Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.
De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.
Bocage
do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.
De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.
Bocage
Um comentário:
O inestimával Manuel Maria de Barbosa du Bocage, o maoir poeta do arcadismo português. Teve maior influência, também no romantismo, pois seu estilo, estava em transição com a corrente romântica do século 18. É autor de: "Elegia, A virtude laureada", dentre tantas do seu calibre inovador, pelo lirismo, quase que real, em toda obra. E há quem mais do que ele para morrer enquanto viver? No belo poema ele invade a alma, a sua evocação inesperada diante a pena de não se conter,
a mais alta estima conturbada; filtro que o conduziria aderente a sua aspirante existência...
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