quarta-feira, 31 de maio de 2017
Menina cita Convenção de Genebra ao criticar castigo de professora e vira sensação na web
Uma garota de 11 anos da Escócia acabou virando sensação na internet
depois que seu pai publicou, em seu perfil no Twitter, uma resposta
dela, citando a Convenção de Genebra para criticar os castigos coletivos
impostos por sua professora à classe.
Minha
filha realmente entregou esse feedback à escola. Não sei se eu deveria
deixá-la de castigo ou dar um sorvete pra ela”, afirmou Mason Cross, um
escritor britânico, ao compartilhar a foto da resposta da menina aos
seus seguidores, na manhã desta quinta-feira (25).
O
formulário que Ava, filha de Mason, precisou preencher pedia para os
alunos citarem “coisas que meus professores podem fazer melhor”. Em sua
resposta, ela disse: “Não aplicar punições coletivas, já que não é justo
para as muitas pessoas que não fizeram nada, e, pela Convenção de
Genebra de 1949, são um crime de guerra”.
A
publicação viralizou rápido. Em cerca de 12 horas, mais de 50 mil
pessoas haviam compartilhado a notícia. Dada a grande repercussão, ele
esclareceu que “ela acha a professora dela o máximo, é só com esse
aspecto do sistema de justiça educacional que ela tem um problema”.
Muitas
pessoas se espantaram com o fato de punições coletivas ainda serem
aplicadas em escolas, e outras questionaram Mason sobre o motivo pelo
qual ele cogitou deixar a garota de castigo. Em sua resposta, ele
afirmou que, apesar de a escola ter pedido o feedback dos alunos, e
apesar de o argumento dela ter sido legítimo, ela foi muito “atrevida”
em sua resposta.
terça-feira, 30 de maio de 2017
Sinal de SOS com pedras em região remota intriga polícia na Austrália
Um sinal de SOS feito com pedras em uma parte remota da Austrália
despertou o temor de que alguém, ou mais de uma pessoa, estaria perdido.
A mensagem foi avistada por um piloto de helicóptero em
Swift Bay, a cerca de 500 quilômetros (300 milhas) da cidade de Broome,
no Estado da Austrália Ocidental.
A polícia acessou o local pelo ar, devido à complexidade
da região, e realizou uma busca em terra. Mas não encontrou “qualquer
vestígio de atividade humana recente”. Apenas rastros de um acampamento.
As autoridades recorrem agora à ajuda da população em busca de pistas para esclarecer o caso.
“A polícia está tentando checar se há pessoas desaparecidas na região que precisam de assistência”, diz um comunicado.
De acordo com o sargento Peter Reeves, a mensagem poderia estar lá há anos.
“Há indícios de que pode ter havido alguém acampado lá
em algum momento, só não está claro há quanto tempo foi isso”, afirmou
Reeves à rádio Australian Broadcasting Corporation.
Em 2015, um turista britânico perdido em uma área remota
de Queensland, também na Austrália, foi resgatado após escrever uma
mensagem de SOS na areia.
Fonte: Terra
Saiba o que acontece em seu cérebro quando você lê poesia
Poesia são dardos em forma de palavras que vão direto para a parte
mais emocional do nosso cérebro. Há poemas que despertam um tsunami
emotivo real e nos arrepiam, como “A Primeira Elegia”, de Rainer Maria
Rilke, cujos versos dizem:
“A beleza é nada mais que o princípio do terrível,
Aquilo que somos apenas capazes de suportar,
Aquilo que admiramos porque serenamente deseja nos destruir,
Todo anjo é terrível. ”
Aquilo que somos apenas capazes de suportar,
Aquilo que admiramos porque serenamente deseja nos destruir,
Todo anjo é terrível. ”
Rilke descreveu o terror que sentimos
quando adquirimos um conhecimento mais amplo, o momento em que ficamos
mais conscientes de nossas limitações e da complexidade do mundo, e
percebemos tudo o que não entendemos, conscientes daquilo que nunca
iremos compreender. É uma possibilidade bela e sedutora, mas também
muito assustadora.
A poesia tem a capacidade de enviar poderosas mensagens emocionais e
ativar a reflexão, ainda que seja certo dizer que o maior prazer que
sentimos ao ler um poema, como quando desfrutamos de uma obra de arte,
não provém de uma reflexão profunda, mas de sensações que nós
experimentamos. Na verdade, Vladimir Nabokov disse que não se deve ler
com o coração ou com o cérebro, mas com o corpo.
Pesquisadores do
Instituto Max Planck de Estética Empírica se propuseram a explorar mais a
fundo as influências da poesia em nosso cérebro, e os resultados de seu
estudo são fascinantes.
A poesia gera mais prazer, a nível cerebral, que a música.
Pesquisadores
pediram a um grupo de pessoas, alguns liam poesia com frequência, para
ouvir poemas lidos em voz alta. Alguns dos poemas pertenciam a
conhecidos poetas alemães como Friedrich Schiller, Theodor Fontane e
Otto Ernst, apesar de que foi dada a opção para os participantes
escolherem algumas obras, incluindo autores como William Shakespeare,
Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich Nietzsche, Edgar Allan Poe, Paul
Celan e Rilke.
Enquanto os voluntários escutavam os poemas, os
pesquisadores registravam o ritmo cardíaco, expressões faciais e até
mesmo os movimentos dos pelos sobre a pele. Além disso, quando as
pessoas sentiam um arrepio, elas eram instruídas a avisar, pressionando
um botão.
Curiosamente, todas as pessoas, mesmo aquelas que não
tinham costume de ler poesia, relatavam calafrios em algum momento
durante e leitura, 40% sentiram arrepios várias vezes. Estas são
respostas similares àquelas que experimentamos quando escutamos música
ou assistimos a uma cena de um filme que gera grande ressonância
emocional.
