Faz falta ao Brasil uma boa lei que facilite — ou, melhor, torne obrigatória
— a punição dos bandidos de terno e gravata. É como se pode definir os chefões
da corrupção no país. Existe um projeto de lei cuidando do assunto.
Foi proposto pelo Poder Executivo em 2010. Infelizmente, ele dorme numa
comissão especial da Câmara dos Deputados há mais de um ano.
Isso se deve, segundo informam deputados da própria comissão, a um lobby
sustentado por empresas de engenharia e de construção civil. Não são conhecidos
os argumentos usados pelos lobistas. Mas a turma da arquibancada, também
conhecida como opinião pública, ainda não tomou conhecimento do assunto.
Há pouco tempo, a arquibancada tomou conhecimento das estripulias do
banqueiro de bicho Carlinhos Cachoeira, e isso foi decisivo para a prisão de
Carlinhos. A lei contra a corrupção, se já estivesse em vigor, aumentaria
consideravelmente o número de companheiros dele na cadeia.
Faz falta um movimento popular que torne isso possível. Seria o lobby da
opinião pública contra o lobby das empresas. A sua meta seria uma pressão sobre
o Legislativo para levar adiante a tramitação da lei contra a corrupção.
Deputados e senadores dificilmente resistiriam a uma forte manifestação da
vontade dos eleitores.
Seria muito difícil para os representantes do povo resistirem a uma
manifestação firme da vontade dos cidadãos que lhes concederam a representação.
Principalmente porque a nova lei significaria a obediência do Brasil ao
compromisso assumido pelo seu governo, há 12 anos, quando ratificou uma
convenção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico contra o
suborno.
Há pouco tempo, levamos um puxão de orelhas da OCDE, acompanhado da ameaça de
uma recomendação a empresas dos seus países-membros, no sentido de que
suspendessem seus negócios com o Brasil.
É de envergonhar. Será preciso que o povo volte às ruas, para cobrar decência
de seus representantes?
Luiz Garcia é jornalista
O Globo
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