 40
Tal e como acontece a Sylvia, milhares de mulheres começam a
questionar sua vida em determinado período da sua evolução. Elas
percebem que são conduzidas por um fio tênue ao lugar onde estão, que
anseiam, e que desejam mudar.
Isto acontece porque, de alguma
forma, querem suas responsabilidades sem seguir penalizando a si mesmas,
aos seus desejos e suas inquietudes. Por isso começam a assumir riscos
que as permitem redescobrir aquele caminho que um dia se dividiu.
Por
isso é provável que a mulher com esta idade comece a tirar a sujeita de
suas lentes, se sinta muito mais desperta, ativa e queira limpar sua
vida de situações e exigências a que se submete emocionalmente. Em
definitivo, o que ocorre é que a certa idade nossa realidade começa a
mudar e tudo parece muito mais nítido e muito mais fácil de seguir até o
fim. O poder que uma mulher se impõe com o passar dos anos é algo que
reflete muito bem Oprah Winfrey com estas palavras: “Fico
maravilhada de que esta idade ainda está se desenvolvendo em mim,
buscando coisas e saindo das fronteiras pessoais para adquirir mais
conhecimento. Quando tinha vinte anos pensava que havia alguma idade
adulta mágica que faria, talvez aos trinta e cinco anos, que minha
“situação de adulta”, seria completa. É engraçado que esta fase foi
mudando com o curso dos anos e mesmo com quarenta, agora qualificada
pela vida, sinto que não era adulta mas tinha certeza de que seria.
Agora a minha expectativa vital ultrapassou qualquer sonho e esperança
que nunca imaginara e tenho a certeza de que temos de continuar nos
transformando para nos transformar em tudo que queremos ser”.
O que acontece no cérebro feminino?
Nossos hormônios constituem uma parte importante na construção de
nossa realidade, pois influem na percepção de nossas experiências,
nossos valores e nossos desejos.
A partir de certa idade o comando
destes sobre o cérebro feminino é muito mais estável, já que contribui
para que a mulher possa realçar as interferências de suas prioridades.
A variável concentração de estrogênio em nosso cérebro ao longo de nossa vida nos faz pensarmos no vasto campo das emoções, da comunicação e da empatia. Por isso geralmente tomamos decisões que nos levam a compreender e a sentir mais e melhor.
O certo é que os estrogênios estimulam tanto nosso humor assim como nossos pensamentos, nossos impulsos, nossa sexualidade, nossos desempenhos e nosso bem estar.
Assim
se conformam, segundo a neuropsiquiatra Louann Brizendine. “Muitas
atitudes únicas: evidente agilidade mental, habilidade para envolver-se
profundamente na amizade, capacidade quase mágica para ler nos rostos e
no tom de voz, enquanto aperfeiçoa as emoções e estados da alma e
adquire uma grande agilidade para desfazer conflitos”.
Os hormônios femininos
Digamos que, a partir da metade da década dos 40, a mulher começa a
entrar no final de sua montanha emocional. Graças a estas mudanças
cerebrais uma mulher sent6e a necessidade de fazer justiça a si mesma. É
dizer que o relógio biológico dispara o alarme cerebral necessário para
que a mulher cuide de si mesma e se autorealize. Assim, está quase
obrigada ao conhecimento e ao crescimento pessoal que, por uma mistura
de questões sociais e biológicas, a mulher já está se superando.
No
cérebro de mulheres como Sylvia veríamos que a máquina criadora de
impulsos hormonais deixaria de ser assim variável ao enviar estrogênios e
progesterona. Como consequência começa a cessar o ciclo menstrual.
Assim,
a máquina se torna muito mais precisa e estável. A raiz disto, a
amígdala (nossa sentinela emocional), deixará de criar aquela névoa que
nos impedia de ver a realidade de maneira objetiva e que nos fazia
ameaçadora aquela que não era.
Do mesmo modo, aqueles círculos que unem as áreas de processamento emocional (amígdala e sistema límbico) e as áreas cuja função é analisar e julgar nossa tomada de decisão (corteza prefrontal) estarão muito mais sincronizados.
Portanto, atuarão de maneira coerente e, juntos, diagnostica para si mesma.
Dado
que haja ou não uma atividade desproporcional destas regiões da mulher,
se torna muito mais equilibrada, faz com que pense com maior clareza e
não transborda com tanta facilidade.
Por outro lado, a cachoeira
de dopamina e oxitocina se autorregula da mesma forma, assim é que a
fêmea começa a priorizar o contato consigo mesma.
Em palavras
finais, a mulher começa a se maravilhar com o seu potencial e conecta
com sua realidade de outra maneira. É neste momento que se entoa o canto
da liberdade emocional, de um novo equilíbrio e de uma redefinição
vital que fará que se sinta muito mais plena.
Louann Brizendinne
domingo, 26 de fevereiro de 2017
Segunda canção de muito longe
Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…
Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa…
Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas como vozes de leões.
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos, o muro do quintal, que limitava o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos e as estrelas…
Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos…
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando os cachorros,
O chiar das chaleiras…
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!…
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!
Mário Quintana
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…
Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa…
Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas como vozes de leões.
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos, o muro do quintal, que limitava o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos e as estrelas…
Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos…
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando os cachorros,
O chiar das chaleiras…
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!…
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!
Mário Quintana
Se prisão dá indenização, que dizer de hospital?
