terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Foiarás e As Virgens do Beco da Cadeia: tradição e irreverência de um quase carnaval








Oficialmente a cidade de Pombal não tem carnaval. Não há trios elétricos sacudindo a cidade nem colombina nem pierrôs. Há anos que os gestores públicos não incentivam decisivamente na comemoração da folia momesca pelas bandas de cá.

Apesar disso, dois blocos carnavalescos teimam em dar as caras todos os anos. Os blocos "As Virgens do Beco da Cadeia" e os "Foirás" travam disputas acirrada nos quesitos de apresentação pelas ruelas da pequena Pombal, interior da Paraíba.

Formados em sua maioria por cidadãos humildes e utilizando seus parcos recursos e a pouco ajuda financeira dispensada, os blocos inovam em seus adereços utilizando recursos naturais como folhas, cabaças, capim e palhas de coqueiro para a confecção de suas fantasias. É certo que sempre tem aquele (ou aquela) folião mais "afoito" que logo aparece com uma dessas fantasias mais espalhafatosa.

Sem samba enredo nem marcação de bateria, rapazes se vestem de moças ou "quase moças" e com seus trajes percorrem a cidade sob o combustível de 40 litros de aguardente (todos doados por populares) que são, cuidadosamente, consumidos no percurso da nossa Marques do Sapucaí que vai do Bairro do Cacete Armado para a Praça do Centenário, ponto da apoteose carnavalesca.

Este ano, na terça-feira de carnaval, nêgo Carú, de posse de um potente microfone e de cima de uma das calçadas se encarregou de organizar a saída dos Foiarás.

No dia anterior havia sido a vez das "Virgens do Beco da Cadeia", que trouxe como atração, a exuberância da fantasia de Vandeca, um dos passistas mais animados.

Apesar do pouco investimento, "As Virgens do Beco da Cadeia" e "Os Foiarás", ao seu modo, vêm consolidando uma tradição de anos em nossa cidade com suas irreverências e alegrias.

Talvez seus desfiles se traduzam num solitário grito de socorro cultural, quem sabe, ou talvez aos olhos de muitos, seja apenas uma inconsequente manifestação de desocupados, nada mais que isso!

O importante é que eles, de novo este ano, alegraram as nossas tristes tardes de um quase carnaval.


EM TEMPO:

O Dr. Zildo de Souza, leitor do Blog, diligentemente nos acudiu com a necessária correção de alguns dados sobre os Blocos Foirá e as Virgens do Beco da Cadeia. Como não temos compromisso com os nossos enganos, cuidamos de transcrever seu providencial complemento as informações aqui prestadas.

"Meu Caro Téo Jr, parabéns pelo Artigo, mas faço só uma correção. O nome é "Foiará" (no singular mesmo) ou também "Folhará", ou seja, devido aos parcos recursos dos seus membros, eles fizeram suas fantasias de folhas, era de bananeira, oiticica, e outras folhas mais, daí esse curioso nome.
Esse, como também nos últimos 5 ou 6 anos, houve uma divergência e surgiu o "Azulão" que seria originário do Constituinte, numa clara alusão, sem trocadilhos, à cor predominante de umas das principais esquipes de futebol de nossa cidade, e comandado por Valmir Dantas de Morais - o folclórico "Nêgo Carú", viu-se também "mais essa agremiação" carnavalesca, portanto, o que você viu ali foi a mistura dos Blocos Foiará e Azulão com a sensual adesão das Virgens do Beco da Cadeia, este dirigido por "Raimunda de João Facundo" conhecida corretora de imóveis nesta urbe.
Sim, é preciso registrar que Nêgo Carú ficou furioso quando de sua "cata" por patrocínios, "Zurué", carnavalesco do Foiará, disse que só a diretoria do seu antigo bloco que segundo ele teria mais de 32 anos, era maior do que todo o Azulão.
Mas no mais vale a resistência cultural. Vamos apoiar esses insistentes e valorosos animadores populares.

Um comentário:

Jairo Alves disse...

OUTROS PONTOS...

Foi interessante a presença dos carnavalescos, os grupos: "Foiará e Asulão", nas ruas de Pombal, buscando participar com mais autenticidade ou pelo menos, aglomerar a atenção de pessoas que os admirem, que aplaudam durante as apresentações.

Mas o que pra mim é uma meia corrida e mínima fulia.

Por que somente "As Virgens do Beco da Cadeia, ainda é um quase caranval e uma quase tradição?...
"Quase carnaval"- porque não se têm maoir junção desses blocos e maoir concentração nas ruas.-"Quase Tradição"- porque as partidas e as organizações dos fuliões, não persistem nas ruas, e não conseguem espalhar no perído, com mais vigor, o carnaval em Pombal. Pombal não poderia seguir outras cidades do seu porte, como Catolé, Patos, Cajazeira e até Campina Grande e por que não? Pombal não é mais velha do que todas? Será que não teve tempo de organizar os seus fuliões?

Acho que Pombal está dormindo no sono muito profundo e há tanto tempo...

Sou Pombalense, e acho que Pombal precisa melhorar e tanto, economicamente, culturalmente, e principalmente no que mais é agravante, em termos na administração, dos empregos e fontes de renda ou de acisitencialismo das pessoas!
O que têm de fábricas em Pombal?
Doceiras, padarias, Teás de redes, Ofinas, Barracos, Borracharias, Lanchontes, Lojas comerciais, Farmácias... Mas tudo de asistencia e que os pombalenses precisam pagar pra terem o que necessitam e não sabem aonde ganham, pra comprarem no dia seguinte. A economia gira em torno de: Aposentadorias, Servidor público, e o Estado.
Nosso povo tem uma mentalidade, gravemente atrasado: Se um botam 2,000,00 reais no bolso, estão ricos e ali não precisam mais de nada. São aquilo mesmo. Vivem de "aparencias". Até quando vamos ser camaleões camaliões?...
Mas tem carros importados,
mas têm casas bem estruturas, enprestam dinheiro a juros exorbitantes,-vê-se a 10%, a 7% e no mínimo, 5%.
O comercio é neutro. Não temos fonte que garanta uma qualidade ou uma produção positiva, que flua lucros e melhores condições do capital girar, nos bolsos da população.
É uma pena Pombal, tão velha, mas tão atrasada, tão acomodada em pleno século 21, nos meios que citei.

Esse é o meu ponto de vista.