No entanto, as respostas neurológicas estimuladas pela poesia eram únicas. Os dados mostraram que ao tomar contato com os poemas, partes do cérebro usualmente desativadas quando expostas ao estímulo de filmes e música foram despertadas.
Os neurocientistas descobriram que a poesia cria um estado que
chamaram de “pré-relaxamento”; ou seja, que provoca uma reação de prazer
gradativo a cada estrofe escutada. Na prática, ao invés da emoção nos
invadir repentinamente, como quando escutamos uma canção, a poesia gera
um crescendo emocional que começa até 4,5 segundos antes de sentirmos o
arrepio.
Curiosamente, esses picos emocionais ocorriam
especificamente em trechos dos versos, como no final das estrofes e,
acima de tudo, no final da poesia. É uma descoberta muito interessante,
especialmente considerando-se que 77% dos participantes que nunca tinha
escutado um poema também mostraram as mesmas reações e sinais
neurológicos que antecipavam os focos emocionais da leitura.
A poesia estimula a memória, facilita a introspecção e nos relaxa.
Neurocientistas
da Universidade de Exeter escanearam os cérebros de um grupo de
participantes enquanto liam conteúdos diferentes, desde um manual de
instalação de ar-condicionado, passando por diálogos de novela, até
sonetos e poemas.
Estes pesquisadores descobriram que o nosso
cérebro processa a poesia de forma diferente que a prosa. É ativada uma
“rede de leitura” peculiar que abraça diferentes áreas, entre elas,
aquelas responsáveis pelo processamento emocional, ativadas
fundamentalmente pela música.
Eles também perceberam que a poesia estimula áreas do cérebro
associadas com a memória, como o córtex cingulado posterior e o lobo
temporal médio, áreas que são despertadas quando estamos relaxados, ou
introspectivos.
Isto demonstra que existe algo muito especial na
estrutura do texto poético que gera prazer. Na verdade, a poesia é uma
expressão literária muito especial que transmite sentimentos,
pensamentos e ideias, praticando síntese métrica, trabalhando rimas e
aliteração.
Portanto, não faz mal inserir um poema por dia em nossa rotina.
Por Jennifer Delgado Suárez, psicóloga
Texto originalmente publicado no site Rincón de la Pscicología, traduzido e livremente adaptado pela equipe da Revista Pensar Contemporâneo.
Imagem de capa sdecoret/ via Shutterstock
A diferença que a visão faz
Em 1879, James Ritty, dono de um bar, recebeu a
patente de uma caixa registradora mecânica que havia projetado para
impedir que seus funcionários roubassem dinheiro da gaveta.
Ritty abriu uma empresa para deter a patente e
comercializar suas caixas registradoras. Infelizmente, conseguiu vender
apenas algumas centenas de unidades.
Quando outro comerciante, John Patterson, ofereceu
6.500 dólares pela empresa pela invenção patenteada, James ficou feliz
em vendê-las. Ritty e todos os homens de negócio acharam que Patterson
era um idiota visionário. Para eles, era inimaginável pagar tanto
dinheiro por uma invenção que tinha vendido tão pouco nos cinco anos em
que estivera no mercado.
Porém, Patterson tinha algo que Ritty e os demais negociantes não possuíam: visão.
Até sua morte, Patterson vendeu mais de 22 milhões de caixas
registradoras, e sua companhia se tornou uma das mais influentes
empresas de vendas e marketing que já existiu.
Prof. Menegatti
segunda-feira, 29 de maio de 2017
Deus é silêncio. O demônio é barulho
Corremos o risco de reduzir o sagrado mistério a bons sentimentos”, alertou o cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Em entrevista ao jornal francês “La Nef”, por ocasião da publicação do seu livro “A força do silêncio: contra a ditadura do barulho”, ele destacou que “o
silêncio não é uma ideia; é o caminho que permite aos seres humanos
chegarem a Deus. O silêncio sagrado é uma lei fundamental em toda a
celebração litúrgica. O Concílio Vaticano II enfatiza que o silêncio é
um meio privilegiado para se promover a participação do povo de Deus na
liturgia”.
No entanto, ele também observou que, “a pretexto de facilitar o
acesso a Deus, alguns gostariam que tudo na liturgia fosse imediatamente
inteligível, racional, horizontal e humano. Mas, desse modo, corremos o
risco de reduzir o mistério sagrado a bons sentimentos”.
E faz um questionamento pungente: “Com o pretexto da pedagogia,
alguns sacerdotes permitem inúmeros comentários que são insípidos e
mundanos. Esses pastores temem que o silêncio em presença do Altíssimo
desconcerte os fiéis? Acreditam que o Espírito Santo é incapaz de abrir
os corações aos divinos mistérios, derramando sobre eles a luz da graça
espiritual?”.
“Deus é silêncio e o demônio é barulho. Desde o
princípio, Satanás procurou esconder as suas mentiras sob uma agitação
falaciosa, ressonante”, afirmou o cardeal africano, prosseguindo: “O
barulho se tornou como uma droga da qual os nossos contemporâneos são
dependentes. Com sua festiva aparência, o barulho é um redemoinho que
impede cada pessoa de encarar a si mesma e enfrentar o vazio interior. É
uma mentira diabólica”.
Recuperar o sentido do silêncio, para o cardeal Robert Sarah, é uma “necessidade
urgente. A verdadeira revolução vem do silêncio. Ela nos dirige a Deus e
aos outros e, com ela, podemos colocar-nos humildemente a seu serviço
(…) O silêncio é o pano com que as nossas liturgias devem ser tecidas.
Nada nelas deveria interromper a atmosfera silenciosa, que é o seu clima
natural”.