Justiça discute medidas para conter superlotação carcerária
O Supremo Tribunal Federal decidiu, em julgamento encerrado nesta
quinta-feira, que qualquer brasileiro preso em cadeias degradantes faz
jus a indenização do Estado. Justo,
muito justo, justíssimo. De todos os imutáveis flagelos brasileiros o
flagelo do sistema penitenciário é um dos mais nefastos. Mas não é o
único. Se a Suprema Corte avalia que presos maltratados merecem
reparação, o que dizer dos brasileiros submetidos a padecimentos
hediondos nas filas e nas macas de hospitais públicos?
No caso das penitenciárias, o Supremo julgou o processo de um preso do Mato Grosso do Sul. A sentença terá de ser seguida pelas instâncias inferiores do Judiciário. Houve
unanimidade quanto à necessidade de reparação aos presos submetidos a
condições degradantes. Mas os ministros se dividiram em relação à forma
de pagamento. Três votaram por uma compensação por meio do
abatimento de dias na pena. Prevaleceram os sete que determinaram que o
dano deve ser reparado em dinheiro.
Considerando-se que o Estado brasileiro faliu, a reparação medida em dias de pena talvez fosse mais efetiva. Mas
seja como for, a Suprema Corte abriu uma porteira perigosa. Parece
razoável que os patrícios submetidos ao risco de morrer de fila ou de
maca nos hospitais públicos também batam às portas dos tribunais em
busca de indenizações. Que não serão honradas mesmo que reconhecidas
pelo Judiciário. Há Estados que não conseguem pagar nem os salários dos
seus servidores em dia. Que dirá indenizações!
Ouvido pelo blog, um dos ministros que participaram do julgamento
disse acreditar que eventuais pedidos de indenização de pacientes do SUS
talvez não recebam o mesmo tratamento que o Supremo deu aos presos. Por quê? “A
pessoa que vai presa é encarcerada por ordem do Estado, no local que a
autoridade determina. Não tem alternativa. Um doente, ao menos em tese,
teria a opção de procurar outro hospital público ou privado. Não haveria
a compulsoriedade.”
O raciocínio é lógico. Resta saber se os julgadores, quando
submetidos aos casos concretos, terão a coragem de sonegar a brasileiros
miseráveis destratados nos hospitais os mesmos direitos assegurados aos
criminosos.
Josias de Souza
Tá com essa cara por quê?
Cientistas ingleses afirmaram que já é possível fazer transplantes
de rosto.
É isso mesmo. Eu li a notícia numa dessas revistas de ciências, no consultório do meu médico A ideia dos cientistas é retirar a pele do semblante de um doador e reimplantá-la em outra pessoa. Afinal, eles dizem, a pele é apenas mais um órgão humano e, se já é possível fazer transplantes seguros até do coração, que é muito mais complicado, por que não da pele?
Eu fiquei abismado. Primeiro que eu nem sabia que a pele era considerada um órgão.Segundo que essa operação oferece possibilidades que beiram a ficção científica.
É, porque, embora os tais cientistas ingleses afirmem que a intenção deles é apenas recuperar pessoas desfiguradas por queimaduras, eu duvido muito que a coisa vá ficar por aí.
Você agora pode mudar de cara, entende? Quem sabe se, daqui alguns anos, a gente não vai poder escolher novas feições numa clínica ou até mesmo num supermercado ou num shopping?
A maioria das pessoas com quem comentei a notícia ficou entusiasmada. Afinal, quase ninguém é muito feliz com a cara que tem. Um reclama do nariz mais protuberante. A outra, de suas orelhas de abano. Um terceiro que tem muitas espinhas. Todo mundo quer mudar de cara.
Apenas um dos meus amigos não gostou muito da ideia. E com uma certa dose de razão.
— Eu é que não troco a minha cara. Apesar de feia, com essa pelo menos eu já estou acostumado.E, mesmo se fosse para trocar, eu ia querer a cara de quem? É uma pergunta interessante. A cara de quem você gostaria de ter? Do Silvester Stallone? Não. Acho que eu prefiro alguma coisa um pouco mais intelectual, Talvez do Woody Alien. Não, também não. Eu nunca fiquei bem de óculos. Do Tom Cruise? Não. As fãs não iam me deixar em paz. Do BilI Gates? Bem, só se, junto com a cara, viesse também seu saldo bancário. A verdade é que é muito difícil escolher uma nova cara.
— E tem outra— continuou meu amigo—, já imaginou ter a cara de outro homem ali, o tempo todo, encostadinha em você? Cai fora, sô...
Mas é claro que, apesar das dificuldades, muitas pessoas iam acabar aderindo aos transplantes de rosto. Umas por vaidade. Outras só porque é moda. E muitas por razões que a gente menos imagina.
— Mãe? Mas que cara é essa???
— Eu troquei de cara, filho.
— Mas... é a senhora mesmo?
— É claro que sou eu, meu filho.
— Mas essa cara, mãe, essa é a cara da... da...
— Joana Prado, filho, eu sei.
— Mas logo da Feiticeira, mãe! Não tinha outra cara pra você colocar?
— Pois é, filho. É que eu quis fazer uma surpresa pro seu pai. Pro meu pai?!
— É. Ele sempre vivia falando dessa Feiticeira pra cá, Feiticeira pra lá. E eu quis fazer uma surpresa pra ele e coloquei a cara dela.
— Puxa vida, mãe... Mas... e o pai gostou?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
É isso mesmo. Eu li a notícia numa dessas revistas de ciências, no consultório do meu médico A ideia dos cientistas é retirar a pele do semblante de um doador e reimplantá-la em outra pessoa. Afinal, eles dizem, a pele é apenas mais um órgão humano e, se já é possível fazer transplantes seguros até do coração, que é muito mais complicado, por que não da pele?
