Escrito em 1875 por William Ernest Henley, o poema britânico "Invictuous" apresenta palavras fortes em seus versos finais: "Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma". Um século depois de escrito, o poema tornou-se o companheiro mais constante de histórico prisioneiro inocente: Nelson Mandela que, aprisionado em Robben Island cumprindo pena de trabalhos forçados, lia e relia o texto de Henley para manter a esperança e a sanidade.
"Invictus", o poema, é mencionado duas vezes em "Invictus", o novo filme dirigido por Clint Eastwood. Da primeira vez, na cena que muda todo o ritmo e a dinâmica do filme, Mandela (Morgan Freeman), já presidente da África do Sul, recita o texto para François Pienaar (Matt Damon), o capitão dos Springboks, a seleção sul africana de rugby. O ano é 1995, uma copa do mundo do rugby se aproxima, a ser disputada numa África do Sul ainda profundamente dividida ao longo das linhas raciais. Os Springboks, contumazes perdedores, são o próprio símbolo da supremacia branca. "Na prisão, nós fazíamos questão de torcer por quem estivesse jogando contra eles", Mandela/Freeman admite.
E é por isso mesmo que Mandela chama o jovem capitão do time a Pretória - ele quer não apenas que o time ganhe a copa, mas aproxime-se da população negra que o hostiliza. E para que Pienaar saiba que não é tarefa fácil, mas possível, ele cita o poema. "Ele me disse uma vez - e eu, no papel dele, repito isso no filme - que ir aos jogos olímpicos de Barcelona foi uma experiência fundamental para ele", diz Morgan Freeman, escolhido pessoalmente por Mandela para representá-lo na tela. "Ele viu como países diferentes, até inimigos, podiam se unir em torno do esporte. Mandela é um grande processador de informação."
A segunda aparição de "Invictus" é fictícia, mas poderosa como signo: o poema está na carta que Mandela envia a Pienaar no início da copa de rugby (na verdade Mandela enviou um trecho de um discurso do presidente norte americano Theodore Roosevelt). "Eles sabiam que representavam algo maior", diz Matt Damon, que treinou com o próprio Pienaar para adquirir a endurance necessária ao jogo. "Foi uma jornada incrível para eles não apenas até a vitória, mas principalmente até aprender a letra para "Nkosi Sikele iAfrica" (o hino da África do Sul pós-apartheid) e jogar representando, de fato, todo o país."
Indicados ao Globo de Ouro por Invictus, respectivamente como melhor ator e melhor coadjuvante, Freeman e Damon tiveram experiências diferentes mas complementares fazendo Invictus - rodado na África do Sul, um país que ambos adoraram. Para Damon foi "a descoberta do esporte, que é incrivelmente exigente e violento. Mas aceitei o desafio para honrar Pienaar, uma pessoa decente e corajosa." Para Freeman, que conhece Mandela de longa data, foi a oportunidade de viver integralmente a experiência do homem que admira. "Mas, ao contrário dele, não sou capaz de perdoar integralmente. Perdoar, talvez. Esquecer, jamais."
Fonte:
ANA MARIA BAHIANA,
Especial para o UOL, de Los Angeles, EUA
"Invictus", o poema, é mencionado duas vezes em "Invictus", o novo filme dirigido por Clint Eastwood. Da primeira vez, na cena que muda todo o ritmo e a dinâmica do filme, Mandela (Morgan Freeman), já presidente da África do Sul, recita o texto para François Pienaar (Matt Damon), o capitão dos Springboks, a seleção sul africana de rugby. O ano é 1995, uma copa do mundo do rugby se aproxima, a ser disputada numa África do Sul ainda profundamente dividida ao longo das linhas raciais. Os Springboks, contumazes perdedores, são o próprio símbolo da supremacia branca. "Na prisão, nós fazíamos questão de torcer por quem estivesse jogando contra eles", Mandela/Freeman admite.
E é por isso mesmo que Mandela chama o jovem capitão do time a Pretória - ele quer não apenas que o time ganhe a copa, mas aproxime-se da população negra que o hostiliza. E para que Pienaar saiba que não é tarefa fácil, mas possível, ele cita o poema. "Ele me disse uma vez - e eu, no papel dele, repito isso no filme - que ir aos jogos olímpicos de Barcelona foi uma experiência fundamental para ele", diz Morgan Freeman, escolhido pessoalmente por Mandela para representá-lo na tela. "Ele viu como países diferentes, até inimigos, podiam se unir em torno do esporte. Mandela é um grande processador de informação."
A segunda aparição de "Invictus" é fictícia, mas poderosa como signo: o poema está na carta que Mandela envia a Pienaar no início da copa de rugby (na verdade Mandela enviou um trecho de um discurso do presidente norte americano Theodore Roosevelt). "Eles sabiam que representavam algo maior", diz Matt Damon, que treinou com o próprio Pienaar para adquirir a endurance necessária ao jogo. "Foi uma jornada incrível para eles não apenas até a vitória, mas principalmente até aprender a letra para "Nkosi Sikele iAfrica" (o hino da África do Sul pós-apartheid) e jogar representando, de fato, todo o país."
Indicados ao Globo de Ouro por Invictus, respectivamente como melhor ator e melhor coadjuvante, Freeman e Damon tiveram experiências diferentes mas complementares fazendo Invictus - rodado na África do Sul, um país que ambos adoraram. Para Damon foi "a descoberta do esporte, que é incrivelmente exigente e violento. Mas aceitei o desafio para honrar Pienaar, uma pessoa decente e corajosa." Para Freeman, que conhece Mandela de longa data, foi a oportunidade de viver integralmente a experiência do homem que admira. "Mas, ao contrário dele, não sou capaz de perdoar integralmente. Perdoar, talvez. Esquecer, jamais."
Fonte:
ANA MARIA BAHIANA,
Especial para o UOL, de Los Angeles, EUA
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