Pássaros, todos os que no chão desconhecem morada. (p. 61)
O vendedor de pássaros não tem nome, é só o “passarinheiro”. Os
colonos do lugar colocam medo nos filhos, plantando desconfiança em
relação à alegre presença do vendedor, o chamam de “preto”
despectivamente, dizem que ele “suja o bairro”. Tiago, um menino
sonhador, desobedece às ordens do pai e vai ver o passarinheiro, que
traz aves de infinita beleza. Os portugueses incomodados com a presença
feliz do negro, como ele se atreve a existir?! O homem mora num tronco
de árvore, um embondeiro, dizem, tem poderes sobrenaturais; gaita do
homem, também. O velho passarinheiro é espancado e preso. Seu crime? Ser
negro, simples e feliz. O final de Tiago é um poético triste final.
Mia Couto
Nenhum comentário:
Postar um comentário