Eu fiquei abismado. Primeiro que eu nem sabia que a pele era considerada um órgão.Segundo que essa operação oferece possibilidades que beiram a ficção científica.
É, porque, embora os tais cientistas ingleses afirmem que a intenção deles é apenas recuperar pessoas desfiguradas por queimaduras, eu duvido muito que a coisa vá ficar por aí.
Você agora pode mudar de cara, entende? Quem sabe se, daqui alguns anos, a gente não vai poder escolher novas feições numa clínica ou até mesmo num supermercado ou num shopping?
A maioria das pessoas com quem comentei a notícia ficou entusiasmada. Afinal, quase ninguém é muito feliz com a cara que tem. Um reclama do nariz mais protuberante. A outra, de suas orelhas de abano. Um terceiro que tem muitas espinhas. Todo mundo quer mudar de cara.
Apenas um dos meus amigos não gostou muito da ideia. E com uma certa dose de razão.
— Eu é que não troco a minha cara. Apesar de feia, com essa pelo menos eu já estou acostumado.E, mesmo se fosse para trocar, eu ia querer a cara de quem? É uma pergunta interessante. A cara de quem você gostaria de ter? Do Silvester Stallone? Não. Acho que eu prefiro alguma coisa um pouco mais intelectual, Talvez do Woody Alien. Não, também não. Eu nunca fiquei bem de óculos. Do Tom Cruise? Não. As fãs não iam me deixar em paz. Do BilI Gates? Bem, só se, junto com a cara, viesse também seu saldo bancário. A verdade é que é muito difícil escolher uma nova cara.
— E tem outra— continuou meu amigo—, já imaginou ter a cara de outro homem ali, o tempo todo, encostadinha em você? Cai fora, sô...
Mas é claro que, apesar das dificuldades, muitas pessoas iam acabar aderindo aos transplantes de rosto. Umas por vaidade. Outras só porque é moda. E muitas por razões que a gente menos imagina.
— Mãe? Mas que cara é essa???
— Eu troquei de cara, filho.
— Mas... é a senhora mesmo?
— É claro que sou eu, meu filho.
— Mas essa cara, mãe, essa é a cara da... da...
— Joana Prado, filho, eu sei.
— Mas logo da Feiticeira, mãe! Não tinha outra cara pra você colocar?
— Pois é, filho. É que eu quis fazer uma surpresa pro seu pai. Pro meu pai?!
— É. Ele sempre vivia falando dessa Feiticeira pra cá, Feiticeira pra lá. E eu quis fazer uma surpresa pra ele e coloquei a cara dela.
— Puxa vida, mãe... Mas... e o pai gostou?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
— Gostou nada. Quem é que disse que era da cara da Feiticeira que seu pai gostava?
Artur de Carvalho
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada … a dolorida …
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada … a dolorida …
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
Colecionando a coisa certa
Há alguma coisa inata da natureza humana que a leva a
desejar colecionar coisas? As pessoas colecionam todas as espécies de
coisas interessantes: quadros, esculturas, selos, armas, bonés, canetas,
chaveiros…
Um cidadão norte-americano coleciona barbante desde
1950. Quando li a respeito disso, sua bola de barbantes media mais de
três metros de diâmetro e pesava cinco toneladas.
Uma vez encontrei um homem, que tinha colecionado mais
de quatro mil chaves de hotel. Ele me contou que um outro colecionador
tinha mais de dez mil.
Mas talvez o prêmio para a coleção mais extravagante é
de um dentista italiano que, em 1903, tinha uma coleção de 2.000.744
dentes.
Que espécie de coleção você está formando em sua vida. Não seria muito melhor colecionarmos ações e não coisas?
Prof. Menegatti
Frase
"Sem dúvida há um lago em mim, um lago solitário que se basta a si
mesmo; mas o meu rio de amor arrasta-o consigo para o mar."
Nietzche
O dia em que queimaram a "A União"
O presidente Solon de Lucena realizou, na Parahyba, um dos mais operosos governos de que se tem notícia, na República
Velha. Também pudera! Na presidência da nação estava seu parente e
chefe, Epitácio Pessoa. Este, paraibano de Umbuzeiro, aquele, de
Bananeiras. O jornal Cidade
de Bananeiras, edição de 19 de junho de 1908, dá notícia da presença do
mestre-escola Solon, ao lado do também professor Álvaro de Carvalho, no
encerramento do semestre letivo do Instituto Bananeirense, renomada
escola local que educou várias gera&ccedi l;ões. Alguns anos mais
tarde, os dois professores citados alcançariam o mais alto cargo do
Estado. Sólon, interinamente, na qualidade de presidente da Assembleia,
entre os anos 1912-1915 e eleito, a partir de 1920 até 1924. Álvaro,
após a morte trágica de João Pessoa,de quem era primeiro
vice-presidente. Em setembro de 1923, por pouco, Solon não foi deposto
do cargo de presidente da Parahyba.
É essa a história que quero contar. Era um sábado, 22
de setembro de 1923. As duas principais escolas da Parahyba eram o
Liceu Paraibano e a Escola Normal, localizadas ambas na praça comendador
Felizardo, hoje, João Pessoa. O monsenhor João Milanez, diretor da
escola normal, visando preservar a decência de suas alunas e a manutenção da ordem
pediu uma autorização especial ao chefe de Polícia, Demócrito de
Almeida, para que a Guarda Civil p oliciasse a praça e impedisse os
encontros dos jovens alunos dos dois estabelecimentos de ensino público.
Essa vigilância foi entregue ao guarda Antonio Menezes, de número 33.
