Acautelei-me de algumas palavras escritas para o momento pois a
ocasião é de despedida e toda despedida é cheia de emoção, sentimento
incorrigível e traiçoeiro, ela quase sempre, teima em embargar-nos a
voz, a afugentar os vocábulos e o pensamento, deixando um rastro de
silêncio em seu lugar.
Mas, é preciso dizer alguma coisa. Nós,
servidores do Fórum de Pombal, que tivemos o prazer de conviver com a
Dra. Candice por todo esse tempo não poderíamos nos furtar de deixar
aqui o nosso reconhecimento e agradecimento, que não é só nosso, mas
também dos jurisdicionados desta terra.
Sabemos quão difícil é a
arte de julgar. Nesse campo não há empate. Há sempre um que ganha, há
sempre um que é contrariado. Processo natural da aplicação do Direito.
Sabemos todos que o Poder Judiciário exerce subjetivamente indiscutível
função pública. É o que faz no instante em que dispõe de poderes para
apreciar e decidir sobre qualquer lesão ou ameaça de direito,
originária, inclusive, dos Poderes Executivo e Legislativo; na
oportunidade em que declara a inconstitucionalidade da lei; no momento
em que invalida ou convalida a punição imposta ao servidor público; na
ocasião em que procura salvaguardar lesão de ordem pública e de
repercussão insuportável pelo erário, dentre outras tantas condições.
No momento em que o país vive uma ebulição ética, política e moral, é
confortante aduzir a todos o nosso prazer em testemunhar o compromisso
da Dra. Candice com a prática da justiça, muitas vezes, indo além de seu
oficio, sendo conselheira, psicóloga, médica e até mãe de tantos que
acorreram ao seu gabinete, sem, contudo, afastar-se de sua coragem, do
seu senso de justiça, honestidade e imparcialidade, sem necessitar de
acender uma vela a Deus e outra ao diabo. Distribuindo humanidade e alma
a frieza das letras frias dos processos.
Não é demais lembrar
que as decisões do magistrado têm vida curta e fatalmente terminam
adormecidas nos arquivos; mas a dignidade de quem as profere permanece
acordada na memória dos jurisdicionados. Bustos e nomes nos
frontispícios dos foros podem significar mais egoísmo do que
merecimento; mais vaidade pessoal do que retrato moral do pleito
autoconcedido. Elucide-se que o busto de bronze é apenas um retrato
plástico que, convertido em homenagem, não tem o condão de engrandecer
quem não soube engrandecer-se e, dependendo do homenageado, pode até ser
depreciativo, ao invés de enaltecedor.
De outro norte, sua
memória será cultuada em cada um de nós servidores que sentiremos sua
falta, muito mais sentirá aquele cidadão do povo, aquela mãe de família
ou aquela viúva que a esperava nos corredores do fórum com os mais
diversos pleitos, ora pra despachar um processo, ora para aceitar a
transferência de um preso, ora para sentenciar um alvará.
Como
Juíza foi espelho da sociedade a que esteve jurisdicionalmente integrada
e a ela não foi indiferente. Combateu o bom combate e deixa entre todos
nós, servidores, uma história de proximidade e amizade. Se Pombal
sentirá a sua falta, acredite, nós servidores sentiremos muito mais.
Em nome dos jurisdicionados e de todos os servidores do Fórum de Pombal, nosso muito obrigado por tudo!
Teófilo Júnior
Nenhum comentário:
Postar um comentário