O silêncio “expõe o problema da essência da liturgia. Quando nos
aproximamos da liturgia com o coração ruidoso, ela tem aparência humana,
superficial. O silêncio litúrgico é uma disposição radical e essencial;
é uma conversão do coração (…) Como podemos entrar nesta disposição
interior a não ser dirigindo o nosso olhar, todos juntos, sacerdote e
fiéis, para o Senhor que vem, para o oriente simbolizado pela abside,
onde o trono é a Cruz? (…) Se não for fisicamente possível celebrar ad
orientem, é absolutamente necessário pôr uma cruz no altar à plena
vista, como um ponto de referência para todos. Cristo na cruz é o
oriente cristão”.
Falando da sua recente afirmação sobre a “reforma da reforma”, o cardeal Sarah explicou que “a
liturgia sempre deve ser reformada a fim de ser mais fiel à sua
essência mística. O que é chamado de ‘reforma da reforma’, e que nós
talvez devamos chamar de ‘mútuo enriquecimento dos ritos’, para adotar
uma expressão do magistério de Bento XVI, é uma necessidade espiritual”.
O cardeal também lançou um apelo a não “desperdiçarmos o tempo contrastando uma liturgia com a outra, o rito de São Pio V com o do beato Paulo VI”, porque isso “é
prejudicar a nossa relação com Deus e a expressão da nossa fé cristã. O
diabo quer que estejamos uns contra os outros. É tempo de acabar com
esta desconfiança, desprezo e suspeita. É tempo de redescobrir um
coração católico. É tempo de redescobrir juntos a beleza da liturgia”.
____________
Com informações de ACI Digital
Picadinho de humor à mineira
· Muitos são os chamados; poucos os interurbanos obtidos.
· Tão afobado que, quando o sono chegava,
ele já estava dormindo.
· Moça muito prática: para ela não há
nada como um outro depois do dia.
· Resolveu passar uma borracha no passado.
Mas que rasura!!
· Infeliz é o touro mineiro: investe sem
juros e sem correção monetária.
· A moça fazendo cerimônia. Justo depois
do casamento.
· Morreu com todo o futuro pela frente. Era
um astrólogo.
· Mal intencionada mas no bom sentido.
· Gastou todo o salário-família em
anticoncepcionais.
· O corpo da criança foi encontrado coberto
de balas. E de drops.
· Pensava que a namorada era muito da
direitinha, muito da quietinha. Quando ele caiu na realidade ela estava caída ao lado
dele.
· Era o cow-boy mais beijado do Oeste mas
jamais ganhou um abraço. É que elas só o beijavam de mão-ao-alto.
· O soldado entrou na guerra com o pé
direito. Voltou com o esquerdo inteirinho.
· Aviso: proibido trazer mulheres de conduta
duvidosa a este hotel. Prestigiem a turma da casa.
· E o humorista, hem? Quando não tem
matéria ele apela para o espírito.
· Valente é o medroso no primeiro dia de
serviço.
· Mãe de verdade é aquela que de manhã
sai contando que o filhinho dormiu várias vezes durante a noite.
· Conselho de político mineiro: meu filho,
lembra-te que tu és pró.
· Antes do casamento: A minha direita está
vaga! Depois do casamento: À minha direita, esta vaca!
· O anão e a anã, quando se gostam, se
completam?
· Mulher de vida alegre é a que mora na rua
da amargura?
· Quando a mulher chata morre de repente, o
marido pode ser cometido de um bem súbito?
· — Despista, turma. Lá vem o David
com aqueles salmos.
· — Eu não sou dessas que andam por
aí, não. Eu paro.
· — Fecharam o motel lá na Barra.
Fiquei em maus lençóis.
Dirceu Alves Ferreira
Fé
Benditas sejam todas as palavras ditas em silêncio. Porque não há força maior que a fé, nem voz mais alta que a oração.
domingo, 28 de maio de 2017
O casamento e a cegonha
Os pais da noiva tinham resolvido que
o casamento da filha se faria ali mesmo, na chácara, à boa moda
antiga, com mesada de doces, churrasco, muita empada, leitoa, frango
assado, boas comidas e abundantes bebidas.
Armou-se o altar na sala da frente. Cobriu-se a mesa do civil com um lindo atoalhado de plástico. Vieram os convidados. Veio o vigário, veio o juiz e veio o escrivão. Testemunhas e a roda dos parentes. Fizeram o casamento. A moça sempre fora alta, grandalhona, fornida de carnes e de bons quartos. Naquele vestido branco, rodado, de babados subindo e descendo, de véu e grinalda, inda mais reforçada parecia.
Como a festança era mesmo de arromba, fogos pipocando, música chegando e muita gente entrando e saindo, ninguém mais reparou nos noivos que depois de posarem para o retrato de praxe, na cabeceira da mesa e de cortarem juntos o bolo artístico, se misturaram com os convidados e cada qual se achou à vontade e sem constrangimento.
O juiz e o vigário deixaram-se ficar numa roda de amigos, conversando com advogados, escrivães, gente do foro.
O baile tinha começado. A moçada saracoteava alegre. Os que não eram de dança, rodeavam a mesa posta, com pratos, copos e garrafas. Espetos de churrasco e bandas de leitão se cruzavam por todos os lados.
Boas comidas, muita bebida e os donos da casa pondo o pessoal à vontade, incansáveis, não cabendo em si de contentes com o casamento daquela primeira filha. Nada alegra tanto o coração da criatura como mesa posta, carne assada, bebidas de graça e falta de cerimônia. Quem contestar esta verdade simples, não merece dois vinténs de crédito.
Bem por isso mesmo diz o caboclo: a alegria vem das tripas — barriga cheia, coração alegre. O que é pura verdade.
A orquestra assoprava valsas e boleros com furor. Os pares girando. Os namorados namorando. Os que não dançavam se encostavam pelas mesas e, quem já estava farto, fazia roda, bebia café, fumava cigarro e contava piadas.
Quando a festança ia mais animada, lá pelas tantas, ouviu-se um corre-corre pelos quartos e corredores.
