A foto de Dida Sampaio é mais que o registro do momento em
que Dilma Rousseff, presidente da República há quase dois anos, cumprimentou o
ministro Joaquim Barbosa, que acabara de assumir a presidência do Supremo
Tribunal Federal.
A imagem documenta a colisão frontal, estridentemente silenciosa, entre
sentimentos antagônicos
O chefe do Poder Judiciário está feliz. A chefe do Poder Executivo está
contrafeita, nas fímbrias da amargura. Joaquim Barbosa é o anfitrião de uma
festa. Dilma Rousseff é a conviva involuntária que nada tem a festejar.
Ele se sente em casa e pensa no que fará. Ela pensa no que ele anda fazendo e
se sente obrigada a enviar um recado fisionômico aos condenados no julgamento do
mensalão: se pudesse, estaria longe dali.
Só ele sorri. O sorriso contido informa que o ministro não é homem de
exuberâncias e derramamentos. Mas é um sorriso. Os músculos faciais se
distenderam, os dentes estão expostos, o movimento da pálpebra escava rugas nas
cercanias do olho esquerdo.
O que se vê no rosto da presidente é um esgar. A musculatura contraída
multiplica os vincos na face direita, junta os lábios num bico assimetricamente
pronunciado e desvia o olhar do homem à sua frente.
O descompasso das almas é sublinhado pelas mãos que não se apertam. A dele ao
menos se abre. A dela, nem isso. Dilma apenas toca Joaquim com a metade dos
quatro dedos. Ele cumprimenta como quem chegou. Ela cumprimenta como quem não vê
a hora de partir.
Conjugados, tais detalhes sugerem que, se Joaquim Barbosa sabe que chefia um
dos três Poderes independentes, Dilma Rousseff imagina chefiar um Poder que dá
ordens aos outros.
O julgamento do mensalão já deixou claro que não é assim. A maioria dos
ministros é imune a esgares.
Os que temem carrancas nem precisam disso para atender aos interesses do
governo. Não são juízes. São companheiros.
Augusto Nunes
Fonte: Blog do Augusto Nunes
Um comentário:
Que triste a impressão que a presidente deu a todos os brasileiros, principalmente a um Ministro, ou aliás, como para o bem descreve o texto, ele esta ali para todos. Esta ali para apenas receber um título e não para comandar os demais cargos. Imagino uma coisa: É que a Dilma esta sendo, além de egoista, aetica e anti-politica. Não sabe devendar, não sabe distinguir, uma medalha para o seu valor! Já ele, o grande Joaquim, humilde, sereno, com risos de humor e simplicidade diante a sua posse, recebe a presença da presidente e nem nota o esgar triste que a fez...Eis a hora de medires os pesos: Um, eleva-se a fúria em contrair o companheiro com a sua feia fisionomia. O outro, recebe elegantemente a sua meia mão, de apenas quatros dedos maus dados e sem apertos, mas sem fugir de sua grandiosidade! Muito bonito e elogiosa a figura de Joaquim nesse Pais tão corropido quanto o Brasil está hoje! Meus parabéns a Joaquim, que entende muito bem o que é humor, amor, respeito e cargo!!!
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