quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Como as novas profissões estão transformando as universidades?

As universidades estão sendo obrigadas a se transformar, reformulando seus currículos, implantando mecanismos facilitadores da educação e gerando novos processos ensinos.
Na medida em que avançamos no século XXI, verificamos que a tecnologia vem influenciando fortemente a organização das empresas e gerando novos critérios para a contratação de profissionais, que devem estar mais adaptados aos perfis de habilidades que agora são exigidos.

Se anteriormente entendíamos que a missão da universidade era a de apenas fornecer os conteúdos que habilitariam os seus egressos a exercerem as profissões escolhidas, hoje passamos a conviver com uma situação inteiramente diversa, já que, em curto espaço de tempo, muitas tecnologias se tornam obsoletas, exigindo um constante aperfeiçoamento e uma formação continuada dos profissionais.

Ao mesmo tempo, a antiga forma de transmitir conhecimentos de maneira compartimentada, sem considerar a articulação entre as várias áreas do conhecimento, caiu por terra, tornando necessário um novo olhar sobre a ciência.

Desse modo, a formação universitária passou a exigir dois compromissos: com a educação continuada, capaz de permitir uma qualificação constante, e com a interdisciplinaridade, organizando os conteúdos de modo a assegurar a utilização em conjunto dos conhecimentos transmitidos nas várias disciplinas.

Além disso, o notável incremento verificado nas novas tecnologias de informação e de comunicação tornou extremamente fácil o acesso ao conhecimento disponível nas redes existentes, gerando nos professores a obrigação de orientar seus estudantes a selecionarem adequadamente as informações e a interpretá-las.

Esses jovens habituaram- se a conviver, com intimidade, com dados e imagens. Assim, também mudou o perfil exigido para os professores.

Tudo isto provocou grandes modificações no processo pedagógico. As salas de aulas estão mudando, deixando o velho padrão de filas e colunas de carteiras e criando novas configurações, onde os alunos trabalham em conjunto, sobre problemas e casos oferecidos pelos professores.

Dotar os estudantes de habilidades que farão parte da suas vidas tornou-se também uma parte importante dos currículos. A primeira delas é o estímulo ao trabalho em equipe, e portanto, o fortalecimento das relações interpessoais. A informática gerou meios de comunicação virtual, facilitando o trabalho em grupo, muitas vezes do outro lado do mundo.

Além disso, os estudantes devem adquirir o hábito do pensamento crítico e a capacidade de solução de problemas, pois as empresas estão aperfeiçoando continuamente seus produtos, processos e serviços, e as respostas de ontem não necessariamente respondem às questões de hoje.

Agilidade e adaptabilidade às mudanças são outros requisitos indispensáveis, tornando os novos profissionais aptos ao enfrentamento dos crescentes desafios. Duas habilidades indispensáveis que devem ser estimuladas nos nossos estudantes são o empreendedorismo e a iniciativa, visando a eliminação da inércia na busca de novas soluções para os problemas que enfrentam.

A comunicação oral e escrita, capaz de permitir clareza e concisão nas discussões e facilitando as negociações, é hoje uma obrigação de qualquer profissional. O raciocínio lógico é outra habilidade requerida nos profissionais do século XXI. Adicionalmente, os profissionais agora são chamados a resolver novos problemas, com os quais nunca tiveram contato. O convívio com a inovação é, portanto, uma das mais importantes qualidades.

As universidades estão sendo obrigadas a se transformar, reformulando seus currículos, implantando mecanismos facilitadores da educação continuada e gerando inovações no processo ensino- aprendizagem. Certa vez, um participante de um seminário de docentes afirmou que o grande problema enfrentado pela educação em nosso país é o de "lidarmos com professores do século XX, ensinando conteúdos do século XIX a jovens do século XXI". Mudar este cenário é um grande desafio para os nossos docentes.


Por Paulo Alcântara Gomes

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