Logo mais aparecia na sala o dono da casa, ansioso e afobado, se desculpando e pedindo ao juiz e ao vigário fazerem o favor de acabar com a festa porque a noiva estava com dor de parto e a assistente já tinha chegado...
“Isto é que se chama aproveitar o tempo”, comentou um convidado, “numa só festa, casa a filha e chega a cegonha...”
Armou-se o altar na sala da frente. Cobriu-se a mesa do civil com um lindo atoalhado de plástico. Vieram os convidados. Veio o vigário, veio o juiz e veio o escrivão. Testemunhas e a roda dos parentes. Fizeram o casamento. A moça sempre fora alta, grandalhona, fornida de carnes e de bons quartos. Naquele vestido branco, rodado, de babados subindo e descendo, de véu e grinalda, inda mais reforçada parecia.
Como a festança era mesmo de arromba, fogos pipocando, música chegando e muita gente entrando e saindo, ninguém mais reparou nos noivos que depois de posarem para o retrato de praxe, na cabeceira da mesa e de cortarem juntos o bolo artístico, se misturaram com os convidados e cada qual se achou à vontade e sem constrangimento.
O juiz e o vigário deixaram-se ficar numa roda de amigos, conversando com advogados, escrivães, gente do foro.
O baile tinha começado. A moçada saracoteava alegre. Os que não eram de dança, rodeavam a mesa posta, com pratos, copos e garrafas. Espetos de churrasco e bandas de leitão se cruzavam por todos os lados.
Boas comidas, muita bebida e os donos da casa pondo o pessoal à vontade, incansáveis, não cabendo em si de contentes com o casamento daquela primeira filha. Nada alegra tanto o coração da criatura como mesa posta, carne assada, bebidas de graça e falta de cerimônia. Quem contestar esta verdade simples, não merece dois vinténs de crédito.
Bem por isso mesmo diz o caboclo: a alegria vem das tripas — barriga cheia, coração alegre. O que é pura verdade.
A orquestra assoprava valsas e boleros com furor. Os pares girando. Os namorados namorando. Os que não dançavam se encostavam pelas mesas e, quem já estava farto, fazia roda, bebia café, fumava cigarro e contava piadas.
Quando a festança ia mais animada, lá pelas tantas, ouviu-se um corre-corre pelos quartos e corredores.
Logo mais aparecia na sala o dono da casa, ansioso e afobado, se desculpando e pedindo ao juiz e ao vigário fazerem o favor de acabar com a festa porque a noiva estava com dor de parto e a assistente já tinha chegado...
“Isto é que se chama aproveitar o tempo”, comentou um convidado, “numa só festa, casa a filha e chega a cegonha...”
Cora Coralina
Texto extraído do livro "Estória da Casa Velha da Ponte", Global Editora — São Paulo, 2001, pág. 53
O ponto
Foto: Joedson Alves / EFE
Pode-se até fantasiar que um dia deputados, senadores e governantes dispensarão seus salários e viverão exclusivamente de propinas, ou do que ganham nos seus pontos
Um dia o Internacional anunciou a contratação de um grande goleiro. Um
goleiro tão bom que muita gente estranhou. Como um jogador
extraordinário assim acabara no Inter, e — pelo que se soube — por muito
pouco dinheiro?
Mais estranho ainda: o grande goleiro não pedira um grande salário. Aí
alguém se lembrou de boatos que corriam sobre o jogador, que ele era um
entregador de partidas, um incorrigível subornável. E concluíram que ele
não se interessava pelo que ganharia no Inter, se interessava pelo que
ganharia de adversários no gol do Inter, deixando passar bolas
defensáveis. Se interessava pelo ponto.
São tantos os escândalos envolvendo políticos no Brasil, tanto dinheiro
rolando e tantos favores sendo vendidos, que se pode pensar em mandatos
e cargos públicos não como oportunidades de servir à população, mas
como pontos.
Quanto mais influente e destacado na hierarquia do poder, melhor
localizado e lucrativo o ponto do político. E corretores de jogo do
bicho, vendedores de drogas, mendigos e prostitutas sabem como é
importante um bom ponto.
Pode-se até fantasiar que um dia deputados, senadores e governantes
dispensarão seus salários e viverão exclusivamente de propinas, ou do
que ganham nos seus pontos.
O que, além de acabar com toda retórica vazia sobre razões nobres para
se eleger e servir à nação, trará um grande alívio para os cofres
públicos.
A Odebrecht e as outras grandes empresas corruptoras se encarregariam
de pagar aos políticos, para cada um de acordo com a localização do seu
ponto.
Quanto ao tal goleiro do Inter, só para não deixar a história pela
metade — o clube chegou a montar um esquema para vigiá-lo dia e noite.
Mas as suspeitas a seu respeito não se confirmaram. Pelo contrario, o
Inter deve boa parte do seu sucesso na época às suas defesas. Ele era
inocente. O que se pode dizer de cada vez menos políticos brasileiros.
Luís Fernando Veríssimo
O “Capitão do Mato” Vinícius de Moraes
Eu ia colocar o nome de Monteiro Lobato
no título desta pequena crônica, mas achei que não valia a pena. Afinal
de contas, ele é um caso especial: não há dúvida sobre o racismo de
nosso mais famoso autor infanto-juvenil. Como exemplos maiores, temos o
final de Urupês, onde a miscigenação é condenada na
apresentação do polêmico personagem Jeca Tatu — que depois tornou-se o
pobre esquecido por um governo omisso — mas que antes fora apenas um
caboclo inferior e inapto. Para o autor, o caboclo era um “funesto
parasita da terra”, “seminômade, inadaptável à civilização”. Tá bom.
Se isso já era público, em 2011 foi
divulgada uma carta do escritor enviada a Arthur Neiva em 10 de abril de
1928, e publicada na revista Bravo! em maio de 2011. Ali temos Lobato defender a Ku Klux Klan e seus ideais.