Por conta própria, o padre estabeleceu uma linha imaginária, cognominada
de “linha da decência”, cuja travessia era proibida aos jovens do Liceu, enamorados ou não, das
suas normalistas e vice-versa. Naquele sábado, Sadi Castor Correia Lima
ao tentar aproximar-se de sua namorada Ágaba Gonçalves de Medeiros foi
impedido pelo guarda civil citado.
Da
discussão entre o Guarda 33 e o estudante, surgiu um tiro que atingiu,
mortalmente, o jovem Sadi, de 25 anos, que viera de Soledade estudar na
capital. O monsenhor Milanez não tinha a menor idéia de que o guarda
encarregado na vigilância da praça era um homem violento e com
antecedentes criminais. A morte do estudante comoveu o estado e
mobilizou seus colegas, revoltados com o crime, atribuído à
responsabilidade das autoridades constituídas a começar do Presidente do
Estado até o Chefe de Polícia e, principalmente, ao diretor da Escola
Normal. Um enterro simbólico do padre, acompanhado de perto pela
polícia, seguiu até a sua residência onde foi depositado o caixão
fúnebre. A repercussão quase derruba o pres idente Solon de Lucena que
agiu rápido e, como ainda hoje acontece, fez o pau quebrar-se no espinhaço do mais fraco. O presidente, de imediato, exonerou o diretor Milanez e
suspendeu, por decreto, as aulas das duas escolas. Para substituir
Milanez, foi nomeado o monsenhor Pedro Anísio, um conterrâneo do
presidente. Um mês depois, o fato criminoso ainda em evidência, é
agravado pelo suicídio da namorada enlutada.
No
domingo, 23 de setembro, quando o sepultamento do estudante Sadi era
realizado, os estudantes do Liceu permaneciam com o espírito alterado.
As passeatas, os discursos inflamados, serviam para reavivar a ferida
recentemente aberta. Ao tomar conhecimento de que a edição do jornal A
União, daquele dia, “registrara de maneira agressiva e impiedosa o crime da tarde anterior”,
como registra Apolônio Nóbrega, os estudantes que já haviam apedrejado a
sede da Guarda Civil e transitavam em atitude agressiva perante o
Palácio do Governo passaram a recolher nos
pontos de v enda do jornal A União todos os exemplares entregues à
distribuição. Amontoados em praça pública, foram queimados em sinal de
protesto. A Parahyba, que no passado assistira ao empastelamento e ao
incêndio de jornais da oposição, a exemplo de “O Commercio”, de Artur
Aquiles e, de “O Combate”, do jovem Boto de Menezes, pela primeira vez, testemunhava uma atitude de intolerância contra seu jornal oficial.
Ramalho Leite
(Consultei
“História Republicana da Paraíba” e “Política e Parentela na Paraíba”,
de Apolônio Nóbrega e Linda Lewin, respectivamente)
sábado, 25 de fevereiro de 2017
Poesia repentista
Pedro Ernesto Filho
(Ao saber da morte do grande poeta Diniz Vitorino)
(Ao saber da morte do grande poeta Diniz Vitorino)
Mote:
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
nasce um pé de saudade no sertão.
Quando um vate de nome e de cartaz
dá adeus a seus fãs e deixa a terra,
uma neve de dor envolve a serra
e os poetas que ficam perdem a paz,
a viola, sequer, se afina mais
e a poesia recita o seu refrão
como quem presta a última informação
pondo a culpa na ordem do destino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
dá adeus a seus fãs e deixa a terra,
uma neve de dor envolve a serra
e os poetas que ficam perdem a paz,
a viola, sequer, se afina mais
e a poesia recita o seu refrão
como quem presta a última informação
pondo a culpa na ordem do destino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
A canção erudita se entristece
e o luar de repente perde a cor,
quando a morte carrega um cantador
a cultura por si se desconhece,
a plateia chorosa permanece
enfrentado o calor da emoção
se pudesse se opor dizia não
mas conhece a grandeza do Divino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
e o luar de repente perde a cor,
quando a morte carrega um cantador
a cultura por si se desconhece,
a plateia chorosa permanece
enfrentado o calor da emoção
se pudesse se opor dizia não
mas conhece a grandeza do Divino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Uma voz no espaço triste diz
foi embora um poeta renomado,
todo pé de parede tem gravado
um poema da lavra de Diniz,
só o tempo restaura a cicatriz
que este fato gerou na multidão,
é possível encontrar em cada oitão
o sabor do seu verso cristalino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
foi embora um poeta renomado,
todo pé de parede tem gravado
um poema da lavra de Diniz,
só o tempo restaura a cicatriz
que este fato gerou na multidão,
é possível encontrar em cada oitão
o sabor do seu verso cristalino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Destacou-se entre os grandes sonetistas,
conterrâneo de Pinto do Monteiro,
Pernambuco, o seu solo derradeiro;
detentor de prestígio e de conquistas,
um parceiro afinado dos Batistas
que só deu alegria à profissão,
carregava no ritmo do baião
um estilo arrojado, raro e fino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
conterrâneo de Pinto do Monteiro,
Pernambuco, o seu solo derradeiro;
detentor de prestígio e de conquistas,
um parceiro afinado dos Batistas
que só deu alegria à profissão,
carregava no ritmo do baião
um estilo arrojado, raro e fino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Vários livros por ele publicados,
escreveu sobre temas sociais,
campeão em diversos festivais,
deu trabalho a poetas preparados,
o Nordeste acumula em seus estados
os efeitos cruéis da solidão,
seja casa de taipa ou casarão
já ouviu, do Diniz, a voz de sino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
escreveu sobre temas sociais,
campeão em diversos festivais,
deu trabalho a poetas preparados,
o Nordeste acumula em seus estados
os efeitos cruéis da solidão,
seja casa de taipa ou casarão
já ouviu, do Diniz, a voz de sino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Deu sucesso duplando com Bandeira,
deixou brilho cantando com Xudu,
semeou no sertão do Pajeú
o melhor da poesia brasileira,
mas a morte precoce e traiçoeira
resolveu do poeta lançar mão,
e lá no céu os colegas que estão
o recebem com festa, graça e hino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
deixou brilho cantando com Xudu,
semeou no sertão do Pajeú
o melhor da poesia brasileira,
mas a morte precoce e traiçoeira
resolveu do poeta lançar mão,
e lá no céu os colegas que estão
o recebem com festa, graça e hino.
Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Seja inadequado, porque não se adequar a uma sociedade doente é uma virtude
A vida contemporânea cheia de regras e adestramento fez com que
houvesse uma padronização completa das pessoas, de tal maneira que todos
se comportam do mesmo modo, falam das mesmas coisas, se vestem mais ou
menos do mesmo jeito, possuem as mesmas ambições, compartilham dos
mesmos sonhos, etc. Ou seja, as particularidades, as idiossincrasias,
aquilo que os indivíduos possuem de único, inexistem diante de um mundo
tão pragmático e controlado.
Vivemos
engaiolados, tendo sempre que seguir o padrão, que se encaixar em
normas pré-determinadas, como se fôssemos todos iguais. Sendo assim, a
vida acaba se transformando em uma grande linha de produção, em que
todos têm que fazer as mesmas coisas, ao mesmo tempo e no mesmo ritmo,
de modo a tornar todos iguais, sem qualquer peculiaridade que possa
definir um indivíduo de outro e, por conseguinte, torná-lo especial em
relação aos demais.
Somos enjaulados em vidas superficiais e nos
tornamos seres superficiais, totalmente desinteressantes, inclusive,
para nós mesmos. Sempre conversamos sobre as mesmas coisas com quer que
seja, ouvindo respostas programadas pelo padrão, o qual nos torna seres
adequados à vida em sociedade.
Entretanto, para que serve uma
adequação que transforma todos em um exército de pessoas completamente
iguais e chatas, que procuram sucesso econômico, enquanto suas vidas
mergulham em depressões?
Qual o sentido de adequar-se a uma
sociedade que mata sonhos, porque eles simplesmente não se encaixam no
padrão? Uma sociedade que prefere teatralizar a felicidade a permitir
que cada um encontre as suas próprias felicidades. Uma sociedade que
possui a obrigação de sorrir o tempo inteiro, porque não se pode jamais
demonstrar fraqueza. Uma sociedade que retira a inteligência das
perguntas, para que nos contentemos com respostas rasas. Então, por que
se adequar?
Os nossos cobertores já estão ensopados com os nossos
choros durante a madrugada. O choro silencioso para que ninguém saiba o
quanto estamos sofrendo. Para manter a farsa de que estamos felizes.
Para fazer com que mentiras soem como verdade, enquanto, na verdade, não
temos sequer vontade de levantar das nossas camas.
O pior de tudo
isso é que preferimos vidas de silencioso desespero a romper com as
amarras que nos aprisionam e nos distanciam daquilo que grita dentro de
nós, esperando aflitamente que o escutemos, a fim de que sejamos nós
mesmos pelo menos uma vez na vida sem a preocupação de agradar aos
outros.
Somos uma geração com medo de assumir as rédeas das
próprias vidas. E, assim, temos permitido que outros sejam protagonistas
destas. É preciso coragem para retomá-las e viver segundo aquilo que
arde dentro de nós, mesmo que sejamos vistos como loucos, pois só assim
conseguiremos sair das depressões que nos encontramos. É preciso sacudir
as gaiolas, já que, como diz Alain de Botton: “As pessoas só ficam
realmente interessantes quando começam a sacudir as grades de suas
gaiolas”. E, sobretudo, é preciso ser inadequado, porque não se adequar a
uma sociedade doente é uma virtude.
Por dívida, homens retiram corpo de caixão e o levam embora
Uma cena brutal chocou familiares de um morto que estava sendo enterrado em Gana.
Durante o sepultamento, dois homens agiram com brutalidade, abriram o
caixão e levaram o cadáver. Tudo isso ocorreu em razão de uma dívida
equivalente a R$ 104 que “defunto tinha”.
Segundo o Citi News, o corpo foi levado como garantia para que a
dívida fosse quitada por parentes do morto. O valor cobrado é referente às
roupas postas no homem para o enterro, de um necrotério onde a dupla
trabalha.
Uma vaquinha realizada horas depois quitou a dívida e o corpo foi devolvido.
Fonte aqui
O artigo publicado no O Estado de S. Paulo
Depois de publicar no Estado de S. Paulo, em 14 de março de 1897 o
artigo intitulado "A Nossa Vendéia", Euclides da Cunha foi designado
como correspondente desse periódico no sertão baiano.
Relação dos artigos enviados pelo escritor e publicados no Estado de S. Paulo, no período de julho a outubro de 1897:
A Nossa Vendéia (1) (Publicado em 14 de março de 1897) |
O relatório apresentado em 1888 pelo Sr. José C. de Carvalho
sobre o transporte do meteorito de Bendegó, os trabalhos do ilustre
professor Caminhoá e algumas observações de Martius e Saint-Hilaire
fazem com que não seja de todo desconhecida a região do extremo norte da
Bahia determinada pelo vale do Irapiranga ou Vaza-Barris, rio em cuja
margem se alevanta a povoação que os últimos acontecimentos tornaram
histórica - Canudos.
