Quando o ocaso faz-se, de repente,
No patamar das serras apagadas,
À tumba enorme e rubra do poente,
Vão começar as horas sossegadas...
Deita-se lento o sol sobre as quebradas,
Volta, da roça, o pobre alegremente,
E, ao voejar das aves assustadas,
Ouve a nhandu gemer dolentemente.
Soa distante o sino da capela,
Brilha, no céu, a Dalva, estrela bela,
Astro fiel, altar de inspiração...
Sobe, então, nas asas do fervor,
A oração vesperal cheia de amor,
Como, de amor, é cheio o meu sertão...
(Arlindo Ugulino)
Num soneto clássico, de versos decassílabos e esquema rimático abab, baba nos quartetos e ccd, eed nos tercetos, o poeta descreve uma cena campestre na sublime hora do “ângelus”, momento de oração que ocorre no fim do dia: Quando o ocaso faz-se, de repente, / No patamar das serras apagadas. Pela falta da luz solar, as serras perdem o brilho natural. O clima é de paz, pela realização do dia de trabalho do camponês: Deita-se lento o sol sobre as quebradas, / Volta, da roça, o pobre alegremente.
Caracteriza-se a hora do ângelus pela religiosidade expressa no toque do sino: Soa distante o sino da capela - a igrejinha rural. É a hora da Ave-maria.
O prenúncio da noite é vislumbrado pela estrela mais brilhante que enxergamos no firmamento: Brilha, no céu, a Dalva, estrela bela, / Astro fiel, altar de inspiração...
A oração do fim do dia sela a devoção do camponês: Sobe, então, nas asas do fervor, / A oração vesperal cheia de amor, / Como, de amor, é cheio o meu sertão...
O soneto é construído numa perspectiva de tranqüilidade e sugere o amor telúrico que o camponês tem pelo seu rincão e a sublimação desse espaço do dia que termina na oração expressa pela hora do ângelus.
Entretanto, a alegria do camponês, pela realização de mais um dia de trabalho, contrasta com um toque de nostalgia presente no canto do nhandu: Ouve a nhandu gemer dolentemente.
Numa construção poeticamente trabalhada, a opção vocabular do texto é de uma simplicidade tal, que torna clássica não só a forma como também linguagem do poema clássico - o soneto.
No patamar das serras apagadas,
À tumba enorme e rubra do poente,
Vão começar as horas sossegadas...
Deita-se lento o sol sobre as quebradas,
Volta, da roça, o pobre alegremente,
E, ao voejar das aves assustadas,
Ouve a nhandu gemer dolentemente.
Soa distante o sino da capela,
Brilha, no céu, a Dalva, estrela bela,
Astro fiel, altar de inspiração...
Sobe, então, nas asas do fervor,
A oração vesperal cheia de amor,
Como, de amor, é cheio o meu sertão...
(Arlindo Ugulino)
Num soneto clássico, de versos decassílabos e esquema rimático abab, baba nos quartetos e ccd, eed nos tercetos, o poeta descreve uma cena campestre na sublime hora do “ângelus”, momento de oração que ocorre no fim do dia: Quando o ocaso faz-se, de repente, / No patamar das serras apagadas. Pela falta da luz solar, as serras perdem o brilho natural. O clima é de paz, pela realização do dia de trabalho do camponês: Deita-se lento o sol sobre as quebradas, / Volta, da roça, o pobre alegremente.
Caracteriza-se a hora do ângelus pela religiosidade expressa no toque do sino: Soa distante o sino da capela - a igrejinha rural. É a hora da Ave-maria.
O prenúncio da noite é vislumbrado pela estrela mais brilhante que enxergamos no firmamento: Brilha, no céu, a Dalva, estrela bela, / Astro fiel, altar de inspiração...
A oração do fim do dia sela a devoção do camponês: Sobe, então, nas asas do fervor, / A oração vesperal cheia de amor, / Como, de amor, é cheio o meu sertão...
O soneto é construído numa perspectiva de tranqüilidade e sugere o amor telúrico que o camponês tem pelo seu rincão e a sublimação desse espaço do dia que termina na oração expressa pela hora do ângelus.
Entretanto, a alegria do camponês, pela realização de mais um dia de trabalho, contrasta com um toque de nostalgia presente no canto do nhandu: Ouve a nhandu gemer dolentemente.
Numa construção poeticamente trabalhada, a opção vocabular do texto é de uma simplicidade tal, que torna clássica não só a forma como também linguagem do poema clássico - o soneto.
Terezinha Almeida Silva
Professora
Um comentário:
O poeta Arlindo Ugulino, eu não o conheço mas, logo dar pra perceber que é um Simbolista, um amante da essência da arte e da natureza...
Não necesssitava mais dizer nada. Porque a professora Terezinha complementou-a e descreveu sua obra, retalhando a exibição expressa na religiosidade e no natural, do "Angelus", que é a Ave-Maria do sertanejo, um momento de reflexão no fim do dia, precisamente às 18:00 horas e, nos seus versos, meramente extasiados na primazia da aurora, do padecer fatídico das horas, declamando a idêntica feição fugitiva dos raios, para se acalentarem na noite...
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