“País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Ku-Klux-Klan, é país perdido para altos destinos […] Um dia se fará justiça a Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca — mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”.
Mas hoje estava pensando no branco mais
negro do Brasil, aquele que paradoxalmente se auto-denominava “Capitão
do Mato Vinicius de Moraes”. Durante o império, ou melhor, durante a
época da escravatura, o capitão do mato era um empregado
público, uma espécie de policial encarregado de reprimir os pequenos
delitos ocorridos no campo. Na sociedade escravocrata brasileira, sua
principal tarefa era a de capturar os escravos fugidos.
Normalmente eles eram escravos libertos,
o que fazia com que fossem superiores tanto aos escravos e como aos
pobres livres, porém ainda assim ficavam na última categoria como
empregado público. Por serem em maioria de origem escrava, eram odiados
pelos cativos, já que um dia os capitães tinham pertencido a mesma
posição social que eles.
Geralmente formavam grupos que variavam
de acordo com a quantidade de escravos fugitivos, trabalhando em
conjunto com as forças militares da colônia. A função deles era impedir a
fuga de escravos e capturar os que conseguissem fugir, então tinha
dupla função: a de amedrontar e de reprimir. Não, não tinham a menor
nobreza.
Com o tempo, a expressão capitão do mato passou
a incluir aquelas pessoas que não eram funcionárias públicas, mas que,
para ganhar uma grana, passaram a procurar fugitivos para depois
entregá-los aos seus donos mediante prêmio.
O capitão do mato gozava de nenhum
prestígio social, seja entre os negros que tinham neles os seus inimigos
naturais, seja na sociedade escravocrata, que suspeitava que eles
sequestravam escravos apanhados ao acaso, esperando vê-los declarados em
fuga para depois devolvê-los contra recompensa.
Agora, que brincadeira foi essa de
Vinícius — que cantava sambas, fazia a apologia do negro e ainda seguia
religião africana — ter apelidado a si mesmo de capitão do mato?
Olhem só este trecho do Samba da Bênção:
Eu, por exemplo, o capitão do mato
Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata
O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!
A bênção, Senhora
A maior ialorixá da Bahia
Terra de Caymmi e João Gilberto
A bênção, Pixinguinha
Tu que choraste na flauta
Todas as minhas mágoas de amor
A bênção, Sinhô, a benção, Cartola
A bênção, Ismael Silva
Sua bênção, Heitor dos Prazeres
A bênção, Nelson Cavaquinho
A bênção, Geraldo Pereira
A bênção, meu bom Cyro Monteiro
Você, sobrinho de Nonô
A bênção, Noel, sua bênção, Ary
A bênção, todos os grandes
Sambistas do Brasil
Branco, preto, mulato
Lindo como a pele macia de Oxum
A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que já viajaste tantas canções comigo
E ainda há tantas por viajar
A bênção, Carlinhos Lyra
Parceiro cem por cento
Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
A bênção, a bênção, Baden Powell
Amigo novo, parceiro novo
Que fizeste este samba comigo
A bênção, amigo
A bênção, maestro Moacir Santos
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Sebastião
Saravá! A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus
Se alguém souber me explicar, por favor.
Do Blog do Milton Ribeiro
Traduzir poesia
(Dr. Samuel Johnson)
Uma das
tarefas mais educativas para ensinar a alguém as funções de linguagem
(as possibilidades-de-dizer-algo contidas na linguagem) é mandar que
traduzam um poema.
Isso requer que a pessoa tenha um domínio razoável dos dois idiomas, e que tenha sensibilidade para a linguagem poética. Só com isso, creio, eliminamos 90% da humanidade, mas a escassez de amostras não invalida o experimento.
São experiências espirituais que só uma minoria pode conhecer, mas, paciência, de experiências majoritárias o mundo está cheio – caso alguém as prefira.
A poesia se baseia em grande parte nas refrações do dizer. Ficou meio pomposa esta frase, mas posso explicar. Na prosa pedestre, esta que estou escrevendo agora, o sentido passa pelas palavras como a luz por uma vidraça. O que A tenta dizer é (quase) igual ao que B julga ter compreendido. Na linguagem poética, o sentido se subdivide e se irradia através daquela palavra, subdividindo-se em outros sentidos, como a luz passando através de um prisma.
Cada palavra funde suas luzes às luzes das palavras vizinhas, produzindo misturas luminosas inesperadas. Cada vez que a gente relê a frase ela parece estar querendo dizer uma coisa diferente.
Se entender isso na língua da gente já coloca um problema, o que dizer então de passar isso para outro idioma? Como ter certeza (não se pode ter; nunca) de que a leitura daqueles versos de Cecília Meireles ou de Carlos Pena Filho, em italiano ou búlgaro, vai produzir o mesmo efeito que eles tinham em português?
O sentido central de cada palavra é contaminado por contextos culturais, contextos de época, sentidos secundários ou subliminares que nos dão essa sensação de que o sujeito diz uma coisa mas pode estar dizendo outra. Dependendo de uma porção de ênfases de leitura que estão na mente do leitor, e somente ali.
O Dr. Samuel Johnson, o grande lexicógrafo inglês, disse:
“A poesia não pode ser traduzida. E portanto são os poetas que preservam os idiomas. Porque nós não nos daríamos ao trabalho de aprender outra língua se pudéssemos ter, em tradução, tudo que foi escrito nela. Mas as belezas da poesia não podem ser preservadas em nenhuma língua a não ser naquela em que foram originalmente escritas; e portanto, temos que aprender essa língua”.
Não vou tão longe quanto o doutor. Isso que ele diz é válido, mas somente para os 10% da humanidade referidos no primeiro parágrafo. Sempre penso que nunca li de verdade dois dos meus poetas preferidos. Como não sei alemão nem russo, nunca li Brecht ou Maiakóvski no original. Uma grande parte, uma parte importante da experiência estética dessa poesia continua inacessível para mim, e deve continuar, porque não tenho planos de vir a estudar essas línguas.