Pertencente ao sistema huroniano ou antes erigindo-se como um terreno
primordial indefinido entre aquele sistema e o laurenciano, pela
ocorrência simultânea de quartzitos e gnisses graníticos
característicos, o solo daquelas paragens, arenoso e estéril, revestido,
sobretudo nas épocas de seca, de vegetação escassa e deprimida, é,
talvez maisdo que a horda dos fanatizados sequazes de Antônio
Conselheiro , o mais sério inimigo das forças republicanas.
Embora com a regularidade que lhes é inerente passem sobre ele
impregnados de umidade adquirida em longa travessia do Atlântico, na
direção de noroeste, os ventos alísios - a ação benéfica destes é em
grande parte destruída, simultaneamente, pela disposição topográfica e
pela estrutura geognóstica da região.
Assim é que falta a esta, talvez, correndo em direção paralela à
costa, uma alta cadeia de montanhas - destinadas na física do globo
individualizar os climas, segundo a expressão sempre elegante de Humbolt
- na qual refletindo ascendam aquelas correntes às altas regiões aonde
um brusco abaixamento de temperatura, determinado pela dilatação num
meio rarefeito, origine a condensação dos vapores e a chuva.
O observação do relevo da nossa costa justifica em grande parte esta
hipótese despretenciosamente formulada. De fato, terminada a majestosa
escarpa oriental do planalto central do Brasil, a serra do Mar, que
desaparece na Bahia, diferenciada em serras secundárias, acentua-se de
modo notável para o norte a depressão geral do solo de ondulações
suaves, patenteando num ou noutro ponto apenas, sem continuidade, as
massas elevadas do interiror.
Por outro lado, a estrutura geognóstica daquela região, composta em
grande parte de rochas dotadas de alto poder absorvente para o calor,
determina naturalmente a ascenção quase persistente de grandes colunas
de ar, ardentíssimas, que dissipam os vapores ou afastam as nuvens que
encontram.
Da concorrência de tais fatos, acreditamo-lo, resulta provavelmente a
causa predominante das secas que periodicamente assolam aquelas
paragens, estendendo-se com maior intensidade aos estados limítrofes do
interior.
Daí a aridez característica, em certos meses, dos sertões do Norte.
Nessas quadras a relva requeimada, através da qual, como única
vegetação resistente, coleiam cactos flageliformes reptantes e ásperos,
dá aos campos, revestidos de uma cor parda intensa, a nota lúgubre da
máxima desolação; o solo fende-se profundamente, como se suportasse a
vibração interior de um terremoto; as árvores desnudam-se, despidas das
folhagens, com exceção do juazeiro de folhas elípticas e coriáceas, - e
os galhos que morreram ficam por tal modo secos que , em algumas
espécies, basta o atrito de um sobre outro para produzir-se o fogo e o
incêndio subsequente de grandes áreas.
E sobre as chapadas desertas e desoladas alevantam-se quase que
exclusivamente os mandacarus (cereus) silentes e majestosos; árvores
providenciais em cujos galhos e raízes armazenam-se os últimos recursos
para a satisfação da sede e da fome ao viajante retardatário - cactáceas
gigantes que, revestidas de grandes frutos de um vermelho rutilante e
subdividindo-se com admirável simetria em galhos ascendentes, igualmente
afastados, patenteiam a conformação típica e bizarra de grandes
candelabros firmados sobre o solo...
"Então", diz Saint-Hilaire, "um calor irritante acabrunha o viajante, uma poeira incômoda alevanta-se sob seus passos e algumas vezes mesmo não se encontra água para mitigar a sede. Há toda a tristeza de nossos invernos com um céu brilhante e os calores do verão."
Sem transição apreciável, entretanto, a estas secas intensas e
nefastas, sucedem, bruscamente às vezes, as quadras chuvosas e
benéficas: impetuosas correntes rolam sobre o leito de rios que dias
antes completamente secos davam idéia de largas estradas tortuosas,
lastradas e quartzo fragmentado e grés duríssimo, conduzindo a lugares
remotos do sertão.
E sobre os campos, em cujo solo depauperado vingavam apenas bromélias
resistentes e cactos esguios desnudos, florescem o umbuzeiro (Spondias
tuberosa) de saboroso fruto e folhas dispostas em palmas; a jurema
(acacia) predileta dos caboclos e os mulungus interessantíssimos em
cujos ramos tostados e sem folhas desdobram-se como flâmulas festivas
grandes flores de um escarlate vivíssimo e deslumbrante.
"O ar que então se respira", diz o ilustre professor Caminhoá, "tem
um aroma dos mais agradáveis e esquisitos. Uma temperatura de 16O a 18o à
noite e pela manhã obriga a procurar agasalho aos que poucos dias antes
dormiam ao relento e com calor. As aves que tinham, emigrado para as
margens e lugares próximos dos rios e mananciais voltam a suas
habitações. Foi ali que compreendemos quanto é bem dado aos papagaios o
nome específico de festivus. Com efeito, quando chegam os bandos dessas
aves a gritarem alegremente, acompanhadas de um sem-número de outras,
começam logo a se animar aquelas paragens e como que a natureza
desperta.
"Então, o sertanejo é feliz e não inveja nem mesmo os reis da Terra !".
Como se vê naquela região, intermitentemente, a natureza parece
oscilar entre os dois extremos - da maravilhosa exuberância à completa
esterelidade. Este último aspecto, porém, infelizmente, parece
predominar.
