segunda-feira, 30 de abril de 2018
Amar e ser amado
Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus lábios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?
Castro Alves
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus lábios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?
Castro Alves
Canção das mulheres
Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dóia ideia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dóia ideia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft
domingo, 29 de abril de 2018
“Tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não são os amores felizes mas os contrariados.”
Gabriel García Márquez
Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!
Tem de ser equilibrista até o final. E suando muito, apertando o
cabo da sombrinha aberta, com medo de cair, olhando a distância do arame ainda
a percorrer - e sempre exibindo para o público um falso sorriso de serenidade.
Tem de fazer isso todos os dias, para os outros, como se na vida você não
tivesse feito outra coisa, para você como se fosse a primeira vez, e a mais
perigosa. Do contrário, seu número será um fracasso.
Frase
Os
falsos amigos são como sombras, só nos acompanham quando o sol brilha. Os
verdadeiros amigos esperam a lua nascer.
(Frase
pronunciado por Collor no discurso de despedida. A Frase não é dele)
Os cantos coletivos
Uma vez um jornalista meio esperto questionou um músico da
banda Sepultura, perguntando: “Você acha que as platéias conseguem entender as
letras das canções que vocês estão urrando?”
E ele disse: “Rapaz, quem vai num show da gente já sabe aquilo tudo de
cor”. Disse bem, porque quando estou vendo um show realmente grande, com som de
estrondar, uma das coisas que mais gosto é de cantar a plenos pulmões. Não para
ser ouvido. Canto pelo prazer de cantar, que faz tanto bem ao corpo e à mente
quanto dançar. Nem toda música é para berrar junto, claro. Mas a
música-de-berrar-junto tem propriedades terapêuticas que são só suas.
E mais uma coisa. Eu diria que 90% das pessoas no mundo são
bastante desafinadas. Não, digamos: dois terços. Não, digamos: mais da
metade. Enfim, os desafinados devem ser
maioria, e quando largados ao seu próprio entusiasmo para puxar um
parabéns-pra-você acabam, como disse Torquato Neto, desafinando o coro dos
contentes. Mas essas pessoas num show de rock podem se esgoelar em “Jumpin’
Jack Flash” ou num show de samba com “Foi um Rio que Passou na Minha Vida” sem
pagar mico algum, porque o som é ensurdecedor e o cara pode até dar uma
viajada, e achar que aquilo que está saindo das caixas de som é ele que está
emitindo.
Experiências de campo, conduzidas em condições de rígido
controle, me provaram que em mesa de bar, bloco de carnaval e torcida de
futebol para cada 100 pessoas cantando basta haver umas 20 ou 30 de gogó
possante e afinação segura. Essas pessoas puxam o canto sustentando um padrão
tonal contínuo, e as vozes mais semitonantes acabam meio que se aglomerando à
sua volta. Se esses 20 ou 30 pararem juntos, desanda tudo. Fiz a experiência.
Os desafinados também têm um coração, e fazem no canto
coletivo a sua terapia. Os sem ritmo também. Não havendo percussão de
instrumentos, são as vozes que ditam sozinhas o tempo e o andamento, indo ao
fluxo natural das frases cantadas, sem uma marcação fixa. Wagner Tiso declarou
certa vez que tinha dificuldade em estabelecer uma marcação rítmica constante
nas canções de Milton Nascimento, porque a voz, a melodia e as frases seguiam
apenas seu próprio formato, sem parecer se encaixar num “metrônomo” externo a
elas. Isso é coisa do canto religioso, que muitas vezes amolda sua cadência às
longas caminhadas dos romeiros, ou dos cantos de trabalho, que se amoldam aos
movimentos repetidos do corpo. Já
emissões vocais como a do aboio prescindem de ritmo, sua vocação é alongar-se,
prolongar-se em notas longas entre as quais se intercalam sílabas de canto,
escandidas com muita intensidade e pouca pressa.
Bráulio Tavares
Mundo Fantasmo
Versículos do dia
Porque, como os
novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha
face, diz o Senhor, assim também há de estar a vossa posteridade e o
vosso nome.
Nada
temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de
vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez
dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
sábado, 28 de abril de 2018
"Fräulein" era pras pequenas a
definição daquela moça... antipática? Não. Nem antipática nem simpática:
elemento. Mecanismo novo da casa. Mal imaginam por enquanto que será o
ponteiro do relógio familiar.
Fräulein... nome esquisito! nunca vi! Que bonitas assombrações havia de gerar na imaginação das crianças! Era só deixar ele descansar um pouco na ramaria baralhada, mesmo inda com poucas folhas, das associações infantis, que nem semente que dorme os primeiros tempos e espera. Então espigaria em brotos fantásticos, floradas maravilhosas como nunca ninguém viu. Porém as crianças nada mais enxergariam entre as asas daquela mosca azul... Elza lhes fizera repetir muitas vezes, vezes por demais a palavra! Metodicamente a dissecara. "Fräulein" significava só isto e não outra coisa. E elas perderam todo gosto com a repetição. A mosca sucumbira, rota, nojenta, vil. E baça.
Mário de Andrade
Amor e seu tempo
Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade
Universitários homenageiam cão que “frequentava” aulas junto com eles, em Pelotas
Que o cão é o melhor amigo do homem, nós temos certeza. Mas como
demonstrar todo o nosso agradecimento por esses animais tão fiéis e
amorosos, que nunca nos deixa na mão? A turma de biologia da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) fez uma homenagem na formatura tão linda que nós decidimos compartilhar com vocês. (Você também pode apoiar os Animais com Visa, sem pagar nada a mais por isso, inscreva-se aqui.)
A turma acaba de se formar e, após 5 anos de convivência diária com Orelha,
um dos cachorros que vivem no campus da universidade, decidiram que ele
também merecia participar da festa de formatura. Depois de conversarem
com o diretor da faculdade, Althen Teixeira e receberem
autorização, Orelha foi homenageado com uma fotografia ao lado de todos
os outros alunos e até menção honrosa na hora do tão esperado discurso
na colação de grau.
Orelha é conhecido na universidade e acompanhou os alunos da turma
recém formada desde o primeiro até o último dia. Ele costuma receber os
alunos na porta de entrada e os acompanha até o ponto de ônibus na hora
da saída: “Ele nos recebe na chegada e nos entrega na parada de
ônibus na saída. Entra nas salas, assiste às aulas com a gente,
acompanha seminários, frequenta os laboratórios”, afirma Cristiane Baptista, “colega” de sala de Orelha.
Quando não estava assistindo aula, Orelha costumava ficar na área
externa em uma rodinha de alunos. Amigo de todos e companheiro para
todas as horas, o simpático cão merecia ser homenageado e foi exatamente
isso que aconteceu: “Autorizei sem problema nenhum. Vi com grande
surpresa e grande alegria a iniciativa eles. Esse ensinamento que os
jovens nos deram abre o Instituto de Biologia para um outro olhar para
essas homenagens. Homenagens muito mais bonitas e reais”, diz o diretor ao ser questionado sobre sua opinião ao G1.
Depois do sucesso que fez a história, muitas pessoas quiseram
adotá-lo, mas um dos alunos já disse que ele não está para adoção e que o
lugar dele é o campus: “Ele brinca, passa o dia inteiro correndo com os
outros cães, então é importante avisar aos fãs do Orelha que ele não
está para adoção”, afirma Ítalo Ferreira.
Com informações de G1
Fotos: reprodução RBS TV
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