Não tenho a pertinácia de Ezra Pound, que se dispôs a aprender o português somente para ler Os Lusíadas, mas saber deste detalhe biográfico aumentou muito meu respeito pelas suas opiniões poéticas.
Isso requer que a pessoa tenha um domínio razoável dos dois idiomas, e que tenha sensibilidade para a linguagem poética. Só com isso, creio, eliminamos 90% da humanidade, mas a escassez de amostras não invalida o experimento.
São experiências espirituais que só uma minoria pode conhecer, mas, paciência, de experiências majoritárias o mundo está cheio – caso alguém as prefira.
A poesia se baseia em grande parte nas refrações do dizer. Ficou meio pomposa esta frase, mas posso explicar. Na prosa pedestre, esta que estou escrevendo agora, o sentido passa pelas palavras como a luz por uma vidraça. O que A tenta dizer é (quase) igual ao que B julga ter compreendido. Na linguagem poética, o sentido se subdivide e se irradia através daquela palavra, subdividindo-se em outros sentidos, como a luz passando através de um prisma.
Cada palavra funde suas luzes às luzes das palavras vizinhas, produzindo misturas luminosas inesperadas. Cada vez que a gente relê a frase ela parece estar querendo dizer uma coisa diferente.
Se entender isso na língua da gente já coloca um problema, o que dizer então de passar isso para outro idioma? Como ter certeza (não se pode ter; nunca) de que a leitura daqueles versos de Cecília Meireles ou de Carlos Pena Filho, em italiano ou búlgaro, vai produzir o mesmo efeito que eles tinham em português?
O sentido central de cada palavra é contaminado por contextos culturais, contextos de época, sentidos secundários ou subliminares que nos dão essa sensação de que o sujeito diz uma coisa mas pode estar dizendo outra. Dependendo de uma porção de ênfases de leitura que estão na mente do leitor, e somente ali.
O Dr. Samuel Johnson, o grande lexicógrafo inglês, disse:
“A poesia não pode ser traduzida. E portanto são os poetas que preservam os idiomas. Porque nós não nos daríamos ao trabalho de aprender outra língua se pudéssemos ter, em tradução, tudo que foi escrito nela. Mas as belezas da poesia não podem ser preservadas em nenhuma língua a não ser naquela em que foram originalmente escritas; e portanto, temos que aprender essa língua”.
Não vou tão longe quanto o doutor. Isso que ele diz é válido, mas somente para os 10% da humanidade referidos no primeiro parágrafo. Sempre penso que nunca li de verdade dois dos meus poetas preferidos. Como não sei alemão nem russo, nunca li Brecht ou Maiakóvski no original. Uma grande parte, uma parte importante da experiência estética dessa poesia continua inacessível para mim, e deve continuar, porque não tenho planos de vir a estudar essas línguas.
Não tenho a pertinácia de Ezra Pound, que se dispôs a aprender o português somente para ler Os Lusíadas, mas saber deste detalhe biográfico aumentou muito meu respeito pelas suas opiniões poéticas.
Bráulio Tavares
Mundo Fantasmo
Frase
"Com
muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando
compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos
quarenta anos de vida, aprender a ficar calado"
Millôr Fernandes
Millôr Fernandes
sábado, 27 de maio de 2017
As Mulheres Não São Humanas
Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas.
São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós. Pare para refletir sobre o sexto-sentido. Alguém duvida de que ele exista?
E
como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes,
em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você? E quando ela
antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente
ou que você quer terminar o relacionamento?
E quando ela diz que
vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus,
você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de voo. Ela fala pra
você levar um casaco, porque “vai fazer frio”. Você não leva. O que
acontece?
O
avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que
você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo
de tanto frio que faz lá dentro!
“Leve um sapato extra na mala, querido. Vai que você pisa numa poça…” Se você não levar o “sapato extra”, meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado…
O sexto-sentido não faz sentido! É a comunicação direta com Deus! Assim é muito fácil…
As mulheres são mães! E preparam, literalmente, gente dentro de si. Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?
E
não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de
forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade
integral.
Fala-se em “praga de mãe”, “amor de mãe”, “coração de mãe”…
Tudo
isso é meio mágico… Talvez Ele tenha instalado o dispositivo “coração
de mãe” nos “anjos da guarda” de Seus filhos (que, aliás, foram criados à
Sua imagem e semelhança). As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravasam?
Homens
também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm
um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um
não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito
devastador sobre os homens…
É choro feminino. É choro de mulher…
Já viram como as mulheres conversam com os olhos Elas conseguem pedir
uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar. Elas fazem um
comentário sarcástico com outro olhar. E apontam uma terceira pessoa com
outro olhar.
Quantos tipos de olhar existem?
Elas conhecem todos… Parece que
frequentam escolas diferentes das que frequentam os homens! E é com um
desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.
EN-FEI-TI-ÇAM!
E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas?
Para estudar os homens, é claro! Embora algumas disfarcem e estudem Exatas…
Nem
mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como
poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era “um continente
obscuro”. Quer evidência maior do que essa? Qualquer um que ama se
aproxima de Deus. E com as mulheres também é assim.
O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso
dizem “estar nas nuvens”, quando apaixonadas. É sabido que as mulheres
confundem sexo e amor. E isso seria uma falha, se não obrigasse os
homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida. Pena
que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado. Com todo esse
amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do
tempo.
Mas elas são anjos depois do sexo-amor. É nessa hora que
elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos. E levitam.
Algumas até voam. Mas os homens não sabem disso. E nem poderiam. Porque
são tomados por um encantamento que os faz dormir nessa hora.