A este inconveniente alia-se um outro, derivado da disposição geral
do terreno. Assim é que todo contraposta à topografia habitual dos
nossos campos do sul - ligeiramente ondulados e descambando em suaves
declives para os inúmeros vales que os rendilham, caracterizam-se
aqueles pelas linhas duras e incisivas das fundas depressões, terminando
os tabuleiros bruscamente em escarpas abruptas, separando-se os cerros
por desfiladeiros estreitos, flanqueados de grotas cavadas a pique...
Com muito maior intensidade que no Sul observa-se ali a ação modificadora dos elementos sobre a terra.
Nos lugares em que a ação mecânica das águas determinando uma erosão
mais enérgica faz despontar a rocha granítica subjacente, observa-se
quase sempre um fenômeno interessante. Esta última apruma-se, largamente
fendida em direções quase perpendiculares dando a ilusão de lanços
colossais e semiderruídos de ciclópica muralha, nos quais as lajes
enormes dispõem-se às vezes umas sobre as outras, com admirável
regularidade. Este fato, largamente observado por Livingstone nas baixas
latitudes africanas, traduz a inclemência do meio.
Patenteia a alternativa persistente do calor dos dias ardentíssimos e
o frio da irradiação noturna de onde resulta a disjunção da rocha em
virtude deste jogo perene de dilatações e contrações.
Estes rudes monumentos, aos quais não se equiparam talvez os dolmens
da Bretanha, quebram em grande parte a monotonia da paisagem avultando,
solenes, sobre o plano das chapadas...
É sobre estes tabuleiros, recortados por inúmeros vales de erosão,
que se agitam nos tempos de paz e durante as estações de águas, na
azáfama ruidosa e álacre das vaquejadas os rudes sertanejos
completamente vestidos de couro curtido - das amplas perneiras ao chapéu
de abas largas - tendo a tiracolo o laço ligeiro a que não escapa o
garrote mais arisco ou rês alevantada, e pendente, à cinta, a comprida
faca de arrasto, com que investe e rompe intricados cipoais.
Identificados à própria aspereza do solo em que nasceram, educados
numa rude escola de dificuldades e perigos, esses nossos patrícios do
sertão, de tipo etnologicamente indefinido ainda, refletem naturalmente
toda a inconstância e toda a rudeza do meio em que se agitam.
O homem e o solo justificam assim e algum modo, sob um ponto de vista
geral, a aproximação histórica expressa no título deste artigo. Como na
Vendéia o fanatismo religioso que domina as suas almas ingênuas e
simples é habilmente aproveitado pelos propagandistas do império.
A mesma coragem bárbara e singular e o mesmo terreno impraticável
aliam-se, completam-se. O chouan fervorosamente crente ou o tabaréu
fanático, precipitando-se impávido à boca dos canhões que tomam o pulso,
patenteiam o mesmo heroísmo mórbido difundido numa agitação desordenada
e impulsiva de hipnotizados.
A justeza do paralelo estende-se aos próprios revezes sofridos. A
Revolução Francesa que se aparelhava para lutar com a Europa, quase
sentiu-se impotente para combater os adversários impalpáveis da Vendéia -
heróis intangíveis que se escoando céleres através das charnecas
prendiam as forças republicanas em inextricável rede de ciladas...
Entre nós o terreno, como vimos, sob um outro aspecto embora, presta-se aos mesmos fins.
Este paralelo será, porém, levado às últimas consequências. A República sairá triunfante desta última prova.
Euclides da Cunha
|
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
A armadilha da identidade
A mais perigosa armadilha é aquela que possui a aparência de uma
ferramenta de emancipação. Uma dessas ciladas é a ideia de que nós,
seres humanos, possuímos uma identidade essencial: somos o que somos
porque estamos geneticamente programados. Ser-se mulher, homem, branco,
negro, velho ou criança, ser-se doente ou infeliz, tudo isso surge como
condição inscrita no ADN. Essas categorias parecem provir apenas da
Natureza. A nossa existência resultaria, assim, apenas de uma leitura de
um código de bases e nucleótidos.
Esta biologização da identidade é uma capciosa armadilha. Simone de Beauvoir disse: a verdadeira natureza humana é não ter natureza nenhuma. Com isso ela combatia a ideia estereotipada da identidade. Aquilo que somos não é o simples cumprir de um destino programado nos cromossomas, mas a realização de um ser que se constrói em trocas com os outros e com a realidade envolvente.
A imensa felicidade que a escrita me deu foi a de poder viajar por entre categorias existenciais. Na realidade, de pouco vale a leitura se ela não nos fizer transitar de vidas. De pouco vale escrever ou ler se não nos deixarmos dissolver por outras identidades e não reacordarmos em outros corpos, outras vozes.
A questão não é apenas do domínio de técnicas de decifração do alfabeto. Trata-se, sim, de possuirmos instrumentos para sermos felizes. E o segredo é estar disponível para que outras lógicas nos habitem, é visitarmos e sermos visitados por outras sensibilidades. É fácil sermos tolerantes com os que são diferentes. É um pouco mais difícil sermos solidários com os outros. Difícil é sermos outros, difícil mesmo é sermos os outros.
Mia Couto, in 'E Se Obama Fosse Africano?'
Esta biologização da identidade é uma capciosa armadilha. Simone de Beauvoir disse: a verdadeira natureza humana é não ter natureza nenhuma. Com isso ela combatia a ideia estereotipada da identidade. Aquilo que somos não é o simples cumprir de um destino programado nos cromossomas, mas a realização de um ser que se constrói em trocas com os outros e com a realidade envolvente.