Luís Fernando Veríssimo
A demissão da formiga desmotivada
“Todos os dias, uma formiga chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho. A formiga era produtiva e feliz.
O
gerente marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão. Se ela
era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada.
E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita
experiência, como supervisora.
A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga.
Logo,
a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os
relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e
controlar as ligações telefônicas.
O marimbondo ficou encantado
com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e
análise das tendências que eram mostradas em reuniões.
A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida.
Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela movimentação de papéis e reuniões!
O
marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a
área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava. O cargo foi dado a
uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma
cadeira especial…
A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma
assistente a pulga (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a
preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento
para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e
cada dia se tornava mais chateada.
A cigarra, então, convenceu o
gerente marimbondo, que era preciso fazer uma pesquisa de clima. Mas, o
marimbondo, ao rever as finanças, se deu conta de que a unidade na qual a
formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma
prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da
situação.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu
um volumoso relatório, com vários volumes que concluía: Há muita gente
nesta empresa!
E adivinha quem o marimbondo mandou demitir?
A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.”
Autor desconhecido
Você me enche saco!"
Todos os dias ela estava ali!
Todos os dias ela perguntava se eu estava bem!
Todos os dias ela dizia que me amava!
Todos os dias ela esperava um gesto de carinho!
Todos os dias ela se arrumava esperando um elogio!
Todos os dias ela sonhava com o meu sorriso,sim aquele sorriso que eu nunca dava quando estava perto dela!
Todos os dias ela esperava um abraço sem motivos!
Todos os dias ela perguntava se eu estava bem!
Todos os dias ela dizia que me amava!
Todos os dias ela esperava um gesto de carinho!
Todos os dias ela se arrumava esperando um elogio!
Todos os dias ela sonhava com o meu sorriso,sim aquele sorriso que eu nunca dava quando estava perto dela!
Todos os dias ela esperava um abraço sem motivos!
"Hoje resolvi abraça-la e senti apenas um corpo gelado que nada tinha haver com o dela.
Hoje a mulher da minha vida se foi,como eu gostaria de poder dizer o quanto eu a amava e poder me despedir.
Hoje que fui perceber que ELA NÃO ME ENCHIA O SACO,ELA ME AMAVA!
A única certeza que temos na vida é que a qualquer momento podemos partir sem aviso prévio,então valorize quem está ao seu lado porq não sabemos quanto tempo ainda nos resta pra isso
Gabriela Souza
Hoje a mulher da minha vida se foi,como eu gostaria de poder dizer o quanto eu a amava e poder me despedir.
Hoje que fui perceber que ELA NÃO ME ENCHIA O SACO,ELA ME AMAVA!
A única certeza que temos na vida é que a qualquer momento podemos partir sem aviso prévio,então valorize quem está ao seu lado porq não sabemos quanto tempo ainda nos resta pra isso
Gabriela Souza
Somos donos dos nossos atos
mas não donos dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos
mas não pelo que sentimos.
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos.
Atos são pássaros engaiolados.
Sentimentos são pássaros em voo.
mas não donos dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos
mas não pelo que sentimos.
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos.
Atos são pássaros engaiolados.
Sentimentos são pássaros em voo.
A guerra dos palhaços
Um vez dois palhaços se puseram a discutir. As pessoas paravam, divertidas, a vê-los.
– É o quê?, perguntavam
– Ora, são apenas dois palhaços discutindo.
Quem
os podia levar a sério? Ridículos, os dois cômicos ripostavam. Os
argumentos eram simples disparates, o tema era uma ninharice. E
passou-se um inteiro dia. Na manhã seguinte, os dois permaneciam,
excessivos e excedendo-se.
Parecia que, entre eles, se azedava a
mandioca. Na via pública, no entanto, os presentes se alegravam com a
mascarada. Os bobos foram agravando os insultos, em afiadas e afinadas
maldades. Acreditando tratar-se de um espetáculo, os transeuntes
deixavam moedinhas no passeio.
No terceiro dia, porém, os palhaços
chegavam a vias de facto. As chapadas se desajeitavam, os pontapés
zumbiam mais no ar que nos corpos. A rniudagem se divertia, imitando os
golpes dos saltimbancos. E riam-se dos disparatados, os corpos em si
mesmos se tropeçando. E os meninos queriam retribuir a gostosa bondade
dos palhaços.
– Pai, me dê as moedinhas para eu deitar no passeio.
No
quarto dia, os golpes e murros se agravaram. Por baixo das pinturas, o
rosto dos bobos começava a sangrar. Alguns meninos se assustaram. Aquilo
era verdadeiro sangue?
– Não é a sério, não se aflijam,
sossegaram os pais. Em falha de trajetória houve quem apanhasse um
tabefe sem direção. Mas era coisa ligeira, só servindo para aumentar os
risos. Mais e mais gente se ia juntando.
– O que se passa?
Nada. Um ligeiro desajuste de contas. Nem vale a pena separá-los. Eles se cansarão, não passa o caso de uma palhaçada.
No
quinto dia, contudo, um dos palhaços se muniu de ‘um pau. E avançando
sobre o adversário lhe desfechou um golpe que lhe arrancou a cabeleira
postiça. O outro, furioso, se apetrechou de simétrica matraca e
respondeu na mesma desmedida. Os varapaus assobiaram no ar, em tonturas
e volteios. Um dos espectadores, inadvertidamente, foi atingido. O
homem caiu, esparramorto.
Levantou-se certa confusão. Os ânimos se dividiram.
Aos poucos, dois campos de batalha se foram criando. Vários grupos cruzavam pancadarias. Mais uns tantos ficaram caídos.
Entrava-se na segunda semana e os bairros em redor ouviram dizer que
uma tonta zaragata se instalara em redor de dois palhaços. E que a
coisa escarainuçara toda a praça. E a vizinhança achou graça. Alguns
foram visitar a praça para confirmar os ditos. Voltavam com
contraditórias e acaloradas versões. A vizinhança se foi dividindo, em
opostas opiniões. Em alguns bairros se iniciaram conflitos.
No
vigésimo dia se começaram a escutar tiros. Ninguém sabia exatamente de
onde provinham. Podia ser de qualquer ponto da cidade. Aterrorizados,
os habitantes se armaram. Qualquer movimento lhes parecia suspeito. Os
disparos se generalizaram.
Corpos de gente morta começaram a se acumular nas ruas. O terror dominava toda a cidade. Em breve, começaram os massacres.
No
princípio do mês, todos os habitantes da cidade haviam morrido. Todos
exceto os dois palhaços. Nessa manhã, os cômicos se sentaram cada um em
seu canto e se livraram das vestes ridículas. Olharam-se, cansados.
Depois, se levantaram e se abraçaram, rindo-se a bandeiras despregadas.
De braço dado, recolheram as moedas nas bermas do passeio. Juntos
atravessaram a cidade destruída, cuidando não pisar os cadáveres. E
foram à busca de uma outra cidade.
Mia Couto
A morte devagar
Morre lentamente quem não troca de ideias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre
lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo
trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca,
não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre
lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário.
Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos
podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz
informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14
polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem
evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um
turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos
olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no
trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem
não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre
lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é
doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem
não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não
estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então
um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre
lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva
incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando
sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o
que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e
traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito
destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã,
portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar
um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações,
lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que
simplesmente respirar.
– Martha Medeiros, crônica publicada originalmente no jornal ‘Zero Hora’,
sexta-feira, 26 de maio de 2017
Poética
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinicius de Moraes
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinicius de Moraes
Mitologia dos pés
Mário
Quintana dizia que os fiéis beijam os pés de um santo por saberem que são eles
a sua parte mais santificada, a que o levou pelo mundo afora. Os pés o
conduziram pelas estradas, o levaram ao encontro do mundo, dos pobres, dos
pecadores.
Se não botasse os pés pra trabalhar, o pretendente a santo teria se deixado ficar eternamente no bem-bom da própria casa, teorizando sobre o mundo e a graça divina. Nunca seria santo; seria um desses pecadores anódinos que não fedem nem cheiram, incapazes de fazer mal a um corpo e de salvar uma alma.
Se não botasse os pés pra trabalhar, o pretendente a santo teria se deixado ficar eternamente no bem-bom da própria casa, teorizando sobre o mundo e a graça divina. Nunca seria santo; seria um desses pecadores anódinos que não fedem nem cheiram, incapazes de fazer mal a um corpo e de salvar uma alma.
Vejam
aquela antiga maldição dos contos populares, da moça que era condenada a sair
andando pelo mundo até gastar dez pares de sapatos de ferro. Primeiro pelo peso
e o desconforto, é óbvio; depois pela terrível perspectiva temporal dessa
caminhada, um castigo de muitos séculos, até que os solados de metal fossem
desgastados pela caminhada incessante.
Era o castigo da soberba, da indiferença pelo mundo. Vai ter que caminhar, minha filha; “caia na estrada e perigas ver”. Tua maldade é a da ignorância, a de quem se fecha para a existência. Dez sapatos de ferro. Quando puderes finalmente tocar no chão com a planta lisa do pé terás aprendido o que é o mundo.
Era o castigo da soberba, da indiferença pelo mundo. Vai ter que caminhar, minha filha; “caia na estrada e perigas ver”. Tua maldade é a da ignorância, a de quem se fecha para a existência. Dez sapatos de ferro. Quando puderes finalmente tocar no chão com a planta lisa do pé terás aprendido o que é o mundo.
Castigo
parecido ao que recebeu a Sereiazinha do conto de Andersen, que queria ser uma
moça normal, queria sair do mar para a terra e namorar um príncipe. Seu pedido
é atendido, ela perde o rabo de peixe, ganha um par de pernas; mas para que não
esqueça sua condição vai ter que sentir agulhadas dolorosas na sola dos pés
cada vez que os pousa no chão.
Para lembrar sempre que não é dali, que escolheu vir à terra sabendo que ela a faria sofrer. Para lembrar que é estrangeira, que é de um mundo diferente. “Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho; alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho”. Quem vem de longe vem pra sofrer, quem pisa em terra alheia pisa chapa quente.
Para lembrar sempre que não é dali, que escolheu vir à terra sabendo que ela a faria sofrer. Para lembrar que é estrangeira, que é de um mundo diferente. “Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho; alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho”. Quem vem de longe vem pra sofrer, quem pisa em terra alheia pisa chapa quente.
Os
torturadores da Inquisição mandavam o indivíduo suspeito caminhar dez metros,
descalço, por cima de brasas; se não se queimasse seria absolvido.
Talvez porque estivessem à procura de líderes espírituais, aqueles já tão calejados que andariam na brasa ardente como se fosse uma grama orvalhada. Uma maneira prática de distinguir os espíritos evoluídos, os mais perigosos, os que valeria a pena executar ou seduzir.
Talvez porque estivessem à procura de líderes espírituais, aqueles já tão calejados que andariam na brasa ardente como se fosse uma grama orvalhada. Uma maneira prática de distinguir os espíritos evoluídos, os mais perigosos, os que valeria a pena executar ou seduzir.
A marca da sola dos nossos pés é a nossa
verdadeira impressão digital. A que traz, não a herança com que nascemos, mas o
acumulado da nossa experiência, dos nossos caminhos, dos ferimentos que
recebemos e curamos. Quanto mais castigados os nossos pés, mais alto teremos
subido e mais marcas teremos deixado no mundo que ficou para trás.
Bráulio Tavares
Bráulio Tavares
Mundo Fantasmo
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
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