A imensa felicidade que a escrita me deu foi a de poder viajar por entre categorias existenciais. Na realidade, de pouco vale a leitura se ela não nos fizer transitar de vidas. De pouco vale escrever ou ler se não nos deixarmos dissolver por outras identidades e não reacordarmos em outros corpos, outras vozes.
A questão não é apenas do domínio de técnicas de decifração do alfabeto. Trata-se, sim, de possuirmos instrumentos para sermos felizes. E o segredo é estar disponível para que outras lógicas nos habitem, é visitarmos e sermos visitados por outras sensibilidades. É fácil sermos tolerantes com os que são diferentes. É um pouco mais difícil sermos solidários com os outros. Difícil é sermos outros, difícil mesmo é sermos os outros.
Mia Couto, in 'E Se Obama Fosse Africano?'
Pode-se estar apaixonado por várias
pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma.
Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de
raiva: o coração tem mais quartos que uma pensão de putas."
(...)
Mas era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.
(...)
Mas era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.
Se as minhas mãos pudessem desfolhar
Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.
Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!
Federico García Lorca
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.
Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!
Federico García Lorca
As três peneiras
Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém.
Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou:
- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
- Três peneiras? - indagou o rapaz.
- Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?
Arremata Sócrates:
- Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos beneficiar.
Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta.
Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou:
- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
- Três peneiras? - indagou o rapaz.
- Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?
Arremata Sócrates:
- Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos beneficiar.
Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Frases mordazes do aniversariante de hoje: Arthur Schopenhauer
Este é o momento de relembrar frases felinas do aniversariante de
hoje: Arthur Schopenhauer. Ele nasceu no dia 22 de fevereiro de 1766 e é
um dos mais importantes filósofos alemães. Ele achava que o mundo nada
mais era do uma representação formada pelo indivíduo. Influenciou Freud e
Nietzsche e foi o responsável por introduzir o budismo à metafísica
alemã.
Thomas Mann comenta em ensaio, que Arthur Schopenhauer,
psicólogo da vontade, é o pai de toda a psicologia moderna; dele se vai
pelo radicalismo psicológico de Nietzsche, em linha reta até Freud.
Foi
a partir da segunda a metade do século XIX, após a publicação de
Pererga und Paralipomena e do inesperado sucesso desse livro, que o
autor passou a ter cada vez mais seguidores, cada vez mais professores
de filosofia começaram a dedicar cursos à sua obra, e os críticos do
sistema idealista passaram a tomá-la como referência.
É difícil ficar quieto quando não se tem nada para fazer.
“Interromper a criação de seus próprios pensamentos a fim de abrir
lugar para os pensamentos de outros livros lembra-me o comentário de
Shakespeare sobre seus contemporâneos que vendiam sua terra a fim de ver
outros países.”
“Pensamos raras vezes no que temos, mas sempre no que nos falta.”
“Os primeiros 40 anos de vida nos dão o texto; os 30 seguintes fornecem o comentário sobre ele.”
Renunciamos a três quartos de nós mesmos para sermos como os outros.
Renunciamos a três quartos de nós mesmos para sermos como os outros.
“É em ninharias e quando está desatento que o homem revela seu caráter.”
“É um erro acreditar que não precisamos obedecer a qualquer moral em
nossa atitude para com os animais, e que não temos qualquer
responsabilidade moral para com eles. Este será o caminho da vulgaridade
e da brutalidade completas.”
“Não há ódio mais implacável do que o da inveja.”
“Honra é a consciência externa e a consciência é a honra interna.”
“A riqueza se parece com a água do mar: quanto mais dela bebemos, tanto mais sede experimentamos.”
“As pessoas comuns pensam apenas como passarão o tempo; um homem de intelecto tenta usar o tempo.”
“O homem só pode ser ele próprio quando está sozinho; se não gosta de solidão, não gosta de liberdade.”
“Não sei quantas são as formas de se ganhar uma discussão sem ter razão.”
“A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais.”
“A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade.”
“Honra é a consciência externa e a consciência é a honra interna.”
“Só
quando a verdade foi adquirida por seu próprio pensamento, através dos
esforços de seu intelecto, ela se torna membro de seu próprio corpo, e
só essa verdade realmente nos pertence.”
“Ler é pensar com a cabeça dos outros.”
“Um fluxo constante de pensamentos de outros pode parar ou amortecer seu próprio pensamento e sua própria iniciativa.”
“Todas
as religiões prometem uma recompensa… pela excelência de propósitos ou
do coração, mas nenhuma pela excelência do cérebro ou do discernimento.”
“A
obra de arte só nos causa grande impressão quando nos dá algo que,
mesmo com todo o esforço de nosso intelecto, não podemos compreender
totalmente.”
“Desejar a imortalidade é desejar a perpetuação de um grande erro.”
“A música é feita com a mesma substância da alma e ambas igualmente expressam a razão por trás da existência.”
“A riqueza se parece com a água do mar: quanto mais dela bebemos, tanto mais sede experimentamos.”
“A verdade tem 3 estágios: primeiro ela é ridicularizada, depois contestada, e, finalmente, aceita.”
“A
felicidade pertence àqueles que são auto-suficientes. Já que todas as
fontes externas de felicidade e prazer são, por sua natureza, altamente
incertas, precárias, efêmeras, e sujeitas a mudanças.”
“A melhor de todas as maravilhas não é o conquistador do mundo, mas o dominador de si próprio.”
Fonte aqui
Frase
As pessoas crescidas têm sempre
necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é
fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.
Canção para o dia de sempre - Para Nora Lawson
Tão bom viver dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...
A vida, assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como essas nuvens do céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência.., esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mário Quintana - Canções
Como essas nuvens do céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência.., esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mário Quintana - Canções
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